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Alambrado Anilado

TBT anilado: viva o eterno 7 de maio!

Por Jauri Belmonte

Quinta-feira geralmente é dia de #TBT (Throwback Thursday), que significa quinta-feira do retorno e que domina as redes sociais nesse dia. E hoje vamos trazer uma boa lembrança para o futebol da cidade de Novo Hamburgo e da região do Vale do Sinos. O dia 7 de maio nunca será um dia normal na rotina do torcedor anilado. Embora estejamos sem futebol e em total abstinência com a ausência de jogos e notícias do Noia, nossa lembrança segue torcendo. O título do Noia está na retina de cada apaixonado pelo maior do Vale. Assim, chegamos ao terceiro ano desde a nossa épica conquista em 2017 contra o Internacional, em Caxias do Sul.

Se fora de campo, tiraram-nos o direito de decidir o título em nossa casa, dentro de campo o Novo Hamburgo honrou a campanha quase perfeita (que teve dois tropeços, apenas, em todo o torneio, para Cruzeiro (1-0) e Ypiranga (2-1). Há três anos, o dia também era assim. Uma massa de ar frio sobre o Estado e um sol que aquecia nossas almas que tremiam de nervosismo (não era medo!) pela grande final. Muitos de nós sequer almoçamos. Não sentíamos fome. Não era para menos, nós, assim como gerações passadas de anilados, esperávamos viver a euforia de um título, sabendo que do outro lado havia um gigante. O aglomerado trajado em azul e branco se amontoara em frente do templo do futebol do bairro Liberdade, com almofadas, casacos e bonés do maior clube do nosso mundo.

Ao meio-dia, um comboio mais de 12 ônibus Aldatur (uns 12, acredito), com famílias, idosos e insanos rumou para Caxias do Sul. Íamos em busca do troféu tão esperado. O destino parecia não chegar nunca. Em Nova Petrópolis a Polícia Rodoviária Federal parou todos os ônibus da torcida do Noia. Alguns minutos depois fomos liberados. O jogo estava marcado para as 16 horas e, na subida para a Serra, a angústia aumentava, a partir do momento que várias localidades não tinham sinal de telefone. 

Na chegada a Caxias do Sul, o tempo parecia voar lá fora, enquanto dentro do ônibus vivíamos em uma bolha de ansiedade. Embora chegar à final já fosse um incrível feito para um clube com uma folha salarial diminuta, nosso desejo era pela vitória. Às 15h49 os ônibus chegaram nas redondezas do Estádio Centenário. Precisávamos, ainda, enfrentar filas para entrar no Estádio. Destinaram-nos uma rampa, atrás do gol, que parecia o alto de uma montanha. Ficaríamos atrás de um dos gols, em uma ferradura, em que o jogo parecia rolar a quilômetros de distância. 

Como tradicional da torcida anilada, chegávamos, ansiosos e atônitos às arquibancadas, cumprimentando conhecidos, ao mesmo tempo que olhávamos para o campo e víamos as equipes já posicionadas para a bola rolar. Era uma situação única. Talvez, você que esteja lendo e não estava lá, não pudera imaginar o que vivemos. Um misto de amor e arrepio por um clube de futebol. Com a bola rolando, já sabemos, empate no tempo normal, 1 a 1, e vitória por 3 a 1 nos pênaltis. A cada instante que passava, me vinha na cabeça o presságio de um torcedor anilado. Dentro de uma excursão para Gravataí, onde presenciamos uma das derrotas, para o Cruzeiro, na sétima rodada, ele falou: "Tive uma 'visã'! Vamos perder dois jogos no campeonato, e vejo um monte de gente chorando, se abraçando e gritando 'é campeão'!". Isso nunca saía da minha cabeça.

Do ponto em que estávamos, nas arquibancadas, uma penumbra sem fim em que pouco se via do outro lado do campo (onde ocorriam as penalidades), só ouvíamos estrondos das cobranças coloradas estourando nas traves. Os gritos vitoriosos de um goleiro que literalmente vestiu o manto anilado, Matheus Cavichiolli, também eram ouvidos. A muralha trajada de verde, pela qual nada passava. A cobrança do zagueiro Pablo, a última e que deu o título ao Noia, ainda parece um sonho e realmente materializava a visão de Luciano Arnecke. 

O Noia, sob olhares de desconfiança e menosprezo, provocava uma das maiores façanhas do futebol gaúcho. Está na história, ninguém apaga. Não temos DVD, documentário, nada. Uma pena? Talvez, mas está na história. A conquista histórica, ainda que não tenha sido capaz de mobilizar uma comunidade em torno de um clube (e acho que nem Freud explica isso), está marcada. Passaram três, passarão 30 ou 300 anos, e jamais será esquecida. Isso, além de tudo, não deixa de ser uma homenagem ao nosso eterno Beto Campos, comandante daquela conquista, que nos deixou em 2018. Aqui ou em outro plano, seguimos anilados e eternos campeões: viva o eterno 7 de maio! 



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