Publicidade
Cotidiano Animalescas

Quando o cãozinho é cuidado por toda a comunidade

Animais criados sem lar fixo e de forma comunitária recebem carinho de pessoas próximas e vivem livres para passear nas localidades em que vivem

Por Suélen Schaumloeffel
Publicado em: 15.12.2020 às 06:07 Última atualização: 15.12.2020 às 08:28

Negão visita diariamente o seu amigo Paulo no ponto de táxi, no bairro Pátria Nova, levado pela Daniela Foto: Suélen Schaumloeffel/GES-Especial
Na maioria das cidades, infelizmente, muitos cães vivem nas ruas sem nenhum tipo de cuidado. É por isso que muitas pessoas dão assistência a esses animais sem lar, garantindo o atendimento às necessidades deles de forma comunitária, enquanto um tutor ou tutora definitivo não os adotam. Em Novo Hamburgo, é comum encontrar casinhas pelas ruas da cidade, acompanhadas por um potinho com água e comida. Sem poder levar os animais para casa, pessoas sensibilizadas com a situação dos bichinhos cuidam deles na rua mesmo.

O Negão é um cão comunitário muito conhecido no bairro Pátria Nova. Ele foi acolhido pelo taxista Paulo Loreno, 56 anos, que trabalha no ponto junto ao hipermercado Bourbon. Negão viveu nas ruas ao longo dos seus mais de 10 anos de idade. Há cerca de um ano ganhou uma cama na casa de uma das suas protetoras, a estudante Daniela Martins.

Mesmo com uma casa, ele segue com o hábito de sair para caminhar na rua e principalmente visitar seus amigos no ponto de táxi. "Se ele não fizer isso todo dia, fica muito triste, nem come direito", explica Daniela. O cãozinho de porte médio foi acolhido em 2015, trazido por outro taxista. "Ele deixou ele aqui e eu não consegui ignorar. Comecei a cuidar, dar comida e cuidados", conta Loreno. Mais tarde, o cão ganhou uma casinha nova.

Com o passar dos anos, a idade começou a trazer riscos para Negão, que é reconhecido por diversas pessoas que moram e trabalham nas imediações. "Foi vindo fazer compras que conheci ele. Acostumei a comprar algo para ele comer também", conta Daniela, que tem outros três cachorros.

Quando resolveu castrar o cachorro, levou-o para sua casa, para realizar os cuidados. "Ele é velhinho, acho arriscado deixar na rua", explica. Negão até aceitou dormir na casa, mas seus passeios pela rua, assim como a visita ao amigo taxista e o costume de correr atrás de carros acontecem diariamente. "Ele viveu livre sempre, não posso ignorar isso já que é a natureza dele".

Um 'cãodomínio' com direito a síndica

Xerife mora no cãodomínio que é cuidado por Eliane Foto: Suélen Schaumloeffel/GES-Especial
A professora aposentada Eliane Pires dos Santos é uma espécie de "síndica" de um condomínio instalado no canteiro central da Avenida 1º de Março, próximo a esquina com a Rua Três de Outubro. "Não podia ficar indiferente a esses bichinhos que não têm quem olhe por eles", explica.

No local, que fica próximo de sua casa, foram colocadas cinco casinhas para cachorros. Três que a moradora conseguiu por doações e duas foram deixadas ali. Atualmente, três cães vivem no "cãodomínio", entre eles o Xerife, que não deixa o posto de vigia das casinhas. "Ele está aqui há cerca de três anos. É dócil e tranquilo", conta Eliane.

Além da moradora, algumas outras pessoas costumam deixar comida fresquinha para os cães e uma rede de amigos é onde ela busca ajuda para custear os tratamentos quando necessário. "Eles simplesmente aparecem por aqui. Aí ofereço ração, água e cuidados. Eles são todos castrados, vacinados, ganham banho e recebem antipulgas", conta.

Acostumados à liberdade da rua

Eliane conta que já tentou procurar lares para os cães comunitários, mas como são acostumados a viver livres, não aceitam ficar presos. "Eles fogem e voltam para a rua", relata. Quando eles ficam muito idosos ela acaba levando os cães para sua casa. "Fica difícil ver o cachorro com dificuldade na rua. Eles já não enxergam, ouvem ou caminham direito. Além do mais, ninguém quer adotar um cachorro idoso", observa. "Se cada um fizer sua parte, essa situação fica mais agradável. Não precisa levar para casa, mas alimentar e dar o cuidado básico de saúde para ele é simples. Evita problemas e é uma prática de cidadania", ressalta a moradora.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual