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Especialista diz que reentrada de lixo espacial é rara no RS: "Quando acontece a gente acompanha e vibra"

Cristian Reis Westphal explica que há mais de 20 mil corpos em torno da terra, porém é bastante raro que algum cai e seja visto na região

Publicado em: 25.08.2023 às 11:34 Última atualização: 25.08.2023 às 14:13

Um ponto luminoso, visto em alta velocidade no céu do Sul do Brasil, serviu para todo o tipo de tese por parte dos "especialistas" de plantão, por meio das redes sociais, na madrugada desta sexta-feira (25).


Cristian Reis Westphal estava de olho no fenômeno visto no céu nesta sexta-feira (25) | Jornal NH
Cristian Reis Westphal estava de olho no fenômeno visto no céu nesta sexta-feira (25) Foto: PAULO PIRES/GES

Foi preciso que os especialistas de verdade entrassem em jogo e divulgassem que o fenômeno foi causado pela reentrada na atmosfera de um pedaço de foguete russo na órbita terrestre.

Passada a euforia nas redes sociais, os ânimos continuam exaltados entre a comunidade científica. O efeito luminoso, afinal de contas, não é algo que vá se ver todos os dias, segundo os especialistas.

O estudioso e divulgador científico Cristian Reis Westphal estava de olho no céu, com um telescópio, na madrugada desta sexta-feira. Isso porque a queda do corpo no continente estava programada e era aguardada com ansiedade.

"É muito rara a entrada de lixo na Região Sul, então quando acontece a gente acompanha e vibra", conta. "Porque o fenômeno em si é sensacional como uma esfera luminosa, em alta velocidade, pegando fogo".

O rastro de fogo tratava-se da ponta de um foguete russo lançado no espaço, esclarece Westphal. Era lixo espacial caindo na atmosfera, em resumo. Apenas um entre os mais de 20 mil que existem em órbita em torno da terra.

"Quem observa o espaço sabe que há um grande lixão criado por corpos lançados no espaço", observa. "Nem todos caem feito um meteoro como aconteceu agora, mas os foguetes têm, em geral, reentrada programada".

E qual a chance de a ponta de um foguete cair do céu sobre uma casa, carro ou mesmo terreno? Quase nula, defende Westphal. Tudo porque o cálculo é garantido antes mesmo do lançamento espacial para que a queda se dê sobre o mar.

"Olha, a gente até fica sabendo, porque há registro, de quedas sobre o solo, porém é mais comum que o corpo caia sobre o mar, o que impossibilita de algum civil correr atrás e achar o restante do foguete".

Imaginário popular pensa em ETs

Após o surgimento do fenômeno, não faltou quem apontasse se tratar de uma espaçonave alienígena entrando na órbita da terra durante a madrugada. Pura bobagem, é claro, diz Westphal.

Ele lembra que o imaginário popular vive de décadas de ficção criada pela televisão e cinema. Isso acaba criando associações imediatas entre algo desconhecido no espaço e a presença alienígena.

"A simples reentrada de um pedaço de metal maciço na atmosfera cria um efeito belo brilhante, mas é claro que houve quem pensou que uma nave alienígena bateu em um satélite e caiu na terra", brinca.

E sobre a suposta presença alienígena na Terra? O assunto é discutido atualmente nos Estados Unidos, depois que militares garantiram que os americanos mentem sobre naves no planeta. O estudioso diz ser uma discussão pertinente.

"Se a gente pensar no imaginário popular povoado por criaturas verdes ou aquelas saídas de um filme de Steven Spielberg, o assunto vira bobagem. Agora, seria ingenuidade imaginar que estamos sozinhos no universo. Embora não exista comprovação científica, pode-se supor que há vida na fora da Terra, sim".

É preciso cautela na internet

Para se ter um panorama do montante de lixo espacial existente, aponta Westphal, somente no ano passado, o empresário Elon Munsk mandou 5 mil satélites Starklink para a órbita da Terra.
O lançamento, lembra Westphal, criou efeitos sobre o céu que acabaram sendo confundidos por "naves espaciais", no Rio Grande do Sul, no início do ano.

"O momento é bastante empolgante para quem estuda o espaço, já que nunca se olhou tanto para o céu", defende o estudioso. "No entanto, é preciso ter cautela ao absorver as informações, porque hoje, se está na internet, é verdade. E isso, sem dúvida, é um problema e acaba prejudicando quem divulga um trabalho científico sério".

Programação

Quem quiser saber mais sobre o tema, pode discuti-lo em um evento que será promovido por Cristian Reis Westphal neste sábado (26), a partir das 9 horas, na Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya, em Esteio. Será o V Encontro Rio Grandense de Astronomia.

"Vamos reunir diversos especialistas e serão discutidos este e outros temas bastante relevantes a respeito da astronomia", convida. "Acho que é momento ideal para quem quer se aprofundar sobre o tema, ouvir e também falar com quem conhece e estuda profundamente sobre o assunto".

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