Mudanças climáticas podem matar?
Excesso de urbanização contribuiu para que ficássemos mais gordos, ansiosos, doentes. No geral, somos mais sedentários
Paulo Saldiva | Médico e pesquisador USP
Sabia que as variações de calor induzidas pelo homem, são responsáveis por cerca de 5 milhões de mortes precoces por ano em todo o mundo?
O excesso de urbanização contribuiu para que ficássemos mais gordos, ansiosos, doentes. No geral, somos mais sedentários: andamos de carro, usamos escada rolante ou elevador, comemos errado. As mudanças climáticas, resultado da ação humana e da poluição, são causas de adoecimento e morte. A urbanização excessiva e a ausência de verde nas cidades geram ainda ilhas de calor urbano. Essas variações de
calor induzidas pelo homem são responsáveis por cerca de 5 milhões de mortes precoces por ano em todo o mundo por doenças como infarto do miocárdio, AVC (Acidente Vascular Cerebral), pneumonia em criança e idoso. Elas não morrem por causa do calor ou do frio, mas por doenças associadas a este fenômeno. Nosso sistema de termorregulação não consegue acompanhar a velocidade das mudanças
climáticas.
Qual a mensagem da área da saúde para os cuidados com o meio ambiente?
Quando a gente pega dados que mostram que 5 milhões de pessoas no mundo morrem precocemente por causa da mudança climática e 10 milhões de mortes ocorrem todos os anos por doenças relacionadas à poluição de ar por ano, sustentabilidade se torna um problema de saúde. São muitas mortes. A mensagem
maior é tornar a sociedade protetora do ser humano. Se você começar a caminhar mais a pé ou de bicicleta pela cidade, você vai reduzir a emissão de poluentes e também vai melhorar sua função cardiovascular, reduzir o risco de osteoporose e sua saúde mental vai melhorar. É mostrar que uma política de parques não deixa a cidade só mais bonita: ela reduz as ilhas de calor, as árvores funcionam como
absorvedoras de poluição e o risco de morte por infarto cai na medida em que as pessoas conseguem utilizar os parques. Atitudes simples mas que mudam vidas.
Cristiane Santos, Agência Einstein