Sexta-feira começa marcando data incomum: um dia sem prefeito em Canoas
Vice Nedy de Vargas Marques precisa aguardar notificação da Justiça Federal para assumir o cargo. Já o prefeito Jairo Jorge está judicialmente impedido de voltar ao Paço Municipal
A decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) de afastar o prefeito Jairo Jorge (PSD), nesta quinta-feira (23) tem como consequência o retorno do vice Nedy de Vargas Marques (Avante) ao Paço Municipal.
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A medida acabou criando um hiato pouco comum na história política da cidade: a sexta-feira (24) começa com a cidade sem nenhum prefeito. Isso porque Nedy precisa aguardar ser notificado da decisão do Tribunal.
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Além dos servidores que tocam a máquina pública, funcionários ligados à gestão do prefeito Jairo Jorge trabalham normalmente nesta sexta-feira (24), segundo confirmação da assessoria de Jairo.
Hospitalizado, o vice Nedy se recupera de um procedimento cardíaco. Ele confirmou à reportagem do Grupo Sinos, nesta quinta-feira, que está em condições e “sedento” para reassumir o cargo.
Clima de animosidade
Nedy de Vargas já havia assumido a Prefeitura de Canoas quando o prefeito Jairo Jorge foi afastado do cargo em março de 2022. Na época, o clima era de solidariedade entre o vice e Jairo.
O cenário político em Canoas, entretanto, mudou ainda durante o período de afastamento de Jairo, com o rompimento entre o prefeito afastado e Nedy sendo escancarado publicamente.
A lembrar, no início de 2023, Nedy aprovou uma reforma administrativa, que afastou da gestão os aliados políticos de Jairo. A resposta a medida ocorreu meses depois.
Ao reassumir o cargo em março, Jairo exonerou a quase totalidade dos cargos que haviam sido garantidos por Nedy. "A política ama traição, mas odeia o traidor", Jairo chegou a dizer ao Grupo Sinos na época.
Relembre o caso
Foi no dia 31 de março de 2022 que a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do RS determinou o afastamento do prefeito Jairo Jorge do cargo. A Operação Copa Livre partiu de supostos desvios de recursos públicos, em especial de uma empresa responsável pelos serviços de limpeza e copeiragem em unidades de saúde de Canoas.
Em setembro de 2022, o MP-RS apresentou uma segunda denúncia contra Jairo. Essa referente a duas licitações que teriam sido negligenciadas, beneficiando a contratação de determinada empresa que deveria gerenciar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Em março de 2023, o prefeito voltou à Prefeitura quando um terceiro pedido de afastamento feito pelo Ministério Público do Estado (MP-RS) foi negado pelo Tribunal de Justiça Estadual (TJ-RS).
Na época, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu que a competência para julgar o caso era da Justiça Federal.
Em agosto, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu um parecer recomendando novo afastamento do político. O prazo inicial seria de 180 dias, podendo ser prorrogado por outros 180, o que se confirmou nesta quinta-feira durante reunião presencial em Curitiba.