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Notícias | Especial Coronavírus Saúde

Falta de máscaras e outros equipamentos de proteção deixa hospitais da região em alerta

EPIs são fundamentais para realizar o atendimento. Desde a pandemia, há muita procura e valores subiram muito. Comunidade faz a diferença com doações

Por Débora Ertel
Publicado em: 03.04.2020 às 05:00

Feevale trabalha na finalização de protótipos de EPIs Foto: Gustavo Henemann/GES-Especial

Hospitais de toda a região enfrentam dificuldades de adquirir os equipamentos de proteção individual (EPIs), fundamentais para preservar a vida de quem lida com o coronavírus. O problema surgiu quando a China, principal produtor mundial de insumos para a saúde, foi atingida pelo novo coronavírus. A situação atinge casas de saúde em Campo Bom, Dois Irmãos, Parobé, Igrejinha, Montenegro, Novo Hamburgo, Sapiranga e Três Coroas também preocupa o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

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"Se os profissionais de saúde adoecem, logicamente a capacidade de atendimento vai cair drasticamente", analisa Mandetta. Ele também recomendou que a população faça máscaras caseiras e disse que um protocolo para isso seria criado.

A escassez de produtos não é o único empecilho. O reajuste no preço da máscara cirúrgica descartável, por exemplo, foi em média de 3.000%. Por isso, a solidariedade da população têm sido fundamental.

Em Novo Hamburgo, a Fenac é ponto de referência para receber as doações aos hospitais. Além disso, há indústrias adaptando linhas para produzirem EPIs. Para o diretor da Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH), Ráfaga Fontoura, a solidariedade faz toda a diferença.

"É realmente fundamental e maravilhoso o que essas empresas estão fazendo, de produzir e doar os EPIs para os hospitais. Não adianta apenas ter dinheiro, pois não há o produto no mercado", salienta.

A importância das doações é endossada pelo administrador do Hospital Lauro Reus, de Campo Bom, Jéferson Moschen. "Com esse apoio temos conseguido segurar o nosso time em pé e prestar o serviço para a comunidade", resume.

Atendimento mantido mesmo com profissionais a menos

Mesmo com 11% a menos de profissionais da saúde na rede municipal, afastados por sintomas gripais, a Prefeitura garante o atendimento segue normalmente.

Segundo a assessoria de imprensa do Município, há processos seletivos em aberto, mas não há necessidade no momento de contratação. Ao todo, 220 pessoas estão afastadas de todos os setores da área da saúde, desde a atenção básica até a área administrativa.

À medida que termina o período de 14 dias de atestado, eles passarão por atendimento médico para uma pré-triagem.

Muito mais caro

Antes da pandemia, a FSNH comprava uma unidade de máscara cirúrgica descartável por R$ 0,08, item que custa hoje R$ 2,50. Já no caso do álcool gel, que não é EPI, mas é importante para a higienização, a alta observada pelo Hospital São José de Dois Irmãos é de 500%. Antes a casa de saúde pagava 40 reais por cinco litros, hoje os mesmos 40 reais são utilizados para pagar um litro do produto.

A máscara N95, de uso exclusivo de profissionais da saúde, era encontrada no mercado por R$ 1,90 e hoje pode chegar a R$ 47, uma variação de 2.473%. Moschen comenta que um pedido pago anteriormente com R$ 1,5 mil atualmente custa R$ 5,5 mil, com o risco de nem todos os itens serem entregues.

Outros itens que subiram de preço

Luvas de procedimentos - de R$ 14,10 para R$ 28,90

Álcool 70% líquido - de R$ 3,90 para R$ 19,80

Avental descartável - de R$ 4,50 para R$ 15,00

Máscara N95 - de R$ 1,90 para R$ 47,00

Caixa com 50 máscaras - de R$ 4,00 para R$ 40,00

Álcool gel 5 litros - de R$ 40,00 para R$ 200,00

 

Feevale conta com apoio de voluntários na produção

Uma força-tarefa da Feevale fará com que os trabalhadores da área da saúde na região sejam abastecidos com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) durante o combate à pandemia do novo coronavírus. A união de esforços de empresas vinculadas ao Feevale Techpark, de Campo Bom, profissionais e alunos voluntários da universidade proporcionará a confecção de 30 kits de calça e jaleco cirúrgico, 100 kits de lençol e fronha, e mil máscaras.

Para a produção destes materiais, a Feevale contou com a parceria da Dublauto Gaúcha, que doou cerca de 6 mil metros de tecido poliéster e 1,5 mil metros de malha de bambu de diversas cores para a confecção de calças e jalecos cirúrgicos e das roupas de cama.

A empresa Rita Corrêa dos Santos Jaquetas também contribuiu com a doação de tecidos para a confecção do material. E com apoio do Sicredi, a Feevale adquiriu o tecido para as máscaras.

Nesta semana, no Laboratório do curso de Moda, foi dada sequência à produção dos protótipos dos materiais e, na próxima semana, a Feevale aumentará o fluxo de trabalho pois ainda aguarda a chegada de todas as doações. "Atendemos prontamente a fabricação dos EPIs. Estamos apenas com a dependência pontual da matéria-prima ser entregue para dimensionar a produção. Na semana que vem já teremos alguma coisa para entregar", afirmou a professora do curso de moda Renata Fratton Noronha.

A diretora de inovação da Feevale, Daiana de Leonço Monzon comentou sobre a distribuição dos EPIs aos hospitais da região. "Vamos favorecer as cidades que nos procuraram e estão inseridas na Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), e também Esteio", afirmou.

Interessados em contribuir com a produção dos equipamentos na universidade podem entrar em contato pelo e-mail techpark@feevale.br ou pelo telefone (51) 3597-5802.

Coren recebe denúncias de falta de equipamentos

Se de um lado os hospitais relatam que enfrentam dificuldades para comprar EPI, do outro lado profissionais reclamam que não recebem os itens suficientes. De 13 de março até a última sexta-feira (27), o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) recebeu 114 denúncias/reclamações na Ouvidoria. Segundo dados da entidade, há mais de 128 mil profissionais da área da enfermagem no Estado, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares e atendentes.

Para tentar auxiliar, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) publicou na semana passada chamamento público para a compra de máscaras de proteção N95. Depois que os produtos forem adquiridos,o órgão vai encaminhar os itens diretamente aos Corens. A proposta é envolver também os secretários estaduais e municipais de Saúde na logística de distribuição.

 

Treinamento para eficácia do EPI

Como há falta de EPI no mercado e o custo é elevado, a ordem no Hospital Municipal de Novo Hamburgo é evitar o desperdício e seguir à risca as orientações técnicas sobre a colocação e dispensação dos equipamentos.

"Por isso que os médicos e as pessoas que trabalham na área da Covid não estão mais saindo para dar informações, pois precisam desparamentar. Daí é mais um kit que vai fora", explica Ráfaga Fontoura.

O diretor também alerta para o uso correto do EPI, que pode ser um canal de contaminação caso seja utilizada da forma errada. Sobre a validade dos EPIs, ele informa que a máscara N95, se não sofrer uma contaminação, como uma mancha de sangue, por exemplo, pode durar até 15 dias.

"É inimaginável realizar o atendimento ao paciente com coronavírus sem o uso do EPI".

Uso de EPI vai além do coronavírus

O Hospital São Francisco, de Parobé, recebeu terça-feira (31) a doação de 60 protetores faciais de acrílico dos empresários Gabriel Costa e Estéfani Brenner. A empresa desenvolveu o produto especialmente para a casa de saúde. A instituição criou uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 150 mil para adquirir EPIs.

A mesma campanha é feita pelo Hospital Bom Pastor, de Igrejinha. O Lauro Reus também promove campanha.

 

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