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Cotidiano | Tecnologia TECNOLOGIA

Inteligência artificial já está no dia a dia e a tendência é aumentar

ChatGPT chama a atenção, mas especialistas apontam outras aplicações

Publicado em: 04.08.2023 às 03:00

"A inteligência artificial (IA) é um campo da ciência da computação que busca criar sistemas capazes de realizar tarefas que, normalmente, exigiriam o envolvimento humano e a aplicação de inteligência. Por meio de algoritmos e técnicas avançadas, a IA permite que as máquinas aprendam, raciocinem, tomem decisões e resolvam problemas de maneira semelhante aos seres humanos, ou até mesmo de forma mais eficiente em certos casos."

O parágrafo acima foi escrito por uma inteligência artificial, mais precisamente o ChatGPT, que é a "bola da vez" quando se fala em IA, conforme define o professor do curso de Ciência da Computação da Universidade Feevale Gabriel Simões. O comando foi simples: como iniciar um texto explicando o que é uma IA? Em segundos, a resposta foi gerada.


FlokiSys: Giu Hoffmann, Guilherme Piaia, Patrícia Killing Hoffmann e Lucas Webber | Jornal NH
FlokiSys: Giu Hoffmann, Guilherme Piaia, Patrícia Killing Hoffmann e Lucas Webber Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

E assim como textos, IAs podem criar imagens, utilizar vozes e rostos em novos conteúdos e muito mais, inclusive ser de grande ajuda no dia a dia. Modelos de IA estão presentes na sociedade há mais de uma década, mas, muitas vezes, não são percebidos desta forma.


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"Anos atrás, quando uma simples câmera analógica formava um quadradinho detectando o rosto de uma pessoa para direcionar o foco, já estava se usando Inteligência Artificial", exemplifica Simões. Isto porque, através de um banco de dados previamente inserido no sistema, o computador da máquina sabe diferenciar o que é um rosto humano e o que não é.

Da mesma forma, redes sociais como o Facebook identificam os rostos nas fotos e sugerem a marcação do usuário. Em aeroportos, as câmeras fazem o reconhecimento facial e até identificam foragidos. "Caixas de som", como a Assistente Virtual Alexa, podem conversar com o usuário e atender pedidos.

No trânsito, o videomonitoramento lê placas e acusa veículos em situações irregulares. GPSs recebem dados de celulares e conseguem, a partir disso, calcular rotas desviando de engarrafamentos. São apenas alguns exemplos de IA.

Aplicação de IA a serviço da saúde

A FlokiSys é uma empresa de desenvolvimento de softwares incubada no Hub One, da Universidade Feevale. O foco está em trabalhar em uma Inteligência Artificial que monitore a saúde de pessoas enquanto trabalham e, desta forma, identificar momentos de maior estresse, desgaste e cansaço durante as funções para que possam adequar as tarefas para uma melhor qualidade de vida do trabalhador, consequentemente, melhorando também o resultado final do trabalho.

O projeto iniciou com o monitoramento de máquinas e veículos. Através dos dados fornecidos ao sistema, ele identificava todas as vibrações do motor e, no momento que uma fugia do habitual, apontava que algo estava errado, permitindo um trabalho de prevenção antes que houvesse um prejuízo por estragos, explicam os sócios Giu Hoffmann, Patrícia Killing Hoffmann, Guilherme Piaia, e Lucas Webber.

O objetivo é implementar o sistema com empresas parceiras ainda neste ano e, assim, ajudar a reduzir problemas de saúde com mudanças na rotina antes que o funcionário fique sobrecarregado.

Grandes volumes de informações

O professor da Universidade Feevale Gabriel Simões explica que modelos como o ChatGPT, Photoshop Beta, entre outros de criação de conteúdo, fazem parte de um modelo de Aprendizagem de Máquinas. "O que se observa hoje é um volume muito grande de dados e informações, que fazem com que essas inteligências sejam cada vez mais abastecidas, consequentemente, entregam melhores resultados".

Os recursos atuais permitem que os usuários criem músicas com vozes de pessoas já falecidas e vídeos mostrando ações ou falas jamais ditas por outras pessoas. "Sempre há riscos destas tecnologias serem usadas de formas negativas, como a criação de fake news, mas é um caminho sem volta. Estamos em franco progresso e o bom ou mau uso da Inteligência Artificial depende da sociedade, não da IA em si", explica Simões.

No Feevale Techpark, os projetos incubados costumam usar estes modelos para pesquisas e até mesmo para jogos educativos.

A cargo da sociedade

Mesmo aqueles que acreditam que não, de alguma forma usam algum aplicativo de IA. O GPS, de forma autônoma, cria roteiros e mostra os melhores caminhos. O próprio smartphone age sozinho para melhorar seu desempenho, identificando horários de menor uso para fechar aplicativos e otimizar a bateria.

Muita gente se acostumou com os cenários da ficção científica, com robôs em guerra com os humanos. No mundo real, as IAs têm presença menos dramática e mais instrumental. E como disse o professor Gabriel Simões, é a própria sociedade que vai definir os rumos, benefícios e malefícios.

Designer explica como ferramenta pode ajudar no processo criativo

O designer gráfico Matheus Huppes, proprietário de uma agência de comunicação em Novo Hamburgo, tem utilizado ferramentas de IA há cerca de cinco meses para auxiliar no trabalho. "Basicamente uso o Midjourney para testar ideias gerais de imagem e composição, e ferramentas de IA Generativo dentro do Photoshop para me ajudar na composição de montagens e preenchimento de imagem", explica.

Além de designer, Huppes também produz cerveja artesanal. Para criar o rótulo, ele utilizou IA para gerar um esboço, que posteriormente ele lapidou até chegar no resultado final. "A ideia era criar uma mistura de Beatles, Beetlejuice (filme "Os Fantasmas se Divertem") e elementos de cerveja, como lúpulo e aroma frutado", detalha. Com isto em mente, pediu que o ChatGPT criasse um comando para IA de imagens. Depois da descrição criada, traduziu para o inglês e, então, usou o Midjourney para gerar a imagem.

Com as opções oferecidas, escolheu uma delas e utilizou uma nova IA para multiplicar os pixels e aumentar a resolução. A partir daí, foi criando novas texturas, corrigindo cores e aplicando a sua própria mão de obra até obter o produto final. "A grande sacada, para mim, não é gerar uma imagem pronta para uso. Mas me ajudar a explorar conceitos", afirma. Obter os mesmos resultados sem ajuda da IA levaria horas a mais. "Até eu fazer uma montagem parecida, perderia muito tempo e, no final, talvez não gostasse do resultado", acrescenta o designer.

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