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Notícias | Novo Hamburgo Crise no RS

Entenda o que levou os professores do Estado à greve

Continuidade da paralisação foi confirmada pelo Cpers na sexta-feira; docentes aguardam assembleia

Por Bianca Dilly
Publicado em: 25.11.2019 às 07:00 Última atualização: 25.11.2019 às 08:04

Foto por: Débora Ertel/GES-Especial
Descrição da foto: Manifestação de professores, alunos e funcionários de escolas estaduais semana passada
Quase 50 meses depois do início dos parcelamentos e atrasos de salários, as contas dos professores da rede estadual de ensino viraram uma bola de neve. Eles não sabem mais em que dias recebem seu pagamento, porque é variável. Já perderam de vista as vezes em que tiveram que alterar a data de vencimento dos boletos, pois nunca têm a certeza de que o dinheiro para quitá-los terá chegado. O contracheque de outubro, por exemplo, começou a ser recebido apenas no início da semana passada. E há profissionais que vão terminar de vê-lo chegar à conta bancária somente em dezembro. Enquanto isso, as cobranças não falham.

A situação da diretora do Colégio Ignácio Christiano Plangg, Magda Schaeffer, e de seus colegas é essa. Mas, segundo ela, não é o único motivo que levou a categoria à greve desde o início da semana passada. O anúncio do pacote Reforma RS, no dia 13 de novembro, proposto pela equipe do governador Eduardo Leite, altera carreiras de servidores e implementa novas regras previdenciárias. "A sociedade precisa entender que há outras formas de recuperar o Estado. Não é o sacrifício dos professores que vai pagar as contas do Rio Grande do Sul. Está na hora de outros segmentos contribuírem", diz.

A docente explica que realiza malabarismos para não deixar responsabilidades financeiras em aberto. "A gente se dedica primeiro a uma conta, vai pedindo auxílio e chega a ir no banco para 'cobrar' o nosso salário, pedindo o adiantamento e deixando juros para eles", relata. O 13º salário, por exemplo, era parcelado em dez vezes. Agora, Magda explica que deve receber em 12 parcelas. "Não somos privilegiados, como a sociedade pensa", acrescenta.

Preocupação

Para a diretora da Escola Leopoldo Petry, Carla Menezes, a realidade é crítica. "A gente está perdendo muita coisa e está todo mundo bem apreensivo. O que nos afeta muito são os triênios, a questão da aposentadoria e da unidocência", explica. Este último caso ocorre quando um único professor leciona todos os conteúdos. A falta de diálogo com a categoria é o principal problema apontado pela diretora da Escola Otávio Rosa, Ana Maria Rodrigues. "O professor, que é a parte essencial desse processo, pouco é chamado para expor as necessidades dele. O governo monta planos como se fosse proprietário do fazer diário do professor, sem conhecer a realidade de cada escola estadual", frisa.

Outras categorias também podem ser afetadas

O Sindicato de Servidores de Nível Superior (Sintergs) tem assembleia a partir das 16 horas de amanhã, na Praça da Matriz, mesma data em que definiu iniciar a paralisação das atividades. Representantes da Brigada e dos Bombeiros também reivindicam.

Escolas mantêm diálogo com as equipes

O fim do plano de carreira, extinção de reajustes por tempo indeterminado e o aumento da contribuição e do tempo para a aposentadoria também estão entre as insatisfações dos docentes e funcionários de colégios com o novo pacote. Mas, ao mesmo tempo, os professores também demonstram preocupação com a sala de aula. Por isso, mantêm diálogo com as equipes das escolas em relação à continuidade da greve. "Parte do grupo é favorável que esperemos até terça-feira, quando ocorre a assembleia. Na quarta-feira, podemos nos reunir e definir a permanência. Mas tudo isso ainda está sendo debatido", pontua Magda. "Nós reavaliaremos nesta segunda", diz Carla. No Colégio 25 de Julho, que aderiu parcialmente ao movimento, a diretora Janaína Barbosa de Souza diz que atividades estão sendo pensadas para amanhã. "Talvez uma manifestação aqui na escola após o intervalo", resume.

Mobilização na região

De acordo com o Cpers/Sindicato, a mobilização contra o pacote do Piratini será mantida nos próximos dias. Amanhã, ocorre uma assembleia geral na Praça da Matriz, em Porto Alegre, a partir das 13h30. No 14º Núcleo do Cpers, o levantamento de sexta-feira apontou que 83 colégios estavam em greve, de um total de 130. O diretor geral, Luiz Henrique Becker, explica que eram 27 escolas 100% paralisadas. "A greve continua forte. De quinta para sexta-feira, houve acréscimo no número de escolas paralisadas", afirma. Mais de 60% das escolas da zona do 32º Núcleo, em Taquara, se movimentam no sentido da paralisação. "A assembleia não deve definir o término da greve, até porque não tivemos nenhuma resposta do governo ainda. Vamos manter o chamamento", explica a diretora geral, Simone Goldschmidt. Na área do 5º Núcleo, com sede em Montenegro, as 22 escolas estavam envolvidas. "Temos 12 escolas 100% paralisadas. Se nada for feito, vamos seguir", destaca a diretora geral, Juliana Kusller.

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