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Notícias | Canoas Visitas no pátio

'Estamos sem abraço há um ano', diz médico intensivista que vê os pais só de longe

Apesar do distanciamento físico do filho, necessário durante a pandemia, seu Ney e dona Valquiria descobriram um novo hobby: fabricar casinhas de passarinho utilizando caixas de leite

Por Bruna Aquino
Publicado em: 12.03.2021 às 09:40 Última atualização: 12.03.2021 às 09:57

Felipe evita ao máximo entrar na casa dos pais Foto: PAULO PIRES/GES
O distanciamento social é sinônimo de prevenção à Covid-19, mas também uma das tantas consequências da pandemia. Há um ano, amigos e familiares se veem a distância para evitar um possível contágio, ainda mais com relação aos profissionais da saúde. Médico intensivista, Felipe Fortes visita os pais sempre que possível, mas a proximidade deu lugar a um rígido protocolo, simplesmente necessário.

Atuando na UTI Covid do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Canoas, - já esteve na linha de frente em hospitais como Centenário (São Leopoldo) e São Camilo (Esteio), Felipe tenta preservar ao máximo a saúde de seu Ney, 81 anos, e dona Valquiria, 78. "O primeiro cuidado foi não chegar perto. Sempre de máscara e, de preferência, no pátio", conta o hebiatra (médico de jovens).

Outra precaução é não tocar nos pais. "Estamos sem abraço há um ano", comenta. No Natal, teve celebração no pátio, mas tudo com o devido distanciamento.

Seu Ney e dona Valquiria contam apenas com as presenças do filho e da empregada Eliane, encarregada pelas compras. Questionado quanto aos cuidados que seriam tomados com os pais se não fosse da área da saúde, Felipe é enfático: teria exatamente os mesmos.

Sobre o risco a que o filho se expõe trabalhando em uma UTI Covid, dona Valquiria afirma: "De vez em quando acendo uma vela e peço para Nossa Senhora cobrir o Felipe com o manto dela".

Dom das casinhas

Casinhas são puro caprinho Foto: PAULO PIRES/GES
Com a pandemia, o dentista Ney Fortes e a professora aposentada Valquiria deram lugar a um casal de artistas que transforma caixas de leite em charmosos chalés para passarinhos, inspirados em casinhas que eles têm nas paredes externas. "Com a pandemia, ficamos mais parados e começamos a fazer as casinhas", conta seu Ney.

Ele é o responsável por montar a estrutura: medir tudo, cortar, colar. Ela se encarrega da pintura e finalização das casinhas, que podem ter até três cômodos. "Eu tava achando muito simples essa casinha, daí inventei de fazer com três cômodos, para uma família maior", diverte-se seu Ney.

"A mãe tem muita habilidade manual e o pai é um workaholic que não consegue ficar parado", diz Felipe. Ele ganhou uma e mostrou o presente por meio do Instagram, encantando muita gente, seguidores ou não.

Caixinhas ganham vida através das habilidades manuais do casal

Casinhas foram mostradas pelo filho no Instagram Foto: PAULO PIRES/GES
"Tinha um monte de caixa de leite que a gente botava fora e agora dificilmente vai fora", contextualiza o "engenheiro" Ney, que fixa a estrutura com cola de sapateiro.

A casinha leva três horas para ficar totalmente pronta. São quatro mãos de tinta e uma de verniz.

Dona Valquiria também faz crochê (com destaque para lindas mandalas e mantas) e até licor de butiá.

Vale destacar que o casal vende as casinhas. O contato pode ser feito pelo telefone 3051-3515 ou pelo Instagram de Felipe (@medicodejovens).

Seu Ney ainda tem fama de ser ótimo cozinheiro

Seu Ney mostra o gosto pelos trabalhos manuais Foto: PAULO PIRES/GES
Com consultório montado no Centro mas fechado devido à pandemia, seu Ney deixa de lado a odontologia e aproveita o tempo em casa para se dedicar a afazeres que gosta. E isso não se restringe às casinhas. Ele já usou tampas de garrafa pet para bonequinhos.

Tanto Felipe quanto dona Valquiria comentam que ele cozinha muito bem. Questionado, seu Ney revela que até pão faz. Em um story recente no Instagram, o filho brincou que foi pegar um pote de feijão e era sagu e que, se os pais vissem a publicação, certamente receberia um feijão.


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