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Eleições ELEIÇÕES 2022

Briga, aperto de mão, provocações e sorrisos: dez pontos do debate da Band com candidatos à Presidência da República

Programa marca o primeiro encontro de Bolsonaro e Lula nesta eleição

Por Redação
Publicado em: 29.08.2022 às 03:15 Última atualização: 29.08.2022 às 03:25

O Brasil assistiu, na noite deste domingo (28), ao primeiro debate da disputa presencial de 2022. Cercado de expectativas e com vísivel clima de tensão, o programa realizado em pool pela Band, Folha de S.Paulo, UOL e TV Cultura reuniu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Luiz Felipe d’Avila (Novo).

Seis candidatos participaram do debate na Band TV
Seis candidatos participaram do debate na Band TV Foto: Reprodução/Band TV

O debate evidenciou que Bolsonaro está na mira dos concorrentes em razão de ataques às mulheres, da condução da pandemia de Covid-19 e da deterioração da economia brasileira. Em outra frente, a artilharia dos candidatos se voltou também para Lula no quesito corrupção. O petista se esquivou do tema e tergiversou nas respostas. Separamos dez pontos do debate que serão assunto no País ao longo desta segunda-feira (29):

'Não aperto a mão de ladrão', diz Bolsonaro na chegada

Ao chegar nos estúdios da Band para participar do debate, Jair Bolsonaro já deu o tom do que seria o programa. Disse que não iria apertar "a mão de ladrão", em clara referência a Lula.

A partir das regras acordadas previamente, Bolsonaro e Lula ficariam lado a lado no debate. Duas horas antes, no entanto, o candidato do PDT, Ciro Gomes, foi às redes sociais dizer que houve uma mudança repentina que separou os principais candidatos.

A informação confirmada pela Band após o debate é que o pedido para remanejar as posições e deixar Ciro entre Bolsonaro e Lula partiu primeiro da segurança do presidente, mas veio também da segurança de Lula.

É corrupção de um lado...

Coube a Bolsonaro fazer a primeira pergunta para Lula e o tema foi corrupção. O candidato à reeleição citou o ex-ministro Antonio Palocci para trazer à tona casos de corrupção no governo petista.

Lula e Bolsonaro no primeiro debate dos candidatos à Presidência em 2022
Lula e Bolsonaro no primeiro debate dos candidatos à Presidência em 2022 Foto: Reprodução/Band

A estratégia da campanha de Bolsonaro é tentar aumentar a rejeição ao petista no eleitorado ao relembrar escândalos de desvio de dinheiro. "O seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil", declarou Bolsonaro. O presidente também disse que as administrações petistas foram caracterizadas pela "cleptocracia", ou seja, "à base do roubo".

Bolsonaro atacou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu os empresários que falaram em golpe de Estado caso o ex-presidente Lula. "Um ministro agora há pouco interferiu, mandando investigar, fazendo busca e apreensão, entre outras barbaridades", declarou Bolsonaro, em referência a Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

...e corrupção de outro lado

Em resposta a Bolsonaro sobre escândalo de desvio de dinheiro na Petrobras, Lula voltou a citar que tomou medidas nos seus governos para combater a corrupção e acusou o adversário de dizer bravatas.

"As pessoas precisam saber que inverdades não valem a pena na televisão. Citar números mentirosos não vale a pena. Não tem nenhum presidente da República que mais fez (no combate à corrupção). Lei Anticorrupção, AGU, fizemos Coaf funcionar", citou.

Lula aproveitou a resposta para citar feitos do seu governo, como investimentos na educação, geração de emprego, redução do desmatamento e política de valorização do salário mínimo. O ex-presidente disse que vai propor um pacto com governadores e prefeitos para reduzir "o atraso educacional" deixado pela pandemia. "Lamentavelmente, educação foi abandonada no País", criticou, sem citar diretamente o governo Bolsonaro.

Confusão nos bastidores do debate

O deputado federal André Janones (Avante), apoiador de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, apoiador de Bolsonaro, protagonizaram uma grande confusão na sala reservada para convidados no primeiro debate entre presidenciáveis deste ano. Os seguranças precisaram intervir para evitar agressão física entre os dois.

Ricardo Salles e André Janones trocaram ofensas nos bastidores do debate da Band
Ricardo Salles e André Janones trocaram ofensas nos bastidores do debate da Band Foto: Reprodução/UOL

A briga começou após o candidato do PT dizer no debate que o desmatamento no seu governo foi o menor. Salles, ex-ministro de Bolsonaro, reagiu aos gritos e disse que o desmatamento no tempo do PT foi o maior. Janones levantou para gravar o adversário político, que se levantou aos gritos de "seu merda".

Enquanto os presidenciáveis debatiam no estúdio da Band, na sala reservada aos convidados das campanhas o clima era de confronto. Apoiadores de Bolsonaro e de Lula alternam gritos de "mito" e "genocida". O debate vetou a presença de plateia no estúdio.

Em outro momento, André Janones brigou nos bastidores com outros dois bolsonaristas: os candidatos a deputado Adrilles Jorge (PTB-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG). A Band mobilizou um cordão de segurança para separar as campanhas.

Enquanto Janones detalhava a briga com Salles à imprensa, Nikolas se aproximou a passou a imitar o deputado federal com gestos de caráter homofóbico. Janones se levantou e fez uso de palavrões. Adrilles Jorge se juntou às provocações e xingamentos, bem como o ex-presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo, chamado pelo apoiador de Lula de "capitão do mato".

Ciro, Felipe D'Ávila e Soraya Thronicke

Ciro Gomes defendeu a mudança do padrão pedagógico no País e o modelo de financiamento do setor. Para abrir sua resposta sobre educação, retomou a propaganda de seu governo no Estado do Ceará que, segundo ele, hoje tem a melhor educação pública do Brasil.

Luiz Felipe d’Avila e Soraya Thronicke no primeiro debate presidencial de 2022
Luiz Felipe d’Avila e Soraya Thronicke no primeiro debate presidencial de 2022 Foto: Reprodução/Band

"O descuido com a educação brasileira parece ser um projeto de governo", defendeu, em debate na Band. A mudança do padrão pedagógico, segundo o candidato, seria a partir da troca do "decoreba" por um ensino emancipador. De acordo com ele, também, se não houver uma mudança no financiamento, "será falsa toda e qualquer promessa ou desconhecimento da realidade em que estamos atolados no Brasil".

Felipe D'Ávila disse que é preciso cortar desperdício da máquina pública para promover crescimento na economia brasileira. "Está estagnada há 20 anos. Temos que conciliar (crescimento) com gasto público. Para fazer isso, é preciso cortar desperdício da máquina pública", afirmou o presidenciável. Ele se apresentou ao eleitor como uma pessoa que "vive de trabalho e de empreender".

A candidata do União Brasil Soraya Thronicke defendeu o uso da iniciativa privada para reduzir filas para exames e consultas no SUS. "Temos projeto liberal de verdade para economia, para executar, não é no gogó", declarou. A senadora disse que o atendimento no sistema público de saúde do País é melhor na teoria do que na prática e afirmou que quem deve avaliar os serviços é a população.

A senadora disse que, se eleita, poderia usar recursos gerados de uma simplificação tributária para bancar a medida. Uma das propostas da candidata é criar um imposto único ao acabar com 11 tributos federais. A reforma tributária é discutida há décadas no Brasil, era uma proposta do governo Bolsonaro, mas acabou não avançando no Congresso Nacional.

E o dinheiro para manter o auxílio de 600 reais?

Jair Bolsonaro evitou dizer como bancar a manutenção do Auxílio Brasil em 600 reais a partir de 2023, mas disse que a medida será feita com responsabilidade fiscal. "De onde retirar dinheiro? Tenho conversado com a equipe econômica, acertado com eles, com responsabilidade fiscal", disse o presidente. "Como conseguir recursos? Não roubando, não metendo a mão no bolso do povo", emendou.

Em resposta a Lula, seu principal rival na disputa pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que pode negociar com o Congresso, após as eleições, a verba para bancar o benefício no ano que vem.

Bolsonaro citou o lucro das estatais em sua gestão para se contrapor a escândalos de corrupção na Petrobras durante os governo petistas, apesar de ter feito críticas recentemente ao lucro e à distribuição de dividendos da estatal a acionistas. O candidato também falou em diminuir impostos e aumentar a arrecadação, mas rejeitou a proposta de taxar grandes fortunas.

Ciro ataca Lula, que quer diálogo e lembra viagem a Paris

Em resposta ao pedido de Lula a Ciro Gomes para uma conversa, o pedetista justificou que seu distanciamento em relação ao petista é porque o ex-presidente "se deixou corromper". Ciro classificou Lula como "encantador de serpentes" e atribuiu ao petista a ascensão de Bolsonaro. "Não acho que Bolsonaro desceu de Marte. Bolsonaro foi um protesto absolutamente reconhecido contra a devastadora crise econômica que o Lula e o PT produziram", declarou.

Lula e Ciro Gomes no primeiro debate presidencial de 2022
Lula e Ciro Gomes no primeiro debate presidencial de 2022 Foto: Reprodução/Band

Lula acenou a Ciro Gomes com uma possível aliança caso vença as eleições deste ano, mas provocou o pedetista ao pedir que "fiquei no Brasil, e não fui para Paris". "O Ciro resolveu não estar conosco, não ter candidatura própria. É um direito dele. Se ganhar as eleições, vamos ver se conseguimos atrair o PDT para participar do nosso governo", afirmou ao dizer também ter "profunda deferência" pelo ex-aliado.

Candidatas reagem a ataque a jornalista

Após Jair Bolsonaro atacar a jornalista Vera Magalhães no debate da Band, o candidato Ciro Gomes (PDT) reforçou seu discurso como uma candidatura pacificadora nas eleições de 2022. Bolsonaro alterou o tom de voz ao responder pergunta de Vera e disse que a jornalista era mentirosa.

Simone Tebet e Bolsonaro no primeiro debate presidencial de 2022
Simone Tebet e Bolsonaro no primeiro debate presidencial de 2022 Foto: Reprodução/Band

Além de citar o PT, Ciro afirmou que "PT e Bolsonaro vão produzir coisas que o Brasil não merece". "Nós precisamos restaurar a paz, reconciliar o Brasil ao redor de um novo e generoso projeto de desenvolvimento", disse.

Soraya Thronicke também criticou o ataque que Bolsonaro fez à jornalista Vera Magalhães. Recentemente, o chefe do Executivo foi chamado de "tchutchuca do Centrão" por um youtuber. "Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico incomodada", declarou Soraya "Lá no meu Estado tem mulher que vira onça e eu sou uma delas", emendou.

A candidata Simone Tebet reforçou críticas a Bolsonaro ao afirmar que não tem medo dele nem de seus ministros. Segundo a candidata, ela sofreu violência política na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, em 2021, a qual integrou.

"Recebi violência política na CPI, fui chamada de descontrolada. Um outro me ameaçando porque queria me impedir de falar e de participar da 'CPI da Vida'. E pior que isso, um ministro seu de Bolsonaro tentou me intimidar entrando no Supremo Tribunal Federal porque eu denunciei o esquema de corrupção da vacina que vossa excelência não quis comprar", declarou.

Simone também se solidarizou com a jornalista Vera Magalhães, alvo de ataques de Bolsonaro. "Nós precisamos de uma mulher para arrumar a casa, precisamos de uma mulher para pacificar o País, para unir o País, para dar credibilidade, para fazer com que esse ódio, que começou lá atrás, no governo do PT, de nós contra eles, definitivamente chegue ao fim", declarou.

Ex-presidiário, sigilo de 100 anos e armas

Bolsonaro chamou Lula de "ex-presidiário" no debate e afirmou que o petista "não tem moral" para falar dele. O presidente se defendeu de acusações de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19, disse que vetou o orçamento secreto na peça orçamentária deste ano e minimizou o sigilo de 100 anos que impôs a determinadas informações de seu governo.

"Está de brincadeira a nobre senadora. Cadê a corrupção? Cadê o contrato assinado?", declarou Bolsonaro, ao se dirigir à candidata Simone Tebet, que criticou omissões do governo na pandemia.

O ex-presidente Lula criticou sigilos de 100 anos sobre documentos públicos decretados por Bolsonaro e voltou a defender que criou mecanismos de combate à corrupção em seus governos. "Hoje qualquer coisinha é um sigilo de 100 anos pro cartão corporativo. Enquanto o nosso, eu tirei um ministro porque comeu um pastel, porque comeu uma tapioca", provocou o petista.

Ao falar sobre economia, Lula retrucou Soraya Thronicke, que disse não ter visto avanços sociais nos governos do petista. "A candidata pode não ter visto (esse País), mas seu motorista viu, seu jardineiro viu, sua empregada doméstica viu que esse País melhorou, que ela podia almoçar e jantar todo dia", disse.

Ciro Gomes defendeu que a arma "só serve para matar, não serve para outra coisa". "Essa frouxidão, acabar com a regulação do Exército no sensoriamento de armas e munições só presta para reforçar milícias", disse. Segundo ele, caso eleito, haverá uma instrumentalização da Polícia Federal para enfrentar o contrabando de armas.

Mais limpo que Bolsonaro

Em direito de resposta por ter sido chamado de "ex-presidiário" por Jair Bolsonaro, Lula disse que foi preso para facilitar a eleição do atual presidente da República. O petista ainda pontuou estar "mais limpo que ele ou qualquer parente dele".

"Ele sabe a razão pelas quais eu fui preso. Foi para ele se eleger presidente da República porque era preciso tirar o Lula do processo. Eu, nesse processo todo, estou mais limpo do que ele ou qualquer parente dele. Fui julgado e considerado inocente pela Suprema Corte", destacou. Lula ainda provocou o adversário ao dizer que, se eleito, vai "apagar todos os sigilos" decretados pelo candidato à reeleição em "um decreto só".

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