Promotoria de Gramado arquiva denúncia contra professora que usou texto de Martha Medeiros
Servidora usou uma crônica da escritora em uma avaliação da disciplina de Língua Portuguesa e após denúncia ao Ministério Público acabou afastada do cargo pela prefeitura
A denúncia contra a professora da Escola de Ensino Fundamental Senador Salgado Filho por suposto direcionamento político-ideológico na escola de um texto para prova de português foi arquivada pela Promotoria de Justiça de Gramado. A professora foi denunciada ao Ministério Público (MP) e afastada do cargo pela prefeitura de Gramado após utilizar uma crônica da escritora Martha Medeiros em uma prova.
A denúncia foi feita pela Internet de forma anônima na quinta-feira (1º), afirmando que a professora estava fazendo “propaganda política” e “ofendendo a honra do presidente Bolsonaro”, além de afirmar que ela teria infringido o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
O promotor Max Guazzelli, responsável pelo caso na Promotoria de Justiça da cidade, escreveu no documento de arquivamento da denúncia que mesmo com a escolha de um texto político “é de se anotar que o objeto de fundo é a análise dos recursos da língua portuguesa”.
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Por conta das denúncias, a prefeitura de Gramado afastou a servidora na última sexta-feira (2) e abriu uma sindicância. Segundo o promotor Guazzelli, foi dada ciência do arquivamento ao Executivo, para análise do ponto de vista administrativo. Até a publicação desta notícia a Prefeitura ainda não havia se pronunciado sobre a manutenção ou não do afastamento da servidora.
O advogado Henrique Haller, que representa a professora, diz que recebe a notícia do arquivamento com tranquilidade. “Cientes de que não houve o cometimento de qualquer ato ilícito por parte da nossa cliente, professora, servidora pública efetiva e estável. O arquivamento apenas confirma que não houve prática político partidária na atividade pedagógica proposta. Neste sentido, a defesa permanecerá vigilante para a preservação da honra e da dignidade da professora, bem como do exercício da liberdade de cátedra”, relata o sócio da Boch e Fávero Assessoria Jurídica.
Quanto à sindicância da prefeitura, a expectativa do advogado é que também seja arquivada, “uma vez que não houve qualquer irregularidade”.