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Candidatos mostram a cara no primeiro dia de propaganda eleitoral no rádio e na televisão

Programas e inserções começaram nesta sexta-feira (26) com postulantes ao Senado, Assembleia Legislativa e Palácio Piratini

Por Eduardo Amaral
Publicado em: 26.08.2022 às 19:12 Última atualização: 26.08.2022 às 19:27

Foi dada a largada nesta sexta-feira (26) para a propaganda eleitoral no rádio e na televisão em todo o País. No primeiro dia, o aspecto local marcou o bloco de 25 minutos do programa transmitido em todas as redes de televisão aberta e rádio, afinal o espaço era reservado a candidatos ao Senado, à Assembleia Legislativa e ao governo do Estado. No Rio Grande do Sul, as campanhas dos candidatos ao Piratini e ao Senado foram marcadas por defesa de legado e apresentação de biografias.

Até o dia 29 de setembro candidatos estarão na televisão e no rádio em busca dos votos do dia 2 de outubro
Até o dia 29 de setembro candidatos estarão na televisão e no rádio em busca dos votos do dia 2 de outubro Foto: Eduardo Amaral/GES Especial


Cientista político e professor de relações internacionais, Bruno Lima Rocha destacou as peças publicitárias do ex-governador e candidato à reeleição Eduardo Leite (PSDB). “Ele tem uma capacidade de comunicação muito grande e a campanha vai tentar marcar uma agenda positiva”, avalia.

Na propaganda de rádio, que foi veiculada no início da manhã, o tucano começou exaltando o próprio governo, o que se repetiu na televisão, no início da tarde. Chamou atenção o discurso de Leite com elogios ao antecessor, José Ivo Sartori (MDB), a quem dirigia críticas de forma indireta.

Toda a propaganda se baseou em construir uma narrativa de futuro, falando em um “horizonte mais limpo”, indo ao encontro da análise de Rocha sobre o desejo de apresentar uma agenda positiva. “Ele vai ter uma vantagem estética, pois sabe se comunicar muito bem, enquanto seus adversários têm mais dificuldade em atravessar outros públicos”, avalia o cientista político ao falar sobre as campanhas de Onyx Lorenzoni (PL) e Luis Carlos Heinze (PP).

Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto ao Piratini, Onyx Lorenzoni apostou na vinculação com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição ao Planalto e de quem o candidato é aliado de primeira hora e colega de partido. A vinculação com o bolsonarismo foi mais presente no programa de rádio, que abriu com áudios do presidente elogiando seu ex-ministro.

No programa de televisão, o nome do presidente aparece, mas de forma menos explícita, estando mais presente no jingle da campanha. Onyx e Leite foram dos poucos candidatos a fazer peças diferenciadas para o rádio e televisão, já que boa parte dos demais acabaram por replicar no rádio a peça pensada para a televisão.

Foi o caso de Heinze. Ele dividiu o seu tempo com uma trova gauchesca que abriu o programa. Os versos salientaram as virtudes gaúchas e apostaram em ideias como compromisso com a palavra e indignação com a traição. Embora também seja um reconhecido bolsonarista, o senador não buscou se vincular ao presidente neste primeiro momento.

Para o cientista político Bruno Lima Rocha, os três disputam um campo parecido de votos, sendo Heinze o representante de uma direita mais tradicional e agrária no Estado. Onyx aparece, segundo ele, como a nova extrema-direita e Leite o defensor de uma política neoliberal mas mais inclusiva que a dos demais.

Saindo atrás

A propaganda do PT com candidatos à Câmara Federal e ao Piratini não foi transmitida na televisão no primeiro bloco, do início da tarde. Outros três partidos tiveram o mesmo problema nas propagandas proporcionais: Novo, Republicanos e União Brasil.

Em nota divulgada no fim da tarde desta sexta-feira, a RBS TV (responsável pela distribuição dos programas neste primeiro dia), comunicou que informará à Justiça Eleitoral para que seja determinado dia e horário para compensação nos casos em que o problema tenha ocorrido na empresa ou na plataforma digital.

A campanha de Pretto afirmou, também em nota, que o problema foi causado por um erro entre a distribuidora dos programas credenciada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a RBS.

Com o problema técnico, Edegar Pretto, candidato petista ao Piratini, falou apenas no rádio nos primeiros horários do dia. “O fato de não colocar a campanha no ar foi muito ruim por uma questão circunstancial, ele tinha a chance de grudar sua imagem à de Lula um dia após a entrevista ao Jornal Nacional”, avaliou Rocha.

A vinculação com o ex-presidente que tenta voltar ao Planalto ficou clara no programa de rádio, já que Edegar começou se apresentando como “candidato do Lula no Rio Grande do Sul”. O restante da propaganda foi marcado pela apresentação de sua biografia e depoimentos de três importantes lideranças petistas: Olívio Dutra, Tarso Genro e Paulo Paim.

Mais apagados

O especialista prevê uma dificuldade das outras candidaturas de deslanchar já que, na avaliação dele, Vieira da Cunha (PDT) e Vicente Bogo (PSB) estão esmagados no campo da centro-esquerda. Em seu primeiro programa, Vieira abriu recitando uma trova gauchesca e nos segundos que tinha à disposição apostou em contar sua trajetória. O pedetista reforçou ser brizolista e aparecia sorrindo quase o tempo todo, em um ambiente caseiro.

Já Bogo foi mais tradicional, sendo filmado em pé no fundo que é visto entre os candidatos ao Legislativo, com o número da campanha e a sigla do partido em destaque. Foi falando de sua biografia, de seu papel como deputado constituinte e outros cargos que ocupou na vida pública.

Os outros dois candidatos que, na avaliação de Rocha, representam um campo semelhante, fizeram programas bem distintos. Ricardo Jobim (Novo) apostou em críticas ao Fundo Eleitoral, dizendo ser o único candidato que “não utiliza” o recurso. Já Roberto Argenta (PSC), que ainda não usou qualquer recurso do Fundo Eleitoral para financiar a campanha, optou por apresentar sua biografia como empresário e destacar os empregos gerados por sua empresa, a Calçados Beira Rio.

Disputa embolada e gauchismo

Se na campanha ao Piratini a corrida está concentrada em quem disputará um provável segundo turno com Eduardo Leite, na disputa pela vaga gaúcha no Senado a situação é bem mais complexa. “A disputa está rigorosamente empatada, com uma leve vantagem para Olívio”, afirma Rocha ao falar sobre as campanhas de Olívio Dutra (PT), Ana Amélia Lemos (PSD) e Hamilton Mourão (Republicanos).

Os três são apontados como favoritos à vaga no Senado. Entretanto, Rocha acredita que o ex-governador tem a desvantagem do voto útil, que seria a migração de votos nos últimos dias de campanha dos candidatos de direita para o adversário com mais chances de ganhar. Um cenário que pode favorecer Ana Amélia, projeta ele.

Disputa promete ser apertada pela única cadeira disponível ao Senado
Disputa promete ser apertada pela única cadeira disponível ao Senado Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado/Arquivo

A campanha da ex-senadora focou na apresentação de Ana Amélia como uma “gaúcha de raiz”. A candidata abriu o programa se apresentando aos telespectadores e, depois, o que se seguiu foi a execução do jingle de campanha que reforçava o número da candidata.

Hamilton Mourão, por sua vez, foi o que mais falou dos três no programa e buscou o tempo todo afirmar sua condição como gaúcho, já que a aposta dos adversários é colar no vice-presidente da República a pecha de não ter vinculação com o Estado, pois passou muitos anos morando em outras localidades do País (especialmente no Rio de Janeiro).

O programa de Olívio iniciou com a declaração de um jovem negro e uma pequena fala do ex-governador. A presença dele na campanha é considerada por Rocha um diferencial, mas que não determina a vitória. “Olívio tem o estigma de não ganhar eleição depois de deixar o cargo de governador. Ele pode buscar votos com Lula, que consegue ampliar a votação tradicional do PT”, avalia.

Disputa de legado nacional

Neste sábado é a vez dos candidatos à Câmara dos Deputados e à Presidência da República ocuparem os espaços de rádio e televisão. Pesquisador em Comunicação Política, Marcos Marinho projeta uma campanha cada vez mais cristalizada entre Lula e Bolsonaro. Enquanto o petista deve apostar em uma memória afetiva dos seus governos, o presidente precisará desconstruir as imagens positivas que a campanha do PT tentar construir. “Vamos viver uma campanha acelerada rumo ao passado, o que politicamente é horroroso.”

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