Corrigir a catarata e aposentar os óculos

Quando o assunto é tecnologia na área cirúrgica, uma das revoluções envolve, sem dúvidas, a saúde ocular. Imagine, por exemplo, implantar uma lente nos olhos que resolve a catarata e ainda corrige as altas ametropias (miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia, a "vista cansada")?

Esta é a inovação aplicada com o uso de lentes intraoculares, que são implantadas cirurgicamente dentro do olho.

O oftalmologista Rodrigo Pazetto, diretor e sócio-fundador da Gramado Clínica de Olhos e membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, explica que uma das grandes vantagens do implante deste tipo de lente é que não precisa de manutenção ao longo dos anos (exceto em casos raros). Os tipos mais modernos podem até mesmo ajudar a aposentar o uso de óculos.

"Hoje temos muitos tipos de lentes intraoculares que podem ser usadas. Se o paciente tiver catarata e astigmatismo, por exemplo, e colocar uma lente sem correção astigmática, precisará de óculos no pós-operatório. Bem calculado o procedimento e indicado o tipo de lente apropriado, é possível corrigir as duas coisas ao mesmo tempo e eliminar o uso de óculos", explica o médico da Serra.

Como são implantadas?

Pazetto explica que as lentes são colocadas com técnica microcirúrgica, com cirurgião treinado especificamente nesse tipo de procedimento, além de equipamento adequado. "É feito com anestesia, que deixa o olho bastante confortável. São várias técnicas anestésicas, a depender do serviço, mas normalmente se faz a combinação de um colírio com sedação ou de sedação para bloqueio anestésico e aí o paciente opera acordado, sem sentir nada de dor ou enxergar. O procedimento é muito rápido: pode ocorrer em um intervalo entre cinco a 10 minutos e surpreende o paciente pelo conforto."

Com o tempo, vou precisar trocá-las?

A necessidade de troca ou manutenção das lentes intraoculares é exceção, ressalta o médico. "Em geral, são lentes colocadas para ficarem estáveis no olho. As utilizadas quando o caso é apenas de correção de miopia (normalmente pacientes jovens) são as lentes fácicas, sem precisar fazer a remoção da lente natural do olho, o cristalino. A troca precisa ser feita quando surge catarata, pois, nesses casos, é preciso fazer a remoção de cristalino, e um outro tipo de lente intraocular é indicado", diz.

E elas podem se deslocar dentro do olho? O oftalmologista cita que para que haja algum deslocamento, é preciso que ocorra algum trauma grave ou de impacto significativo no globo ocular, o que é uma situação muito rara. E são também indolores, tanto no momento do implante quanto durante o uso depois do procedimento.

O médico também indica o procedimento com as lentes intraoculares aos pacientes que têm glaucoma. "Inclusive o controle da pressão no olho pode melhorar após o implante da lente em algumas pessoas", explica.

É uma cirurgia refrativa?

O especialista informa que tanto o implante das lentes intraoculares quanto a intervenção a laser para a correção do grau são cirurgias refrativas.

"A cirurgia de implante é recomendada para quem já tem catarata e quer corrigir só isso ou quer resolver a catarata ao mesmo tempo em que corrige o grau de ametropias (miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia). Já para os casos de pacientes sem catarata, com o objetivo apenas de corrigir grau de ametropias, a de implante é recomendada para graus elevados (mais ou menos a partir de 6) ou quando a córnea é muito fina. Ao estudar cada caso, o médico fará junto do paciente a escolha de lente intraocular mais adequada, destaca Pazetto.

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