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Eleições TIROTEIO

Troca de tiros interrompe campanha de Tarcísio, candidato ao governo de SP, em Paraisópolis

Tarcísio visitava o Polo Universitário da cidade quando foi ouvida uma primeira rajada de tiros, por volta das 11h40 desta segunda-feira (17)

Por Gustavo Queiroz, Leon Ferrari, Marcela Villar e Sofia Aguiar/Estadão Conteúdo
Publicado em: 17.10.2022 às 21:40

O candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos, Tarcísio de Freitas, teve de interromper na segunda-feira (17) um evento de campanha em Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, por causa de um tiroteio que ocorreu a cerca de 100 metros do local onde ele estava. Um suspeito morreu.

A Secretaria do Estado de Segurança Pública afirmou que a presença de policiais à paisana que acompanhavam a comitiva do candidato teria sido a causa do confronto entre bandidos da comunidade e os agentes de segurança.

Tarcisio de Freitas
Tarcisio de Freitas Foto: Renato Pizzutto/Band

Tarcísio visitava o Polo Universitário de Paraisópolis quando foi ouvida uma primeira rajada de tiros, por volta das 11h40. Segundo o comandante-geral da Polícia Militar (PM), Ronaldo Vieira, dois suspeitos em uma moto se aproximaram do local onde o candidato estava e depois se afastaram. Em seguida, um grupo de oito pessoas, duas portando armas longas, retornou. Conforme a versão da polícia, "iniciou-se" um tiroteio entre os suspeitos e os PMs que não estavam fardados.

Assim que os tiros começaram, o candidato e sua comitiva que estavam dentro do prédio foram orientados a se deitar e manter distância das janelas. O imóvel não foi atingido. Quando os tiroteio terminou, Tarcísio foi retirado do local escoltado pelo reforço da PM convocado após o início do confronto. A van que transportou o ex-ministro e seus assessores também não foi alvejada.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo de Campos, afirmou que é prematuro falar em atentado. "Entendo que a investigação vai (ocorrer) de maneira ampla, mas entendemos (que houve) um confronto (que aconteceu) pela presença policial, ruído. Essa situação não é novidade para a gente", disse Campos.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais, imagens de cinegrafistas que acompanhavam o candidato e de bodycams dos PMs serão usadas nas investigações sobre o tiroteio. Os equipamentos acoplados nas fardas dos policiais são criticados por Tarcísio, que, no começo da campanha, disse que os removeria caso fosse eleito. Na semana passada, em visita ao quartel da Rota, a tropa de elite da PM de São Paulo, ele recuou e afirmou que ouviria técnicos antes de tomar qualquer medida.

A SSP-SP informou que o suspeito morto era Felipe Lima, de 27 anos. Segundo o órgão, ele tinha passagens por roubo - a secretaria não disse se ele já havia sido condenado e cumprido pena. A pasta também não disse se algum armamento foi apreendido com o suspeito morto. "As circunstâncias do óbito estão sendo objeto dessa investigação", informou a Secretaria, que afirmou também que três delegados foram designados para o caso.

Retorno

Em publicação no Twitter, após o incidente, Tarcísio disse que foi "atacado por criminosos". Mais tarde, em entrevista coletiva, mudou o tom e disse entender que não se tratava de um atentado, mas uma tentativa de "intimidação". "(Foi) Um recado claro do crime organizado de que não somos bem-vindos ali. Para mim, foi uma questão territorial, não tem nada a ver com questão eleitoral", afirmou. "Não estou politizando, estou falando que o crime (organizado) não quer a presença do Estado, quer ter seu território", disse o ex-ministro.

O Estadão apurou que o ex-ministro vai manter a agenda de campanha com segurança reforçada até a data do pleito. Ele afirmou que deve fazer nova visita a Paraisópolis.

Em nota, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) informou que determinou "a imediata investigação do ocorrido". De acordo com o governador, a Polícia Militar "agiu rápido e garantiu a segurança de todos".

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que disputa o segundo turno da eleição paulista com Tarcísio, disse que repudiava "toda e qualquer forma de violência".

O presidente do G10 Favelas e líder comunitário Gilson Rodrigues lamentou o tiroteio, mas disse que nenhum representante da organização ou da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis (UMCP) foi informado da visita de Tarcísio. "Paraisópolis tem uma tradição em receber políticos, autoridades, artistas e personalidades por ser uma comunidade pacífica e organizada", afirmou em nota o líder comunitário.

Favela

Conforme informações da Secretaria Municipal de Habitação, Paraisópolis é a maior favela da capital paulista. Segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paraisópolis tem 19.262 domicílios, o quarto maior total do País. Fica atrás apenas da Rocinha (RJ), Sol Nascente (DF) e Rio das Pedras (RJ).

A comunidade é emblemática por fazer divisa com o Morumbi, bairro de alto padrão.

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