Um piquete impede o tráfego na rotatória "Cristo Redentor" de Santa Cruz, no lesta da Bolívia, como em outros pontos da cidade, onde manifestantes exigem a realização de um segundo turno na votação que reelegeu o presidente Evo Morales.
Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), Morales se reelegeu no primeiro turno com 47,06% dos votos, contra 36,52% para Mesa, como prevê a legislação boliviana (10% de vantagem e mais de 40% dos votos).
"A Bolívia disse não", repetem os manifestantes sobre o amplo apoio à Carlos Mesa, que segundo a oposição foi alvo de uma fraude na apuração dos votos.
Em meio às denúncias de fraude, Santa Cruz, a cidade mais próspera da Bolívia e bastião da oposição, iniciou uma greve geral na quarta-feira.
Ruas e avenidas estavam vazias diante da dificuldade de circulação; com o trânsito bloqueado por pedras, pneus, troncos de árvores e até veículos.
Cristian Rojas, um professor de 29 anos, está parado em uma das esquinas envolto em uma bandeira boliviana: "Nosso presidente fez uma grande fraude eleitoral. Toda a Bolívia está contra este governo. Não é democrático. Este governo é uma ditadura".
A poucos metros, Libany Rojas, música de 35 anos, diz o mesmo: "Agora (Morales) se declara vencedor de eleições totalmente fraudulentas, onde nada está claro, e a única coisa que podemos fazer é protestar nas ruas".
Confrontos e bloqueios
Em outras zonas de Santa Cruz, como os distritos rurais de La Guardia e El Torno, ocorreram confrontos com paus e pedras entre opositores e governistas. Em La Guardia, há informação sobre dois feridos entre os partidários de Morales.
Desde a segunda-feira, violentos protestos ocorrem em diversas regiões, e foram incendiadas cinco seções regionais do TSE, em Potosí (sudoeste), Sucre (sudeste), Cobija (norte), Trinidad (nordeste) e Santa Cruz (leste).
Em La Paz, sede dos poderes Executivo e Legislativo, opositores têm realizado passeatas e bloqueio de estradas todos os dias.
Manifestantes, principalmente estudantes universitários, tem mantido um assédio violento sobre o TSE em La Paz desde a segunda-feira.
Em Sucre, milhares protestaram de maneira pacífica na Praça das Armas, bloqueando ruas e avenidas, do mesmo modo que na cidade de Tarija, no extremo sul do país.
Potosí mantém uma greve que está se radicalizando, enquanto em Cochabamba (centro) e Trinidad estradas estão bloqueadas.
Evo firme e com apoio
Morales, que com a vitória no primeiro turno governará até 2025, também exibe sua musculatura política nas ruas.
Na quarta-feira se organizou em La Paz uma grande manifestação de apoio ao governo, e nesta quinta manifestantes se reuniram em Cochabamba a favor do presidente.
O governante do Movimento Ao Socialismo (MAS) também convocou protestos para diversas cidades do país e uma grande ato em La Paz, na segunda-feira.