Vinte dias depois de ter sido afastado do cargo de prefeito de Canoas no âmbito da Operação Copa Livre, desencadeada pelo Ministério Público (MP) para apurar supostas irregularidades na Prefeitura, Jairo Jorge (PSD) se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto. Até então ele havia feito apenas uma rápida declaração via redes sociais.
Na noite desta quarta-feira (20) ele divulgou nas redes sociais um vídeo de quase oito minutos onde diz ter certeza de que vai provar sua inocência. Jairo está recorrendo junto ao Tribunal de Justiça (TJ) para tentar reassumir o cargo. Disse que confia no Judiciário e no Ministério Público e que só se pronunciou agora "para não interferir na ação judicial". "As investigações foram muito importantes para evitar que pessoas mal-intencionadas prejudicassem a cidade de Canoas", declarou.
O prefeito afastado diz que "31 de março de 2022 foi o pior dia da minha vida". "A porta do edifício onde moro foi arrombada e mais de 15 agentes armados entraram no meu apartamento", contou. "O pior de tudo foi ver a humilhação que meus pais, com 94 e 92 anos, passaram ao ver sua casa tomada às 6 da manhã por agentes com fuzil e metralhadora que nada encontraram", acrescentou.
"Não sou culpado do que me acusam. Em nenhum momento compactuei com o erro e, na Justiça, terei oportunidade de provar minha inocência", diz Jairo Jorge, acrescentando que "se alguém errou deverá responder pelos seus erros". Ele admite que "infelizmente erros aconteceram", mas não detalha quais e nem cita nomes.
Jairo Jorge rebate a acusação do MP de que teria recebido dinheiro de forma irregular, em um restaurante de São Paulo, durante a campanha eleitoral de 2020. "No referido dia eu estava em Canoas fazendo reuniões, gravações de vídeo e live. A única vez em que estive na capital paulista me reuni apenas com lideranças políticas", afirma, assegurando que ele e o vice Dr. Nedy (Avante) fizeram "uma campanha simples e singela, paga apenas com recursos do fundo eleitoral".
No vídeo o prefeito também comenta sobre os três contratos onde, segundo a Operação Copa Livre, haveria irregularidades. "São três contratos emergenciais, urgentes: o da gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, o da operacionalização do Samu e da limpeza de prédios públicos", resume, detalhando um pouco cada um deles. Os contratos somam R$ 66 milhões, mas segundo Jairo "até 31 de março a Prefeitura havia desembolsado em torno de R$ 18 milhões, a maioria com salários e direitos trabalhistas que mil trabalhadores".
O prefeito afastado também comentou pela primeira vez sobre o suposto uso de uma farmácia da família para ocultar uma possível movimentação financeira ilegal, conforme informou o Ministério Público. "Minha esposa e sua filha, que mora em São Paulo, com recursos próprios e legais, se tornaram sócias de duas farmácias. E como qualquer estabelecimento, tem receitas e despesas e os lucros são compartilhados entre os sócios", informou.