Padre avô casa neto em cena incomum entre católicos
Viúvo há 33 anos, padre Paulo Müller teve autorização especial do papa para o sacerdócio; em junho, ele completa 27 anos na função
Histórias de casamentos sempre marcam vidas. Mas a da do engenheiro químico Ânderson Martins Müller, 31 anos, de Estância Velha, é ainda mais especial. Sábado, ele se casou com a médica Rafaela Pilla Muccillo Müller, 30, pelas bênçãos do avô. Num fato raro, o avô que celebrou o casamento religioso na igreja Santa Teresinha e Paróquia do Santíssimo Sacramento, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. A celebração completa um círculo de vida realizador para o padre Paulo Müller. Aos 85 anos, é o único sacerdote das 22 cidades e 49 paróquias que integram a Diocese de Novo Hamburgo que já foi casado e por isto tem filhos, netos e bisnetos.
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O neto, que se casou no sábado, não é o único da família que teve a oportunidade de ter o padre Paulo Müller como responsável pela consagração. Ele também celebrou o casamento do filho Daniel, batizou todos os três bisnetos e ainda fez a cerimônia dos 25 anos de casamento do filho Jackson.
Experiência valorizada"O vô nos falou bastante sobre a importância do matrimônio e de como o amor é a luz que ilumina a vida. Sem ele, as pessoas ficam perdidas', declarou Ânderson neste domingo, um dia após o casamento, que foi embalado por músicas cantadas pelo coral acompanhado do órgão da igreja, relembrando as canções do casamento do padre, em 1959.
Com experiência de família, padre Paulo falou em amor, respeito, fidelidade e caridade aos noivos. "Existe muito desrespeito no matrimônio. Muitas pessoas não respeitam. Acham que é uma coisa qualquer, mas não é. É uma coisa muito séria. E eu tenho autoridade para falar dessas coisas porque eu vivi o matrimônio durante 29 anos. Não quero criar clima para ninguém, mas que seja um dia feliz para eles e se alegrem comigo e eu com eles", declarou dias antes do casamento.
Convivência com a família é saudada na catedral
"É uma alegria ter o padre Paulo, porque traz uma experiência que os demais não têm. É bonito ver os filhos dele aqui, cuidando dele, ter visto a bisneta, é bonito ver que ele se completou casado com a Lizzete, mas é lindo se completar no sacerdócio", comenta o vigário da Catedral São Luiz Gonzaga Everson Lino Rodrigues, que acrescenta ser motivo de orgulho a presença de um padre que já passou pela experiência do matrimônio. "São casos raros, mas se o Senhor nos concedeu, nos concedeu como dom e como graça."
Autorização especial do papa João Paulo II
Paulo Müller ficou viúvo em 1988. Ele já era ministro e diácono e manifestou a vontade de se tornar padre quando uma família não queria um diácono para fazer um sepultamento. "Pedi para Dom Boaventura (Kloppenburb), o bispo na época, se era possível ficar padre. Ele respondeu: "'Eu vou a Roma semana que vem e daqui a 14 dias estou de volta'. D. Boaventura falou com o papa João Paulo II, explicou a situação e trouxe a notícia que eu estava aprovado. Fui completar os estudos do diácono para ser sacerdote. Fiquei dois anos e meio estudando e dia 2 de junho de 1995 fui ordenado", recorda o padre Paulo.