Festival Internacional Literário de Gramado se inicia nesta sexta-feira

Livros, poemas e canções são algumas das diversas formas que a literatura pode estar presente na sociedade. E todas elas estão inclusas na programação da primeira edição do Festival Internacional Literário de Gramado, também chamado de FiliGram.

Com início a partir desta sexta-feira (2), serão dez dias de atividades, debates e oficinas que ocorrerão pelo município, com ênfase ao local onde se concentram a maior parte das ações: o entorno do Lago Joaquina Rita Bier, em conjunto com o Centro Municipal de Cultura.

Com entrada gratuita, até 11 de setembro, o público encontrará atrações divididas em cinco eixos, denominados de: Polaroid Brasil - que trata sobre diversidade e sustentabilidade; Mercatto - que fala sobre o mercado editorial; Orgânico - que envolve a relações entre autores e leitores através das mídias digitais; Campi - que retoma o vínculo entre a literatura com a academia e sons; e Digiteen - que abraça o universo adolescente e jovem, além do lúdico.

O festival também inclui a 25ª Feira do Livro de Gramado, evento tradicional da cidade, que recebe livrarias e editoras.

A cerimônia de abertura ocorre às 18h30 desta sexta, porém, antes desse momento, atividades já ocorrem nas estruturas montadas junto à Secretaria da Cultura. Às 14 horas, no auditório, há contação de histórias por Cláudia Kellermann. Após, às 15 horas, há uma conversa sobre escrita criativa com Lella Malta, do Escreva, Garota!, Bel Porazza, da UCS Sênior e Rubem Penz, da Santa Sede.

Uma mesa sobre prêmios literários, com Vanessa Passos, Taiane Martins e Henrique Schneider será realizada, às 16 horas.

Homenagem

Um dos grandes momentos desta sexta-feira, entretanto, deve iniciar somente às 17h30, quando será feito um painel com Naiara Silveira Lacerda, filha de Oliveira Silveira, o primeiro homenageado da edição do evento.

Militante do movimento Negritude, em Porto Alegre, Oliveira também fez parte do grupo Palmares e foi um dos líderes pelo reconhecimento do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.

"Meu pai nasceu no interior de Rosário do Sul, ele era um homem do campo, poderia ter ficado lá. Foi alfabetizado num quarto dois por dois. Meu avô contratou uma professora para alfabetizá-lo. E aí ele fez o primário e após teve que ir pra cidade concluir o segundo grau na época. E a meta dele era estudar. Veio para Porto Alegre, concluiu o Ensino Médio e entrou na UFRGS, se tornando o único negro formado naquele ano. E isso se chama perseverança, esse é um dos principais legados dele", relembra a filha.

Quando soube da homenagem, foram diversos os sentimentos. "Estou muito surpresa com a escolha e muito emocionada. Revivendo toda a história do meu pai, o legado dele, tanto profissional, de luta dentro do movimento, como escritor", conta Naiara.

Exposição no Centro de Cultura

Parte do legado de Oliveira Silveira estará exposto no Centro de Cultura. Objetos de seu acervo pessoal poderão ser visitados e banners sobre a história do professor estarão disponíveis.

Ainda no local, a partir de sábado (3), às 11 horas, a artista Liana Timm foi convidada para apresentar a exposição oficial do evento. Em 'Recortes de uma Trajetória' estão 60 obras de quatro séries: Resgates, Outro(s) de Mim, O Traço Sensível e Passados Presente. A mostra fica em cartaz até 29 de setembro. Ela também fará o lançamento do livro 'A Dimensão da Palavra' – Antologia de 35 anos de poesia.

Internacionalização

O português Afonso Cruz já veio ao Brasil em diversos momentos, inclusive, na Bienal de São Paulo, neste ano. Porém, em Gramado, será a primeira vez. “Gosto muito de viajar para cá, conheço várias cidades. De Gramado já ouvi excelentes opiniões e tenho muitas expectativas do que encontrarei”, revela.

Para o autor, partilhar experiências é um dos pontos altos de festivais. “Eventos aproximam escritores e leitores, e trazem a oportunidade de partilhar opiniões e pontos de vista diferentes da leitura feita”, comenta Cruz.

Programação

Nesta sexta-feira, após a abertura oficial, às 19 horas ocorre a primeira mesa de debates com Jeferson Tenório (participação on-line) e o escritor português Afonso Cruz, que falarão sobre o tema 'Brasil, Portugal e os 200 anos de independência - como se cruzam nossas narrativas?'.

No sábado, dois lançamentos de livros: às 14h30, 'Sopaporiki', de Richard Serraria, e às 17h10, 'A Filha Primitiva', de Vanessa Passos. Às 18 horas, mesa com a autora da África do Sul, Futhi Ntshingila e Afonso Cruz - suas obras lidas no Brasil, com mediação de Julia Dantas. Por fim, às 19h30, ocorre a mesa 'Falando (e escrevendo) sobre letras e livros', com o cantor Thedy Corrêa, Candice Soldatelli e Cagê Lisboa.