Em fase final de gravação, filme gaúcho conta com atores da Região das Hortênsias

A Serra gaúcha está sendo cenário para a gravação de um filme média-metragem, chamado "Primum – O Grande Livro Mágico". Com previsão de lançamento para fevereiro de 2023, o enredo trata sobre os feiticeiros Carmina e Magnus, que vivem no Reino de Castrum, onde recebem a missão de zelar pelo Primum, o grande livro mágico, que guarda a sabedoria e o conhecimento do mundo. No entanto, em uma disputa de feitiços, o livro é destruído e seus pedaços se espalham pela Terra. Além das filmagens, que estão sendo realizadas em Gramado, São Francisco de Paula, Garibaldi, Montenegro e Monte Belo do Sul, a trama conta com dois atores da Região das Hortênsias.

Com direção de Nando Lemes, da Foco3 Produções, dois atores, Duda Reinheimer, de Caxias do Sul, e Tales Figueiredo, de Canoas, darão vida à dupla Carmina e Magnus. Outros 22 são coadjuvantes e cerca de 60 pessoas atuam em pequenos papéis e figuração. A seleção ocorreu por meio de audições presenciais em Caxias e Gramado, com a participação de mais de 150 atores. Uma equipe de 15 pessoas atua na produção, com a direção, fotografia, arte, técnica de som, pós-produção e desenvolvimento de trilha sonora.

Gramado e São Francisco de Paula tiveram várias locações onde cenas foram gravadas. Parques e restaurantes temáticos, hotel, sítios e áreas do interior são alguns. Castelos, inclusive, não faltaram nas filmagens. 

O vilão Troy

Um dos atores que participam da produção é Alysson de Melo, mais conhecido como Ally, que interpreta o papel do vilão Troy, filho de um dos grandes conselheiros do castelo. Morador de Canela, ele começou a estudar teatro aos 6 anos de idade. Apesar do sonho ter ficado guardado durante um tempo, em 2021 ele foi contratado por uma empresa da região, que trabalha com produções artísticas. Na época, entretanto, ele não atuava no meio, e sim, como designer gráfico. Foi então que em maio deste ano ele decidiu seguir a carreira de ator. Além do filme, ele atua em outros dois projetos em Gramado.

O jovem, de 18 anos, ficou sabendo do filme a partir de uma postagem na rede social Instagram, onde foram divulgadas as audições. O teste, inclusive, foi para o mesmo papel para o qual foi escolhido. "Eu não gravei em Gramado, mas em São Francisco de Paula, que é onde eu nasci. E o mais surpreendente é que quando cheguei lá me dei por conta que o castelo que íamos filmar foi onde eu fiz minhas fotos de formatura quando estava no Ensino Fundamental. E foi nessa época que comecei a estudar artes cênicas e ver que era isso que queria. Foi uma sensação estranha, porque ao mesmo tempo que a gente almeja isso, não imagina que vai conseguir", revela Ally.

Para Troy, a etapa inicial a ser vencida era interpretar pela primeira vez um vilão. "Eu era muito acostumado e era chamado para papeis de meninos novos, inocentes e engraçados. Garotos jovens, sonhadores, papeis engraçados, numa linha da comédia até. E quando fui chamado para o Troy, ele era muito o meu oposto, então já foi o primeiro desafio. Tivemos uma preparação de elenco muito forte. Uma das cenas que mais durou para ser gravada levou um dia inteiro e era cheia de efeitos especiais e era um embate com a protagonista que a Duda fazia. E para nós era algo bem difícil, porque nós nos gostamos muito, mas na trama a gente se odiava", comenta o ator.

A atuação em filmes é a primeira de sua carreira. E ele conta que se descobriu neste meio. "O filme se passa numa ficção fantasiosa, com feitiços. Numa cena em específico, Troy é atingido por um e não sabíamos como faríamos, porque ninguém podia me dublar, pois a cena era de frente e eu tinha que cair para trás. Eu me atirei e quem estava atrás, realmente foi surpreendido, eles não sabiam. Talvez aí eu descobri que goste mais de fazer audiovisual e gravar cenas e ficar um dia inteiro num set, do que interpretar em questão de humanização em peças teatrais", justifica.

O conselheiro Baltazar

Já o servidor público Fernando Fisch, de Gramado, costuma participar de eventos temáticos ligados à fantasia medieval. Ele soube das audições através de um amigo que atua na Secretaria da Cultura. Ele interpreta o papel de Baltazar, um feiticeiro e grande conselheiro do reino de Castrum. "Ele é pai de um dos protagonistas, o Magnus. Tem algumas cenas muito interessantes, que poderão ser conferidas em breve", brinca. 

Para ele, a experiência foi única, principalmente pelas cenas em que atuou terem sido filmadas em Gramado. "A equipe em si é fora de série. Trabalhar com cinema é totalmente diferente de teatro, exige mais concentração, foi uma experiência magnífica, já que eu ainda não tinha tido a oportunidade de atuar em frente a câmeras", explica Fernando.

Filme veio a partir de projeto

O filme faz parte do projeto cultural Livro Que te Quero ao Vivo, que entra em sua segunda etapa com o desenvolvimento do média-metragem. 

A primeira edição do projeto cultural ocorreu de dezembro de 2019 a abril de 2022, distribuindo a série literária Primum – O primeiro livro do mundo, da escritora Vivi Costa. São oito livros infantis acompanhados de encarte pedagógico. A proposta também contemplou a apresentação do espetáculo teatral A Magia do Livro, cujo roteiro e personagens inspiraram os textos. Aos professores, foi oferecida uma oficina de mediação literária.

Nesta segunda etapa, que ocorre desde julho de 2022 e irá até janeiro de 2024, a meta é que 88 mil estudantes assistam ao filme e conversem com a equipe artística e técnica.

A trama começará a circular pelo Rio Grande do Sul nas ações literárias do projeto cultural junto às escolas. Serão oito cidades contempladas em 33 ações.

A iniciativa também busca parcerias para viabilizar sessões em cinemas na região, a fim de marcar o lançamento. O filme será inscrito em festivais de diversos locais do mundo. Após essa etapa, será buscada a inserção em plataformas de streaming.

A ação cultura é realizada com recursos da Lei de Incentivo à Cultural Federal e conta com o patrocínio de empresas, por meio de incentivo fiscal. A produtora Foco 3 Produções, que desenvolve o média metragem, também abre mão de cachês e adiciona recursos, sendo apoiadora cultural. Ainda, a prefeitura de Monte Belo do Sul apoiou a iniciativa com recursos durante as gravações no município.

Todos os produtos relacionados ao projeto são acessíveis: os livros têm versão com audiodescrição, o teatro tem intérprete de libras e o filme terá versão com audiodescrição e legendas adaptadas.