Corte de mais de 30 árvores em área de lazer revolta moradores; veja o que será feito no local
Prefeitura de Campo Bom afirma que área está sendo preparada para receber o primeiro pomar urbano da cidade; veja imagens
Por volta das 7h30 de quarta-feira (25), um pedaço da história de moradores da Rua 31 de Janeiro, bairro Bela Vista, em Campo Bom, foi literalmente podado. A Secretaria de Obras deu início ao corte de árvores de um espaço verde que era usado por moradores como área de lazer. Segundo o município, a medida é o início de um projeto de pomar urbano (veja mais detalhes abaixo).
Com muita sombra e diversas árvores frutíferas, vizinhos se reuniam no fim de tarde no local para descansar e tomar chimarrão, enquanto as crianças brincavam. No entanto, já na tarde desta quinta-feira (26) a realidade era bem diferente.
Conforme conta o casal Suélen Thais Anton, 27 anos, e Julio Cesar Schwan, 33, ao menos 35 árvores foram cortadas, causando espanto e revolta nos moradores, que não tiveram nenhum comunicado sobre a ação.
O número só não foi maior porque Carlos, marido de Silvia Schell, 60 anos, deixou o trabalho em Novo Hamburgo no meio da manhã para impedir que a derrubada continuasse. “Todos os dias eu abria a minha janela e via essa natureza linda. E de uma hora para outra destruíram tudo, nós ficamos em choque”, conta Silvia. A revolta é ainda maior porque a maioria das árvores tinha sido plantada e cuidada pelos próprios moradores.
"Chega de vítimas": Grupo que protestava contra médico investigado pela morte de 42 pacientes é recebido por juíza em Novo Hamburgo
ESCRIVÃO ASSASSINADO: Advogado pede impedimento de promotor no júri do Caso Ruschel
CATÁSTROFE NO RS: Corpo de homem encontrado em rio de Triunfo é de vítima da enchente, confirma Defesa Civil
Quem também lamenta é Eliane Lazzari, 50 anos, mãe de duas filhas, 16 e 11 anos. Ela conta que as meninas sempre iam para a praça fazer os deveres da escola. "Acabaram com a nossa praça. Não dá pra acreditar que fizeram isso." Jeferson Brinker mora nesta rua há nove anos e há quatro havia plantado diversas palmeiras ao redor da praça. No entanto, quando voltou para casa na manhã de quarta-feira, eles já não existiam mais.
“Derrubaram árvores frutíferas, nativas, árvores de 40 anos que a população plantou e cuidou todos esses anos. Uma destruição que comove quem mora aqui. Nunca imaginamos que nosso espaço verde, que foi cuidado por décadas, virou pó. Nosso patrimônio natural foi destruído para colocar calçadas. Nenhum morador ficou sabendo até derrubarem tudo”, reclama Suélen.
Local receberá projeto inédito no município de Campo Bom
Questionada, a Prefeitura informou que o local receberá o primeiro pomar urbano de Campo Bom. O projeto, vinculado ao Plano Municipal de Arborização Urbana, objetiva aumentar as áreas arborizadas da cidade e proporcionar espaços de lazer e interação aos campo-bonenses. A obra tem prazo de execução de oito meses.
“No local, serão plantadas mais de 250 árvores de 25 diferentes espécies de frutas nativas e exóticas. A urbanização da área contará ainda com playground, academia ao ar livre, pet park, pergolados com recantos de descanso, mesas de xadrez, percursos de caminhadas, além de novo sistema de iluminação com lâmpadas de LED, garantindo mais segurança”, informou por nota.
Ainda conforme o Poder Executivo, as supressões (algumas árvores serão transplantadas) para o início da obra foram autorizadas pelos órgãos competentes, de acordo com as leis ambientais. “A expectativa é que, em cerca de cinco anos, as árvores do pomar já estejam dando frutos.”
Por fim, a Prefeitura disse que o plano municipal integra o programa Arboriza Campo Bom, que prevê o plantio de árvores no espaço urbano a fim de garantir o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade. “É importante destacar que o cidadão pode, sim, plantar árvores em áreas públicas, mas deve sempre solicitar autorização junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema). A orientação técnica é fundamental para que não sejam plantadas espécies que possam causar problemas, por exemplo, no encanamento público.”, finaliza.