Publicidade
Botão de Assistente virtual
Esportes Retorno aos gramados

Gauchão irá voltar, só não se sabe quando

Em meio à preocupação dos clubes, como Noia e Aimoré, FGF acredita que o Estadual será concluído

Por André Heck
Publicado em: 17.04.2020 às 21:06

Luciano Hocsman, presidente da Federação Gaúcha de Futebol, trabalha para a retomada dos jogos Foto: FGF/Divulgação
Nesta semana, o Campeonato Gaúcho de futebol completou um mês de paralisação. No dia 16 de março, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) determinou a suspensão da competição por 15 dias em função da pandemia do novo coronavírus. Depois desse período, o Estadual acabou sendo suspenso por tempo indeterminado. Em entrevista ao ABC, Luciano Hocsman, presidente da FGF, confirmou que o Gauchão será retomado. O que ninguém sabe ainda, é quando isso será possível.

"Acredito muito nisso (que o Gauchão será finalizado dentro de campo), mas não tenho como precisar uma data. Tem a questão do pico de contaminação, mas vejo boas possibilidades de terminar o campeonato antes do meio do ano", projetou o dirigente. "Hoje, não trabalho com a hipóteses de não terminar, claro que isso chegou a passar pela nossa cabeça, mas a nível nacional o que se precisa é equilibrar o calendário", apontou Hocsman.

Ainda que a data do retorno não esteja definida, uma coisa é certa: os jogos deverão ter portões fechados. "Acredito que o retorno, independente do momento, deve ser com portões fechados. Não vejo como se jogar a médio prazo com a presença de público. Se não for zerado, será com muitas restrições, inclusive para os profissionais que irão trabalhar, da imprensa e dos clubes", ressaltou o presidente da Federação.

Hocsman tem mantido contato com presidentes dos clubes, com o governador Eduardo Leite e com o presidente da CBF, Rogério Caboclo. "Estamos trocando informações e buscando orientações." A reunião que estava marcada para a próxima segunda-feira com os presidente dos clubes participantes do Estadual foi adiada para o dia 30, já que os clubes das Séries A e B do Brasileiro ampliaram as férias dos atletas até o final do mês. Caso essa reunião defina a retomada da competição, e com os clubes projetando pelo menos 20 dias de treinos antes do início dos jogos, é provável que a bola só volte a rolar entre o final de maio e o início de junho nos gramados gaúchos.

Ajuda aos clubes

A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) irá garantir o valor das cotas de TV aos clubes do Gauchão. "Fizemos uma operação junto a um parceiro com crédito futuro para os clubes do Gauchão, tirando Grêmio e Inter, que entenderam. Vamos fazer o pagamento integral das cotas mesmo que a Rede Globo tenha suspendido o pagamento. Claro que tem clubes que não vão receber porque já tinham recebido integralmente sua cota em forma de adiantamento", ressaltou o presidente da Federação.

Copinha está mantida

A tradicional Copinha do segundo semestre está mantida no calendário, embora circulem boatos de que será cancelada e suas vagas, na Copa do Brasil e Série D do Brasileiro, destinadas à Divisão de Acesso, que tem retorno previsto para agosto. "A Copinha não está excluída. A Federação está estudando o calendário, não vamos tomar uma medida precipitada. A distribuição das vagas vêm de regulamento da CBF, não posso simplesmente passar a vaga pra outra competição", disse Luciano Hocsman.

Noia aguarda definição e avalia fechar portas no segundo semestre

Presidente Raul Hartmann busca alternativas no Vale Foto: Gustavo Henemann/GES-Especial
O Novo Hamburgo havia trocado de treinador e deixado a zona de rebaixamento quando o Gauchão foi suspenso. Agora, além da necessidade de remobilizar os jogadores para a retomada dos jogos, a preocupação da direção anilada é com as dificuldades financeiras impostas pela crise econômica gerada pelo coronavírus.

"A situação é negativa para o Noia. Estávamos em um momento de muita atenção e cuidado pra buscarmos os pontos, principalmente nas próximas duas partidas, para nos vermos em uma situação de tabela melhor", lamentou o presidente anilado Raul Hartmann. "Sempre é mais difícil depois de desmobilizar o grupo todo e por tudo que está acontecendo. É uma situação muito ruim, estamos preocupados, mas temos que respeitar a Federação e os compromisso que a FGF assumiu com patrocinadores. Até porque os clubes praticamente vivem desses recursos. Então temos que fazer o que for necessário para terminar a competição da melhor maneira possível."

Os dirigentes anilados estão discutindo caso a caso as renegociações contratuais e salariais dos atletas. "Espero que se defina logo, pois não temos mais como aguardar. A situação financeira é dificílima. Diminuiu a arrecadação com parceiros e teremos ainda o prejuízo da renda se voltar com portões fechados", enfatizou Hartmann.

A dificuldade é tanta que o Anilado já projeta fechar as portas no segundo semestre, a exemplo do que ocorreu em 2017 e 2018. As categorias de base e escolinhas já foram suspensas por tempo indeterminado, com 25 profissionais demitidos. "Há a possibilidade de fechar o clube no resto da temporada. A temporada 2020 se encerraria após o término do Gauchão", revelou o presidente do Noia. "Vínhamos no controle financeiro, mas sem receita vamos ter que ver. Estávamos confiantes que em 2021 ou 2022 não teríamos mais passivo. Isso preocupa. O clube tem que estar sadio pra voltar em 2021."

Aimoré reduz o grupo de atletas e busca apoio para driblar a crise

Ronaldo Vieira Foto: Diego da Rosa/GES
Apesar de estar em uma situação mais tranquila que o rival na tabela de classificação do Gauchão, a crise econômica também é uma grande preocupação para o Aimoré. Sexto colocado na classificação geral do Estadual, posicionado bem no meio da tabela, o Índio Capilé aguarda uma definição sobre o Gauchão para definir os próximos passos. O presidente do clube leopoldense, Ronaldo Vieira, já trabalha com a ideia de ter um grupo de jogadores reduzido para disputar as últimas rodadas.

"Alguns contratos se encerram entre os dias 20 e 30 (de abril), mas tínhamos boa parte que encerravam nos primeiros dez dias de abril. Esses, alguns não renovamos pois faltam três partidas para o fim da fase classificatória. Outros contratos nós prorrogamos por 30 dias, e se for preciso vamos prorrogar por mais 30 e assim vamos levando. A ideia é ter 20 atletas para o término da competição", salientou o dirigente aimoresista.

Ronaldo Vieira acha difícil que o Estadual seja retomado ainda em maio. "Acho difícil retomar em maio. Seria muito bom, pela situação financeira, para terminar a sangria, mas pela saúde das pessoas envolvidas acho difícil." E o retorno com portões fechados é outra preocupação. "Esse ano dificilmente será retomado com portões abertos. E aí perdemos copa, os patrocinadores também estão com dificuldades. A situação financeira é muito delicada. Esperamos que o campeonato se conclua o quanto antes ou que se avise que não terá continuidade", destacou.

Para o dirigente do Aimoré, será preciso ter criatividade e contar com o apoio da torcida para driblar a crise. "O Aimoré passará por uma crise dificílima. Não sei como vamos passar por isso no restante do ano, vamos ter que ter muita criatividade. Se não houver apoio da comunidade, do empresariado e do próprio poder público, teremos sérias dificuldades não só no campeonato desse ano, mas para 2021 também."

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.