A cadeia produtiva do calçado vem enfrentando dificuldades por causa da crise econômica sem precedentes causada pela pandemia do novo coronavírus. Nas duas últimas semanas, diversas calçadistas com o objetivo de amenizar os impactos que geraram cancelamentos de pedidos e linhas de produção paralisadas optaram pela redução do quadro de funcionários. E não foram somente as fábricas de calçados que tiveram que adotar medidas amargas. Empresas de componentes já sentem o efeito cascata.
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Em Novo Hamburgo, o diretor-presidente da Bertex, Gerson Berwanger, confirmou 20 demissões. "Tivemos que desligar 20 profissionais que estavam em contrato de experiência. Estamos bastante preocupados porque não sabemos quando essa situação vai começar a se normalizar", afirma, ao revelar que a Bertex estuda outras medidas para amenizar os impactos econômicos da pandemia.
Pela linha sucessória da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Berwanger, que atualmente é o vice-presidente executivo, assumiria a presidência da entidade em maio deste ano. Entretanto, a mudança deve ficar para junho ou julho. "Ontem (quinta-feira, dia 3) mesmo estávamos conversando sobre isso, vamos postergar porque não é apropriado e nem tem clima para mudarmos a gestão no meio da turbulência", fala.
O executivo, que sucederá Milton José Killing, frisa ainda a preocupação da entidade com as micro e pequenas empresas do setor. "Todas estão sofrendo, mas as pequenas enfrentam mais dificuldades por terem um fluxo de caixa menor. Justamente por isso, o governo está focando benefícios para essas empresas." Outro ponto elencado por Berwanger que tem gerado muita preocupação é o acesso ao crédito. "Os negócios estão tendo muitas dificuldades para acessar. Além disso, as instituições financeiras têm aumentado os juros pelo fato de que o risco está aumentando."