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Notícias | Mundo Risco de guerra

Para entender melhor a tensão entre Estados Unidos e Irã

Ataque dos Estados Unidos em Bagdá matou importante general iraniano e pode iniciar uma perigosa escalada de violência nos países da região, com consequências imprevisíveis para o mundo

Publicado em: 03.01.2020 às 22:00

Em protesto, iranianos realizam marcha contra os EUA Foto: AFP
O presidente norte-americano, Donald Trump, acendeu o pavio. Autorizou um ataque ao aeroporto de Bagdá, no Iraque, na noite de quinta-feira (2), matando o general Qassim Soleimani, comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã. O episódio eleva a tensão entre os dois países e as consequências são incertas e muito perigosas. O mundo vislumbra, mais uma vez, o fantasma de uma guerra.

Em nota, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos justificou o ataque nesta sexta (3), alegando que as forças armadas norte-americanas agiram "defensivamente". O Pentágono garantiu que o general vinha "desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas americanos e membros do serviço no Iraque e em toda região".

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou que Soleimani tramava ação que ameaçava a vida de centenas de americanos. O próprio presidente Trump declarou que Soleimani deveria ter sido assassinado "há muitos anos". Disse ainda que agiu "para parar uma guerra, não para começar". Mesmo assim foi determinado o envio de mais 3 mil soldados norte-americanos ao Oriente Médio. A embaixada dos EUA em Bagdá, atacada na terça-feira por pró-iranianos, apelou aos seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente".

Retaliação deve vir

O general morto era um herói nacional e sua morte é considerada uma afronta sem precedentes ao Irã. O governo iraniano já declarou que a vingança virá "no momento e lugar apropriados". A frase pode indicar uma estratégia diferente de uma batalha convencional aos Estados Unidos. E não faltam meios para isso. O general Soleimani, ao longo de duas décadas, construiu uma rede de aliados estratégicos no exterior. A retaliação, por exemplo, poderá vir do Hezbollah, no Líbano; do Hamas, na Faixa de Gaza; dos houthis, no Iêmen; ou das forças lideradas por Bashar Assad, na Síria.

Vários grupos pró-Irã na região têm a capacidade de realizar ataques contra bases americanas nos Estados do Golfo, bem como contra navios-tanque e navios de carga no Estreito de Ormuz.

Eles também podem atacar tropas e bases dos Estados Unidos no Iraque, na Síria e outras embaixadas na região, assim como atacar os aliados de Washington - Israel, Arábia Saudita e países da Europa. Segundo o analista Kim Ghattas, do Carnegie Endowment for International Peace, é difícil avaliar o que acontecerá a seguir.

(com AFP e ABr) 

Herói nacional e agora "mártir"

General Qassim Soleimani Foto: AFP
Desde 1998 à frente da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, General Qassim Soleimani (foto) era herói nacional e o mentor da estratégia militar e geopolítica do Irã. Muito próximo do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, já havia sobrevivido a várias tentativas de assassinato. Com sua morte foi elevado à condição de mártir.

A morte do general preocupa lideranças de todo o mundo e vão muito além do preço do barril de petróleo, que teve aumento de 3% nesta sexta-feira (3). O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, estima que o episódio "iniciaria uma guerra devastadora no Iraque". Para o presidente da Rússia Vladimir Putin, o assassinato ameaça "seriamente agravar a situação" no Oriente Médio.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que "o mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo". Inglaterra e Paris defendem uma solução pacífica, enquanto a China pede calma. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, por sua vez, apoiou os ataques. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro disse que poderá "tomar providência" se o preço do petróleo disparar. Evitou opinar sobre o conflito. "Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar nesse momento. Se tivesse, opinaria", disse.

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