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Sem mitos: vacina traz proteção e pode causar reação sim

Entrevista: Celso Granato, infectologista / Especialista esclarece alguns dos boatos ditos por aí sobre a vacinação e destaca que laboratórios têm papel fundamental no repasse das notificações às autoridades

Publicado em: 09.12.2019 às 03:00 Última atualização: 12.12.2019 às 11:01

. Foto: Gustavo Gargioni/Palácio Piratini/Divulgação
Para você que deixa de se vacinar, saiba que a maioria das pessoas responde muito bem à vacinação, sem nenhum tipo de reação, esclarece o infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, detentor das marcas Weinmann e Serdil, Celso Granato. O especialista lembra que, além de outros centros de saúde, os laboratórios têm canal direto com a Vigilância Epidemiológica caso percebam aumento no número de casos de alguma doença.

Como esta suspeita de surtos começa a ser percebida pelos laboratórios? Existe alguma orientação?

A Vigilância Epidemiológica de cada estado ou de cada cidade recebe informações, tanto dos médicos como dos laboratórios e dos hospitais. Eles têm uma série histórica e podem acompanhar se está tendo aumento do número de casos ou diminuição ou, ainda, manutenção. Existem regras estabelecidas com relação à frequência com que essas notificações precisam ser feitas à Vigilância. Por exemplo, no caso do sarampo ou da febre amarela, cada caso suspeito deve ser notificado no mesmo dia, enquanto outras situações, como gripe e tuberculose, podem ser notificadas semanalmente, na maioria dos estados e municípios.

Os movimentos antivacina trouxeram surtos de doenças até então controladas no País. Qual a explicação desses grupos para não vacinar a família, especialmente as crianças?

Existem vários grupos com motivações diferentes. Alguns grupos religiosos optam por não fazer a vacinação por considerarem vários recursos médicos mais recentes como dispensáveis. Outros grupos dizem que vacinas podem estar associadas ao desenvolvimento de autismo. Outros grupos, ainda, afirmam que as vacinas não trouxeram nenhum benefício à humanidade e que essas doenças só diminuíram porque houve melhora das condições de vida da população. Na verdade, já existem vários estudos demonstrando que essas afirmações não são cientificamente corretas, mas eles insistem que isso pode acontecer.

Que tipo de patologias podem surgir caso esses movimentos ganhem força?

Não se trata de novas doenças, mas sim de antigas, já controladas exatamente porque foi feita a vacinação em massa anteriormente. Falamos de poliomielite, sarampo, rubéola e caxumba, por exemplo.

Toda vacina pode realmente provocar uma reação ao organismo, como febre?

Em princípio, sim, uma vez que muitas dessas vacinas são preparadas com vírus vivos enfraquecidos, mas que tem potencial de provocar algum sintoma, como, por exemplo, febre. Assim, ao vacinar uma pessoa contra sarampo, por exemplo, é injetado um vírus do sarampo vivo, tornado bem mais fraquinho por causa do processo de produção da vacina. Entretanto, ele pode gerar um pouco de febre, mas não gera outros efeitos colaterais mais complicados, como o vírus "natural" poderia fazer.

Por que algumas vacinas precisam ser repetidas?

No caso da gripe, existe uma variação muito grande do vírus de ano a ano. Assim, a mesma vacina que foi feita no ano passado pode não ser muito eficiente esse ano, porque o vírus mudou (sofreu mutações). Ainda no caso da gripe, a vacina é feita com vírus morto (por uma série de razões) e, assim, ela fica menos eficiente e precisa ser repetida com frequência. Outra razão para a necessidade de revacinação é que as vacinas muito eficientes (sarampo, rubéola, poliomielite, febre amarela) são capazes de proteger após uma única dose 90% das pessoas. Assim, para que esse percentual seja mais próximo a 100% e, assim, garantir que não acontecerão mais surtos, deve-se revacinar a população.


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