Em tempos em que a recomendação de especialistas em saúde é a de manter o isolamento social para evitar o contágio por coronavírus, um dos setores que mais "depende" de aglomerações tem buscado se reinventar para sobreviver. Empresas que oferecem decorações para festas, locações de salão para eventos, bufês e serviços em geral têm visto o número de contratos cair muito nessa época e, para se manter funcionando, precisam abrir o leque de negócios.
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É o que a fundadora e proprietária da Festejar, Carla Flores, tem procurado fazer. Há 22 anos no ramo, sua loja oferece produtos apenas para locação, como também pode realizar a organização do evento como um todo. Mas a pandemia gerou desistências de contratos e uma queda no faturamento do local. "Em abril, tivemos todos os eventos transferidos ou cancelados", comenta.
Alternativas
Diante da necessidade de alternativas, ela pesquisou e decidiu focar em outros nichos. "Montamos os kits festa pronta, em que a pessoa retira na loja o material e monta, do seu jeito, a sua festinha em casa. Ou, podemos levar o material na casa do cliente, para que ele monte como quiser, e depois buscamos. É um tipo de festa mais econômica", disse, salientando que tem tido boa procura do estilo de evento.
Para Carla, as atividades, com o tempo, vão acabar se recuperando e ela quer estar preparada. "Estou me organizando para quando as coisas voltarem ao normal. Quando acontece um problema sério, a gente tem que acreditar e criar oportunidades", avalia, mostrando esperança em dias melhores. No final de abril, a loja de Carla reabriu, mas os atendimentos no formato digital são prioridade no momento.
Reabertura
Já a proprietária da G Festas, Genecy Borges Franzon, consultou o seu contador e entendeu que ainda não seria o momento de reabrir, por isso, ela tem focado apenas nos atendimentos on-line. A empresa dela também viu todas as festas serem transferidas ou canceladas, mas o fato de ela ter administrado sua renda nos últimos anos, a permitiu formar uma "gordurinha" para enfrentar esta época difícil.
Para quem loca o seu espaço para a realização de eventos, a situação pode ser ainda mais difícil. Proprietária do salão Alpen Festas, Anelise Oliveira entende que o ramo é um dos mais prejudicados nesse momento. "Porque tu vai ter que disponibilizar datas, no final do ano, janeiro, fevereiro, para as festas de agora que foram transferidas, e essas datas tu não vai poder oferecer para outras festas", lamenta, observando que, ao menos, os custos da estrutura também diminuem com a não utilização, gerando uma perda de lucro menor. Para se prevenir de prejuízos maiores, Anelise optou por não fechar mais contratos para este ano, por acreditar que o seu negócio não voltará em breve. "Quando começaram (as restrições), achávamos que logo ia retomar, agora sabemos que será uma das últimas coisas a voltar."
das empresas do setor de eventos sofreram impacto pela pandemia
Levantamento foi feito pelo Sebrae, junto com a Associação de Empresas e Eventos (Abeoc) e União dos Promotores de Feiras (Ubrafe).
"Sempre fui da opinião de que não posso gastar mais do que ganho", justifica Genecy, proprietária da G Festas, contando que começou no ramo há 15 anos e, desde então, o que obtém de lucro tenta investir em novos materiais e não fazer muitas dívidas.
Agora, ela tenta garantir a manutenção dos dois funcionários para voltar a trabalhar, assim que considerar possível. "Mas acredito que antes de outubro não será resolvido", analisa, sobre os efeitos que o coronavírus ainda causará no setor.