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Municípios retomam cirurgias eletivas de forma gradual na região

Hospitais adotam retomada gradual de procedimentos, que tiveram prorrogação do Estado até 30 de abril

Por Bruna Mattana
Publicado em: 22.04.2021 às 06:13

Cirurgias eletivas estão sendo retomadas gradualmente na região Foto: Fotolia
Com o avanço da pandemia, ainda em fevereiro, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) orientou que todos os hospitais suspendessem as cirurgias eletivas até o fim de março. No dia 29, no entanto, a orientação foi prorrogada até 30 de abril. Conforme a normativa do governo do Estado, "entende-se por cirurgia eletiva todos os casos possíveis de postergação de agendamento e que não tenham forte possibilidade de causar agravamento de enfermidade a curto prazo em termos de risco de vida e perda de função ou órgãos, que tenham possibilidade de agendamento prévio e que não constituem urgência ou emergência ou que não sejam decorrentes de atendimento a pacientes pós-Covid."

Devido à redução na demanda por pacientes críticos, no entanto, os hospitais da região estão retomando o agendamento das cirurgias eletivas, como é o caso do Hospital Regina, em Novo Hamburgo. "Retomamos o agendamento gradual das cirurgias eletivas consideradas prioritárias, de acordo com critério médico e observando a capacidade operacional. As eletivas sem urgência seguem suspensas, a fim de assegurar o uso prioritário dos medicamentos. No momento, nossa maior demanda reprimida está nas cirurgias que necessitam de retaguarda em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)", informou a instituição, por meio de nota.

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No Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH), com a diminuição da taxa de ocupação de leitos, as cirurgias cardíacas estão sendo retomadas essa semana. Segundo a Prefeitura, "o HMNH tem 47 pacientes na fila de espera por cirurgias cardíacas, que são as cirurgias eletivas realizadas na instituição."

Jorge espera por cirurgia de hérnia

O cortador de calçado aposentado Jorge Rodrigues, 58 anos, morador de Três Coroas, está no aguardo para operar duas hérnias na barriga, no hospital de Taquara. "Há duas semanas recebi o diagnóstico de que meu caso é cirúrgico. O médico acha que vou conseguir operar só em junho. Enquanto isso, estou tomando remédio para aliviar a dor e cuidando para não fazer esforço. Mas não tem o que fazer. Eu também não quero ser internado com o hospital no jeito que está por causa da pandemia", salienta.

 

Cirurgias represadas na região

Em Campo Bom, no Hospital Lauro Reus, 336 pacientes aguardam autorização para cirurgias de diversas ordens. Segundo o secretário municipal de Saúde, João Paulo Berkembrock, após o dia 30 de abril será avaliada a situação do hospital. "Se estiver com capacidade boa, para atender a todos com qualidade, poderemos retomar."

Em Dois Irmãos, no Hospital São José, são 1.130 cirurgias eletivas na lista de espera, sendo 255 pessoas no aguardo para cirurgia vascular, desde junho de 2017. Conforme a secretária municipal de Saúde, Aneliese Kich, as cirurgias serão retomadas após o dia 30. No Hospital São José de Ivoti são dez pacientes na fila aguardando por cirurgias de hérnia e colecistectomia. "Seguimos conforme o Estado", informou o município.

No Hospital São Francisco de Assis, de Parobé, a instituição tem 205 cirurgias previstas por mês. "Deixamos de realizar essa quantidade a cada mês sem cirurgias e estamos sem cirurgias eletivas há um ano." A prefeitura de Parobé informou que "estuda, assim que for possível a retomada das cirurgias eletivas, a realização de mutirões para reduzir estas filas de espera."

Segundo a assessoria do Hospital Bom Pastor, de Igrejinha, a instituição realiza até 325 cirurgias por mês. "As cirurgias de bucomaxilofacial estão reprimidas há 2 meses. Otorrino, o equivalente há três meses. Algumas estão com demanda reprimida há mais tempo."

O Hospital Bom Jesus de Taquara informou que o serviço será retomado quando o Estado solicitar que sejam retirados os leitos de UTI para Covid e possa voltar a utilizá-los como UTI geral.

'É fundamental manter as consultas'

O coloproctologista Pitágoras Kieling, que faz desde pequenas cirurgias de hemorroidas, fístulas e fissuras, até operações de tumores no intestino, destaca que, no momento, algumas cirurgias eletivas foram retomadas em São Leopoldo, no Hospital Dia da Unimed, devido à redução no número de casos de Covid e disponibilidade de leitos. "Mas com todas as restrições e de acordo com a disponibilidade. Estamos fazendo só cirurgias menores, que necessitam de internações de, no máximo, 24 horas", pontua.

Ele ressalta que, em Novo Hamburgo, cirurgias de maior complexidade ainda não foram retomadas pois o Município ainda tem ocupação significativa de leitos de UTI. "Tenho paciente com tumor no intestino, por exemplo, que está aguardando há dois meses pela cirurgia. Como está em fase inicial ainda não entra nos casos de urgência. Mas não posso submeter esse paciente a um procedimento sem ter 100% de certeza que terá um leito de UTI para ele caso seja necessário."

Apesar da situação, o médico reforça a importância do diagnóstico. "Ano passado tivemos redução de 50% nos diagnósticos e não é porque reduziu o número de pessoas com tumor, mas porque elas não estão procurando os consultórios. É fundamental manter as consultas", salienta Kieling.

Casos inadiáveis

Segundo comunicado do Centro de Operação de Emergência Covid, são considerados inadiáveis os atendimentos às gestantes bem como aos recém-nascidos e puérperas; os acompanhamentos pós-cirúrgicos para todos os tipos de cirurgias já realizadas, mesmo as eletivas; e atendimentos na especialidade de oncologia, cardiologia e neurologia contemplando da primeira consulta até a alta do paciente.

 

Suspensão no SUS

A pandemia provocou a suspensão de pelo menos um milhão de cirurgias eletivas no SUS em 2020. O número consta em pesquisa da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi). O setor estima que, considerados os setores público e privado, a queda média nos procedimentos cirúrgicos tenha sido de 59,8%. Em algumas regiões, o recuo teria chegado a 90%.

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