O conteúdo repassado aos estudantes das estaduais através de atividades domiciliares vai valer como horas-aula, decidiram as entidades representativas. Outra informação importante: o ano letivo 2020 está garantido apesar da mudança total de rotina para professores e alunos. Por decreto, o governador Eduardo Leite estendeu a suspensão das aulas até 30 de abril, mas o que mais preocupa a comunidade agora, os pais em especial, é que o vínculo com a escola não seja quebrado, e este não seja um ano perdido em termos de conteúdo. Além disso, os jovens em casa precisam de ocupação e de rotina, algo que se fragiliza com a distância física dos professores, que são a referência. Criatividade e tecnologia têm sido recursos importantes para dar conta desde momento atípico. Mas fica sempre a dúvida: como fica o aproveitamento daqueles que não têm acesso aos meios digitais?
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O DC conversou com a coordenadora da 27ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Sônia Rosa, para saber como estão as aulas em casa, em tempos de risco de contágio pela Covid-19. São 36 estaduais em Canoas, com 20.567 alunos. É um universo considerável, com estudantes prontos para o ambiente digital e outros muito pequenos para usufruir a pleno da tecnologia. Há ainda possíveis questões de ordem econômica, pois se sabe que não é barato ter um plano de internet em casa, celular e computador. “Não oferecemos Educação a Distância (EAD), não somos autorizados, o que fazemos são Aulas Programadas”, esclarece a coordenadora. Ela garante que ninguém sairá prejudicado no novo modelo possível de “Aulas Programadas”. “Pelo levantamento inicial, temos em torno de 18% das escolas adotando a metodologia de entrega física (mais para os anos iniciais do Ensino Fundamental e para os sem acesso a internet), dentre esses 18% algumas adotam de forma híbrida (materiais físicos e digitais).”
Em linhas gerais, as Aulas Programadas são atividades escolares nas Estaduais, presenciais ou não, previamente elaboradas com base em objetos de conhecimentos já abordados em sala. A entrega das atividades dos alunos será realizada após o retorno das aulas presenciais. “As Aulas Programadas não, necessariamente, precisam se utilizar dos recursos tecnológicos.
Muitas escolas vêm se reinventando. Nessa perspectiva, a metodologia é de livre escolha da escola”, conta Sônia. “Existem algumas (mais as de Ensino Médio) que se utilizam de diferentes plataformas e até redes sociais. Outras utilizam a metodologia híbrida (até mesmo com entrega de materiais pedagógicos físicos).”
Sônia destaca que é um momento de superação para a comunidade escolar. “As equipes diretivas e os professores estão desenvolvendo um trabalho brilhante. Frente a tantos desafios impostos no mundo todo...”, enfatiza. “Encontramos uma forma de dar continuidade aos estudos (conhecimentos já trabalhados outrora), envolvendo profissionais, estudantes e a família). O retorno dos estudantes tem sido algo inusitado. Com certeza não seremos mais os mesmos diante deste fenômeno que estamos enfrentando.” Conforme a coordenadora, a escola é para além dos conhecimentos cognitivos, busca acolhimento e compartilhamento de sentimentos, as chamadas competências socioemocionais.