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GOLPE DO CONSIGNADO: Ofertas vantajosas para quitar dívidas eram propostas por estelionatários que movimentaram milhões; entenda

Ofensiva lançada na manhã desta quinta-feira (10) mirou grupo de criminosos de Canoas responsável por estelionatos a servidores do Nordeste; nove foram presos

Publicado em: 10.08.2023 às 12:38 Última atualização: 10.08.2023 às 14:03

Polícias do Rio Grande do Sul e do Ceará uniram esforços e lançaram, na manhã desta quinta-feira (10), a batizada Operação Lucas 12, mirando uma organização criminosa responsável por crimes de estelionato cometidos em Canoas contra servidores públicos do Nordeste.

Agentes cearenses cumpriram mandados no bairro Mathias Velho nesta quinta-feira (10) | Jornal NH
Agentes cearenses cumpriram mandados no bairro Mathias Velho nesta quinta-feira (10) Foto: POLÍCIA CIVIL/REPRODUÇÃO

A ofensiva organizada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em parceria com a Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, no Ceará, desmantelou uma quadrilha responsável por uma centena de vítimas do "golpe do consignado".

A investigação começou após ocorrência feita por uma servidora pública em uma delegacia do Nordeste. Partindo da denúncia, a polícia identificou dezenas de vítimas lesadas pelo grupo do Rio Grande do Sul.

Cerca de 80 policiais cearenses e gaúchos cumpriram 18 mandados de prisão e 20 de busca nas três cidades nas cidades de Porto Alegre, Gravataí e Canoas, mais exatamente no bairro Mathias Velho, onde a quadrilha estava sediada e organizava os golpes.

Diretor do Deic, o delegado Eibert Neto aponta que foram identificadas 18 pessoas como participantes do grupo de criminosos. Foram nove presos, somente na manhã desta quinta-feira, pelos crimes de estelionato e associação criminosa.

Ele conta que a servidora pública procurou a Polícia para noticiar que foi vítima do "golpe da portabilidade de empréstimo" ou "compra de dívida", que consiste na aquisição de novo empréstimo consignado sob o pretexto de quitação de empréstimos anteriores.

"Foi tudo executado de maneira que o valor do novo contrato fosse transferido para a conta bancária dos criminosos, os quais bloquearam a vítima tão logo receberam a transferência bancária", explica.

Por meio da investigação, a Polícia observou que havia diversas empresas com o mesmo nome fantasia, porém com CNPJs diferentes, registradas na Receita Federal do Brasil, cujas atividades seriam empréstimos financeiros e correspondências bancárias.

"Foi possível identificar que o grupo utilizava de dados pessoais e registros bancários de servidores públicos para entrar em contato com as vítimas oferecendo propostas de quitação de dívidas", aponta Neto.

Os negócios, reforça o delegado, eram sempre com ofertas mais vantajosas em relação aos empréstimos consignados atuais, além de supostos reembolsos por empréstimos em andamento que nunca seriam pagos às vítimas.

Tecnologia de ponta

É claro que os golpistas não saíam do bairro Mathias Velho rumo ao nordeste para aplicar os golpes. No curso do inquérito, os policiais identificaram os responsáveis pelas ligações telefônicas para as vítimas.

Foi possível também descobrir a utilização de modernas tecnologias, como centrais PABX virtuais, discadores automáticos e uso de redes privadas de VPNs para mascarar conexões de internet.

"Ficou bastante claro que os criminosos envolvidos possuem conhecimento em informática", ressalta Neto.

Lavagem de dinheiro

Conforme a polícia, a apuração comprovou a existência de organização criminosa hierarquizada e voltada à prática de crimes de estelionato e lavagem de dinheiro. Isso porque os integrantes têm ligação com o tráfico de drogas e entorpecentes.

O delegado aponta que os criminosos movimentaram milhões desde o início da pandemia, razão pelo qual ficou comprovado até que dois dos investigados compraram, no final de 2022, um apartamento no valor de R$ 350 mil, com pagamento em espécie.

"Foi demonstrada no curso da investigação a movimentação de milhões de reais das contas dos investigados, havendo centenas de transferências para os alvos da operação. Todos os valores movimentados são incompatíveis com a renda dos investigados", frisa Neto.

Scania que custou meio milhão

A polícia cumpriu mandados de prisão preventiva de 18 alvos, mais outros 19 buscas de busca e apreensão mirando dinheiro, joias, aparelhos eletrônicos e outros bens de valor), 19 mandados de indisponibilidade e bens e valores e bloqueio de contas bancárias, além da busca específica por oito veículos previamente identificados. Um dos veículos apreendidos durante ação era uma Scania e um Semirreboque comprados em abril de 2023, cujo somatório dos valores ultrapassa os R$ 500 mil.


Estelionato

Os "golpes de consignado" vem chamando a atenção de bancários. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) promoveu um levantamento que os crimes cresceram 60% desde a pandemia, quando a recessão econômica chegou ao ápice no País.

Ainda segundo a polícia, a ação desta quinta-feira recebeu o nome de "Operação Lucas 12" por referir-se a um capítulo da Bíblia com vários ensinamentos e advertências contra o uso da riqueza.

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