Há um ano, o fotógrafo da prefeitura de São Leopoldo Tales Renato Ferreira tem a missão de fazer os registros da pandemia na cidade. Na última segunda-feira, passou 4 horas no Hospital Centenário, onde acompanhou a rotina dos profissionais de saúde e dos pacientes internados e também em alta.
"Fotografar a pandemia é uma experiência surreal, é algo entre ficar de quarentena por não ter nenhum momento de lazer fora de casa e ao mesmo tempo ter que se expor para conseguir fazer esse trabalho, um limbo social. Acompanhei todo o intenso processo de preparação da cidade desde o início, das campanhas de conscientização às mudanças estruturais e isso me possibilitou entender em primeira mão o agravamento do cenário e que era óbvio que chegaríamos a esse ponto", comenta.
"Uma boa parte da população não entendeu a seriedade da situação e foi preciso atingirmos mais de 300 mil mortes para sequer ouvirmos falar em um plano nacional concreto de vacinação por parte do Governo Federal. Em uma situação de calamidade na saúde pública isso afeta a todos, direta e indiretamente. Já tinha ido diversas vezes na UTI do Hospital Centenário, mas dessa vez foi a mais longa, isso também dá uma perspectiva um pouco mais profunda do que os profissionais de saúde enfrentam lá, impacta na fotografia e em quem fotografa. É um desafio não expor a situação de fragilidade das pessoas e tratar do assunto de forma séria e não apelativa. O sentimento é de que nada disso precisava estar acontecendo e ficar dentro de uma UTI Covid é uma realidade sufocante, literalmente, a cada segundo que se passa", completa.
Mais praticidade no seu dia a dia: clique aqui para receber gratuitamente notícias diretamente em seu e-mail!