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Notícias | Especial Coronavírus Nova geração

Nascidos na era Covid-19: O isolamento que não acaba no parto

Sophia e Levi nasceram durante a pandemia, em São Leopoldo e Sapucaia, mas continuam de quarentena

Por Jean Peixoto
Publicado em: 17.04.2020 às 09:00 Última atualização: 17.04.2020 às 15:02

Paula Natacha da Silva e Sophia, nascida no Hospital Centenário, em São Leopoldo Foto: Ana Garske/HC/Divulgação
Foram 41 semanas de espera pela chegada de Sophia. Teimosa, a pequena ultrapassou o período de gestação previsto e acabou vindo ao mundo em meio à pandemia de Covid-19. Do isolamento uterino ao isolamento hospitalar, a única companheira autorizada a permanecer em tempo integral com ela foi a mamãe Paula Natacha da Silva, 28 anos. Moradora do bairro Feitoria, em São Leopoldo, Paula começou a sentir as primeiras contrações na terça-feira, dia 7, quando deu entrada no Hospital Centenário, por volta de 17 horas. Ansioso pela chegada da primeira filha do casal, o pai, Vinícius de Menezes Garcia, 22, deixou a esposa entrar e ficou aguardando na recepção. Pesando três quilos e 148 gramas e medindo 49 centímetros, Sophia Helloysa nasceu às 10h06 de quarta-feira, dia 8.

Isolamento

Diferente do que foi planejado ao longo dos meses anteriores ao nascimento, os primeiros momentos da pequena leopoldense e de sua mãe não contaram com o calor dos abraços de familiares e amigos na maternidade. "O pai subiu para conhecê-la e pôde ficar apenas 15 minutos", conta Paula. Apesar da frustração iminente, a mamãe de primeira viagem afirma ter consciência da importância de manter o distanciamento. "É a nossa primeira filha, o que torna tudo muito complicado. Queria muito que o pai dela estivesse aqui comigo, mas devido a essa situação, eu sei que isso é o melhor", diz.

Ajuda tecnológica

Para contornar o vazio presencial, Paula aderiu à videochamada para apresentar sua filha à família, amigos e padrinhos. Cuidadosa, ela afirma que, mesmo antes de chegar à maternidade já havia conversado com os familiares e estabelecido que, enquanto durar a pandemia, a pequena não receberá visitas. "Mandei fotos e fiz videochamadas com os padrinhos, avós e o pai. Não vou deixar ninguém chegar perto por enquanto", salienta. Na quinta-feira, mãe e filha receberam alta e foram para casa, onde passaram a primeira Páscoa de Sophia. O local foi totalmente higienizado para receber a bebê. No entanto, Paula é categórica ao afirmar que seguirá mantendo o isolamento. "Não vai ter visita, só por foto. Minha prioridade é cuidar da minha filha."

Cuidado e carinho

As mudanças na maternidade não chegaram apenas para as mamães e bebês. A enfermeira coordenadora do Centro Obstétrico do Hospital Centenário, Simone de Souza, comenta que a equipe precisou adaptar a rotina dos atendimentos. "Estamos trabalhando para não colocar nem as mães nem os bebês em risco, sem perder a humanização do atendimento. Tivemos que tomar algumas medidas que vão contra tudo aquilo que pregamos, que é que as pacientes permaneçam na companhia das pessoas que elas escolhem neste momento tão especial", sublinha.

Simone explica que na primeira semana das medidas de contenção à Covid-19 as restrições foram mais severas e o isolamento foi total, mas aos poucos foram feitas adaptações para suavizar os impactos. As poltronas para os visitantes foram retiradas, mas os pais ou acompanhantes escolhidos têm 15 minutos para visitarem mães e recém-nascidos. "Agora, os enfermeiros entram ainda mais vezes nos quartos e procuram conversar bastante com as mães para amenizar a solidão." A coordenadora comenta também que, ao chegarem na maternidade, as mães são incentivadas a fazer videochamadas com os familiares e amigos. "Quando elas vêm para a maternidade, elas chegam com aquela vontade de receber a família. Isso nos entristece, pois se estas pacientes não estiverem bem emocionalmente, nós também não ficamos bem", comenta. Ele ressalta que as orientações sobre os cuidados necessários transcendem as alas do hospital e as mães são orientadas a manter todos os cuidados de higienização e manutenção do isolamento social também em casa.

Um presente de Páscoa em meio à pandemia

Janai Nascente Cardoso e o pequeno Levi, nascido no domingo de Páscoa, em Sapucaia Foto: Arquivo Pessoal
Por volta de uma hora da manhã do sábado passado, dia 11, a técnica de enfermagem Janai Nascente Cardoso, 24, deu entrada no Hospital Municipal Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul. As fortes dores começaram em casa, no bairro Capão da Cruz, quando o companheiro da jovem, Mairon dos Santos Siqueira, 23, decidiu levá-la para o hospital. Mais de 11 horas depois, às 12h35 do domingo de Páscoa, o pequeno Levi chegava ao mundo, pesando três quilos e 264 gramas e medindo 48 centímetros.

O nascimento de parto normal, desejado por Janai, não foi possível ser feito, assim como a visita dos familiares na maternidade. "Está sendo tudo bem difícil. Eu e o pai do Levi sempre planejamos tudo juntos, para que ele assistisse. Eu queria um parto normal, mas foi preciso fazer uma cesárea. Ele é o nosso primeiro filho e acabou sendo tudo diferente do planejado", comenta a mãe.

 

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