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Notícias | Especial Coronavírus Pandemia

Municípios da região já fazem as contas da perda de receitas na era Covid-19

Prefeituras apresentam queda na arrecadação, que pode chegar a até 40%, por conta das medidas anticovid-19 restritivas a atividades econômicas, principalmente as relacionadas ao comércio e serviços na região

Por Thiago Padilha
Publicado em: 12.05.2020 às 03:00 Última atualização: 12.05.2020 às 08:39

Arrecadação de impostos está mais baixa em função da pandemia do coronavírus Foto: Diego da Rosa/GES-Arquivo
A série de decretos estaduais e municipais que restringiram a atividade econômica nas cidades já começa a refletir na arrecadação das prefeituras da região. Com empresas, principalmente ligadas às áreas de comércio e serviços, que chegaram a ter as atividades interrompidas durante semanas, as projeções das administrações não são nada animadoras e dificilmente a previsão orçamentária para 2020 irá se confirmar.

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As secretarias municipais de Fazenda já trabalham com uma estimativa de queda entre 20% e 40% na arrecadação de receitas, desde o dia 19 março, quando o governo do Estado decretou a calamidade pública e a quarentena em função da pandemia do novo coronavírus. O pior reflexo disso foi sentido em abril.

Secretário de Fazenda de São Leopoldo, Eduardo Peters já aponta uma redução de 37% na arrecadação do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) em abril deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. Caiu de R$ 8,1 milhões para R$ 5,1 milhões. A receita própria - proveniente dos tributos e taxas municipais - passou de R$ 14,1 milhões para R$ 11,9 milhões no mesmo período, uma redução de 15,6%.

"No total, chegou a uma redução de quase 21,5% na arrecadação. Creio que em maio atingiremos já este percentual de 30% ou muito próximo disto. Para junho, considerando a possibilidade de agravamento da Covid-19 conforme está sendo anunciado, poderemos chegar sim a 40% ou mais", projeta Peters. "Tudo vai depender de como a sociedade vai se comportar neste momento de flexibilização das restrições. Se houver descuido, a situação se agrava o que tende a fazer com que restrições voltem mais severas e a consequência econômica será proporcional a esse agravamento", pondera o secretário.

Projeção

Ainda conforme Peters, é difícil fazer uma projeção de quanto a queda na arrecadação pode refletir no orçamento municipal. "Não depende só da economia de São Leopoldo, mas do Estado, do Brasil e até mundial. Depende também das ações do governo federal na distribuição de renda e manutenção do emprego, que estão em ritmo muito lento, onde parece que não querem fazer e deixar a população passar necessidade para poder provar a teoria deles. Mas com certeza deve cair", analisa.

Dificuldade para cumprir compromissos

Conforme a secretária da Fazenda de Esteio, Roberta Patuzzi, a prefeitura poderá ter dificuldade em liquidar pagamentos de despesas em geral se não houver reposição das perdas da arrecadação. "Atrasaremos pagamentos de fornecedores, prestadores de serviço, assim como encargos", afirma, ressaltando que foram feitos investimentos pelo município que não estavam previstos no combate à pandemia. "Para Esteio será um grande impacto, pois, não temos este histórico de devedores e mal pagadores, muito antes pelo contrário."

50%

do valor médio da arredação de Esteio com o ISS foram recolhidos pela prefeitura, tendo em vista que em abril os contribuintes pagam a competência de março. A informação é da secretária da Fazenda, Roberta Patuzzi. "A maior queda será este mês de maio, quando realmente os serviços tiveram uma maior queda pelo isolamentos social", acrescenta.

Até o pagamento do IPTU afetado

Além do ISS, a arrecadação do IPTU foi afetada em Portão, onde a cota única venceu em 30 de março. "Tivemos uma arrecadação em torno de R$ 700 mil abaixo dos R$ 3,8 milhões previstos. Ainda tinha a opção de fazer o pagamento parcelado em oito vezes, com o primeiro vencimento em 13/04/2020. Nessa modalidade, tivemos um aumento na inadimplência em 23,15% com relação ao mesmo período do ano passado", relata o secretário da Fazenda, Rodrigo Valente.

Serviços não feitos

O secretário da Fazenda de Sapucaia do Sul, Luis Davi Vicensi aponta que o pior reflexo do coronavírus é sobre o Imposto sobre Serviços (ISS). "Embora a arrecadação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) tende a cair por um efeito renda da população, trata-se de uma dívida inscrita. Agora, para o ISS, muitos serviços que não foram executados, não o serão. Logo, não haverá uma cobrança futura de ISS. O que poderia haver seria uma possível compensação futura de ISS através de um aumento de arrecadação por serviços executados, motivado por uma maior dinâmica econômica. Mas isso depende muito mais de uma reação macroeconômica do País do que exclusivamente de enfrentamento à Covid-19", considera.

Referente à queda na arredação, Vicensi estima que chega a 20% do total que poderia ter sido arrecadado em abril, mas o baque pode aumentar nos próximos meses em função da pandemia. "Esse percentual já representou uma redução de R$ 2,5 milhões na arrecadação", aponta. Ele acredita que a situação possa comprometer alguns serviços, pois a despesa total não diminuiu. "Se a situação era ruim pré-Covid, pós-Covid as prefeituras terão muitas dificuldades."

 

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