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Uma em cada cinco crianças tem bruxismo noturno, aponta pesquisa

Problema foi associado à sonolência diurna e a dores nos dentes e no rosto ao acordar; saiba mais

Por Redação
Publicado em: 28.10.2022 às 06:00 Última atualização: 28.10.2022 às 13:19

Caracterizado pelo movimento involuntário dos músculos da boca, especialmente durante o sono, o bruxismo causa prejuízos à qualidade de vida de adultos e também crianças. Pesquisa feita na Universidade Ceuma, em São Luís (MA), com crianças entre 7 e 10 anos de idade, constatou a presença do bruxismo noturno em 19,7% delas. O problema foi associado à sonolência diurna, o que pode interferir no desempenho escolar e na realização de outras atividades, e a dores nos dentes e no rosto ao acordar.Bruxismo infantil

Segundo a pesquisa, entre as crianças com bruxismo, 17% relataram ter sono ruim, 44% dormiam até 9 horas por noite, 82,2% relataram sentir sonolência diurna, 14,9% disseram ter dor de cabeça toda semana e 17,9% disseram sentir dor nos músculos da face ao acordar. Além disso, 42,3% das crianças tinham o hábito de roer as unhas.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores avaliaram uma amostra de alunos de uma escola pública e uma particular em São Luís. Foram incluídos meninos e meninas entre 7 e 10 anos, todos saudáveis (sem nenhum transtorno neurológico ou diagnóstico de algum distúrbio do sono, por exemplo).

Hábitos de sono

Ao todo, 247 crianças foram analisadas por meio de exame clínico (extra e intraoral), além de receberem um questionário que foi respondido pelos pais, relacionado aos hábitos de sono das crianças e possíveis associações com o bruxismo.

Exame clínico interno

Segundo dados da pesquisa, os alunos foram avaliados em sala de aula por meio de um exame clínico interno da boca, palpação dos músculos da mastigação (masseter e temporal) e também foram avaliados sobre dor na ATM (responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca). As crianças que se queixavam de dor de cabeça, por exemplo, mostraram com a mão a localização exata da dor.

Os pesquisadores também observaram o desgaste dos dentes das crianças. O diagnóstico de bruxismo do sono seguiu os critérios da Academia Americana de Medicina do Sono. (Agência Einsten)

Diagnóstico

Fabíola Germano de Castro, odontopediatra da equipe de odontologia hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que o bruxismo é um movimento involuntário tanto de apertar quanto de ranger os dentes. Pode ocorrer durante o sono, mas também enquanto a pessoa está acordada. De acordo com ela, o diagnóstico em crianças normalmente acontece após relato dos pais, que observam que o filho faz barulhos com a boca durante o sono.

Desgaste

Fabíola ressalta, entretanto, que o desgaste dos dentes por si só não é um critério de diagnóstico do bruxismo. "Às vezes a criança pode ter refluxo, que causa desgaste no dente. Hábitos alimentares com alimentos muito ácidos também podem provocar desgaste dentário, assim como refrigerantes e sucos artificiais. Ele é apenas um sinal a mais", afirma a odontopediatra, que ressalta que o padrão ouro para diagnóstico é a polissonografia, embora seja um exame muito caro.

Outros fatores

Há bruxismos sem causa definida (chamados de idiopáticos), mas a presença de problemas comportamentais, estresse emocional, uso de alguns fármacos e a obstrução das vias aéreas podem ter um papel importante no desenvolvimento ou agravamento do bruxismo. "O estresse e a ansiedade têm sido mais estudados porque estão muito comuns em crianças, especialmente após o período de pandemia", explica.

Tratamento multifatorial

Uma vez diagnosticado, o tratamento do bruxismo é multifatorial com foco no causador do problema, incluindo desde mudanças de hábitos, até massagem, fisioterapia no rosto e laserterapia. "Exemplo: se o fator causador do bruxismo é o estresse, os pais devem procurar um psicólogo. Melhorar o ambiente do sono da criança também é importante. O uso de placas não é indicado para as crianças pequenas, apenas para as crianças com dentes permanentes e bruxismo mais acentuado", explicou Fabíola.

Sonolência diurna

Para Letícia Bezinelli, também da equipe de odontologia hospitalar do hospital, o fato de 82% das crianças sentirem sonolência diurna não pode ser atribuído apenas ao bruxismo. "Certamente esses 82% de crianças com sonolência não têm apenas o bruxismo. As crianças de uma maneira geral, pós-pandemia, com excesso de eletrônicos e quebra da rotina, acabam dormindo menos, dormindo mais tarde, estão mais agitadas e acabam dormindo pior. O bruxismo acaba sendo mais um fator que precisa ser investigado porque pode impactar negativamente no dia seguinte", afirmou.

Consequência

Se o bruxismo não for tratado adequadamente, a criança pode ter problemas com desgaste dentário, sensibilidade, dor de cabeça crônica, dor de ouvido. "Tudo isso pode ser evitado quando diagnosticado corretamente e com mudanças de hábitos", finalizou Fabíola.


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