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Cotidiano | Viver com saúde Epidemia

Vírus, transmissão, riscos e cuidados: o que se sabe sobre o coronavírus

Já foi confirmado que o vírus pode ser transmitido mesmo antes da aparição dos sintomas

Por AFP
Última atualização: 28.01.2020 às 15:00

Coronavírus coloca o mundo em alerta Foto: AFP

As informações do coronavírus começam a ficar claras: ele é menos mortal que o da Sars (Síndrome Respiratório Aguda Severa), mas mais transmissível - aparentemente, mesmo antes da aparição dos sintomas -, enquanto a comparação com seu parente dá pistas de como combater a epidemia.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira (28), 106 pacientes morreram de um total de 4.500 casos na China. Nenhum paciente morreu fora da China, enquanto cerca de 50 doentes foram registrados em uma dúzia de países, da Ásia e Austrália à Europa e Américas.

O novo vírus, batizado 2019-nCoV, e o da Sars pertencem à mesma família de coronavírus e no plano genético têm 80% de semelhanças.

Segundo a OMS, a epidemia de Sars deixou 774 mortos em 8.096 casos no mundo em 2002/2003, antes de ser interrompida, ou seja, uma taxa de mortalidade de 9,5% (comparado a 34,5% de outra epidemia causada por um coronavírus, a Mers).

A taxa de mortalidade do novo coronavírus "é atualmente inferior a 5%", considerou nesta terça a ministra francesa da Saúde, Agnès Buzyn.

No entanto, esse número é apenas indicativo: o número real de pessoas infectadas é desconhecido porque os pacientes com pouco ou nenhum sintoma não são contados.

Especialistas tentam estimar o número de pessoas contaminadas por uma pessoa infectada. Os cientistas do Imperial College de Londres estimam que "em média, cada caso (de um paciente portador do novo coronavírus) infectou 2,6 pessoas a mais".

Chamada de "taxa básica de reprodução" ou R0, essa medida é importante para entender a dinâmica de uma epidemia.

As diferentes estimativas variam de 1,4 a 3,8, o que é considerado moderado, explicou à AFP David Fisman, professor da universidade de Toronto.

No caso da Sars, estima-se que cada caso tenha infectado uma média de 2 a 3 pessoas (como a gripe), mas com grandes disparidades: havia "super transmissores" capazes de contaminar dezenas de pessoas.

No caso do novo vírus, há uma pergunta crucial: em que estado de infecção o paciente se torna contagioso. "O contágio é possível durante o período de incubação", ou seja, antes mesmo que os sintomas apareçam, disse Ma Xiaowei, diretora da Comissão Nacional de Saúde da China, no domingo. "É muito diferente da Sars", insistiu.

Essa hipótese, no entanto, baseia-se na observação de vários primeiros casos e ainda não está confirmada.

Alguns sintomas

A doença causada pelo novo coronavírus e a Sars apresentam sintomas comuns, de acordo com a observação dos 41 primeiros casos detectados na China.

Todos os pacientes sofriam de pneumonia, quase todos tinham febre, três em cada quatro tossiam e mais da metade apresentava dificuldades respiratórias.

"Mas existem diferenças notáveis com a Sars, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (congestão nasal, dor de garganta, espirros)", diz o Dr. Bin Cao, principal autor desses trabalhos publicados na revista The Magazine Lancet.

 

Pacientes

A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, e menos de um terço sofreu doenças crônicas (como diabetes ou problemas cardiovasculares). Quase um terço teve uma condição respiratória aguda e seis morreram.

Embora não se possam tirar conclusões gerais devido aos poucos pacientes controlados, essas observações permitem elaborar um primeiro quadro clínico da doença, muito útil, pois o novo coronavírus apresenta sintomas semelhantes aos da gripe de inverno, dificultando o diagnóstico.

Não existe vacina ou medicamento para o coronavírus e a assistência médica é para tratar os sintomas.

 

Transmissão

No caso do novo vírus, não se sabe até agora qual animal desempenha esse papel intermediário. Enquanto isso, a China proibiu o comércio de todos os animais selvagens. 

Finalmente, os especialistas destacam a importância de "medidas de barreira", eficazes para outras doenças virais, como a gripe: lavar as mãos com frequência, tossir ou espirrar na dobra do cotovelo ou no lenço, evitar tocar o rosto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha cobrir a boca e o nariz em caso de tosse e espirro, e é essencial para os doentes, a fim de limitar os riscos de contágio.

Infectado pelo coronavírus pode não ter sintoma, aponta estudo

As infecções pelo novo coronavírus, podem ocorrer também sem que o infectado apresente sintomas, o que pode dificultar a contenção do surto. É o que indica um estudo de pesquisadores chineses publicado na sexta-feira (24) no periódico científico The Lancet.

A conclusão vem da análise de uma família chinesa que teve seis integrantes infectados. Eles foram diagnosticados na cidade de Shenzen, onde moram, mas haviam viajado a Wuhan, epicentro do surto, dias antes da detecção da doença. Segundo o artigo, um dos integrantes da família, um menino de 10 anos, foi infectado pelo vírus, mas não teve manifestação da doença, enquanto os outros cinco apresentaram sintomas.

O diagnóstico surpreendeu os médicos, que inicialmente não pensavam em submeter o garoto a exames. Os testes só foram feitos por insistência da família, que estranhou o fato de o garoto ter viajado a Wuhan e não apresentar a doença.

Os autores do estudo destacam que esse achado indica mais uma dificuldade para conter o surto, já que o paciente pode carregar e transmitir o vírus sem apresentar sinal da doença. "Esses casos enigmáticos de pneumonia ambulante podem servir como uma possível fonte para propagar o surto", destacam os especialistas.

Eles também ressaltam que, no caso dos pacientes com sintomas, as manifestações podem mudar de paciente para paciente. Embora a maioria relate febre, tosse e dificuldade para respirar, dois membros da família estudada tiveram como primeiro sintoma uma diarreia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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