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Notícias | Mundo Percepção

Moradora de Novo Hamburgo relata rotina vivida em meio a protestos e caos no Chile

Vitória Bauermann Lemos está há três meses em Valdívia, no sul do país vizinho

Por Jauri Belmonte
Publicado em: 21.10.2019 às 15:52 Última atualização: 22.10.2019 às 07:03

Manifestantes de todas as idades vão às ruas no Chile

De Norte a Sul, o Chile está impactado. Protestos e saques se alastram, dando silhuetas às violentas manifestações que se iniciaram na semana passada devido ao aumento do preço da passagem do metrô. O presidente do País, Sebastián Piñera diz que o Chile está 'em guerra'. Em meio ao caos e às rotinas lesadas, trabalhadores e estudantes, em um misto de idades e ideologias, vão às ruas para pedir a redução nos valores e um custo de vida mais justo. Sem controle, o número de vidas que se vão só aumentam (já são mais de dez) e quase 2 mil manifestantes foram detidos.

"Já escutei de muitos a comparação que, por vezes, o sentimento se assemelha a quando passa um terremoto. As pessoas estão buscando se abastecer com o básico porque não sabem quando e como tudo isso vai terminar". Este é o relato da acadêmica de Psicologia da Feevale e moradora de Novo Hamburgo, Vitória Bauermann Lemos. Aos 24 anos, ela, que é natural de Palmares do Sul, está desde julho na Universidad Austral de Chile, em Valdívia, no sul do país vizinho, após ganhar uma bolsa de intercâmbio.

Diariamente manifestantes se reúnem pelas ruas do país; assista


"As aulas foram suspensas na segunda-feira (21) não só aqui, como em todos os cantos do país. As universidades estão abrindo as portas para receber a comunidade acadêmica que quiser utilizar os espaços para encontros e assembleias. Isso tudo é muito similar ao que aconteceu no Brasil em 2013, a "gota d'água" foi o aumento da passagem, mas em Santiago se referia ao transporte metroviário", disse a estudante. Segundo a jovem, a população está incomodada há anos e tem realizado constantes manifestações. "Muitos protestos e manifestações de maneira pacífica já foram feitos, mas o governo não dá atenção. Por isso, dessa vez, o grito foi mais alto", frisou. 

Além do aumento da passagem, o estopim das manifestações pode ter outros embriões, como a situação da previdência no país, o aumento na energia elétrica, a falta de subsídios no âmbito da saúde, além de problemas na educação. "O ensino aqui é majoritariamente privado e isso leva muitos ao endividamento. Há rígida fiscalização e multa para pequenos comerciantes, mas - em contraponto, as dívidas de multinacionais que devem milhões ao estado são perdoadas", ponderou a estudante. O impacto é tão grande que até as fronteiras chilenas são impactadas. Centenas de voos foram cancelados enquanto milhares de pessoas aguardavam nos terminais. 

Troca de informações

Moradora de Novo Hamburgo, Vitória Bauermann Lemos, 24 anos, está há três meses em Valdívia, no Chile Foto: Reprodução

O namorado de Vitória, Pedro Andrés Fernández Miño, 31, é chileno e morador de Valdívia. Eles se conheceram em 2016, quando ele veio fazer intercâmbio no Brasil e moraram juntos, em Novo Hamburgo, por dois anos. Os principais meios de comunicação entre eles e os demais universitários têm sido o Facebook e o WhatsApp. "Na universidade em que estou tem mais 72 intercambistas, de 13 diferentes países. Também pelo grupo de WhatsApp vamos trocando informações, cuidando e se apoiando, pois todo mundo está impactado com o que vem acontecendo, ainda que seja totalmente compreensível e, eu diria, necessário".

A escolha pelo país vizinho para a realização do intercâmbio foi a oportunidade que ela encontrou para conhecer mais a cultura do país e a região do seu companheiro. "Quando decidi ir para esta região, uma das coisas que eu priorizava era a minha rede de contatos, até porque penso em vir morar aqui futuramente. O povo chileno é perseverante, fator que explica o desenvolvimento do país na América Latina. Espero um desfecho diferente ao que se teve em 1973", finalizou.

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