As novas altas nos preços dos combustíveis — a sexta da gasolina e a quinta do diesel, que estão 53% e 40% mais caros, respectivamente, somente neste ano — que começaram a valer nesta terça-feira (9) vão muito além da bomba. Segundo especialistas, a alta tem potencial para impactar diversos setores da economia e pressionar o preço dos fretes e dos alimentos. Sem conseguir absorver os prejuízos, de acordo com os empresários, a única certeza é que o aumento final irá cair na conta do consumidor.
"Há uma dependência da economia ao setor de transporte, que depende do transporte rodoviário e, por último, a dependência desta modalidade ao óleo diesel. Sendo os combustíveis derivados de petróleo bens básicos da economia, portanto essenciais, impactam diretamente nos preços dos demais produtos e serviços", argumenta o economista, José Antonio Ribeiro de Moura, professor de Ciências Econômicas da Universidade Feevale.
O especialista destaca que os reajustes terão efeitos em várias frentes. Quando se trata da gasolina (que já chega à R$ 5,59/litro em Novo Hamburgo), frisa ele, há um peso importante no orçamento familiar, no que diz respeito ao abastecimento do veículo próprio, por exemplo.
"Já o diesel tem um impacto menos direto, pois ele é mais associado ao transporte de carga. Tende a ter um efeito secundário em um segundo estágio na economia. Porque somente depois os preços dos produtos sofrerão reajustes no comércio, primeiramente o impacto é na utilização do veículo particular e num segundo momento, aumento dos preços em geral", avalia.
Para o motorista de transporte de cargas, Fernando Trill, de 38 anos, está cada vez mais difícil não repassar o reajuste do óleo diesel. "Além do aumento do combustível nosso setor estagnou com a pandemia. Com as lojas fechadas os fretes também pararam. Sem falar nas mudanças que diminuíram mais de 80%. São prejuízos de todos os lados", pontua.
Ao lado dos motoristas de cargas, os motoristas autônomos que atuam no transporte de passageiros também demonstraram insatisfação com o reajuste nos preços dos combustíveis. "É a matéria prima do meu trabalho, preciso da gasolina pra trabalhar, mas a situação chegou no limite", afirma o taxista Oscar Faber, 58 anos. Ele trabalha no ponto do Chafariz, na Avenida Primeiro de Março, esquina com a Rua Lima e Silva, e conta que as corridas diminuíram cerca de 50% nos últimos meses, mas o valor da tarifa segue o mesmo há quatro anos. "Fazia em média 15 corridas, hoje se completo sete fico feliz".
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