Publicidade
O ataque feito pelo Irã ao avião de passageiros ucraniano remonta a outras tragédias na aviação que aconteceram nas últimas décadas. Outras aeronaves caíram devido a bombas infiltradas nas bagagens por terroristas, mas quando envolvem mísseis tendem a acirrar ainda mais os ânimos entre nações inimigas.
O caso mais famoso dos anos 80, em tempos de Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, envolveu um Boeing 747 da Korean Airlines que acabou interceptado por caças soviéticos, matando 269 pessoa e aumentando a tensão entre as duas superpotências nucleares. Na época, a União Soviética afirmou que não sabia que o avião era civil, classificando o fato como uma provocação dos EUA e ordenando o ataque. As circunstâncias foram agravadas porque, cinco anos antes, em 20 de abril de 1978, o voo KAL 902 também havia sido derrubado por dois caças soviéticos sobre a península de Kola, no Norte da então URSS. O incidente atraiu uma onda de protestos através do mundo, principalmente nos Estados Unidos.
O mais incrível é que, apesar das evoluções tecnológicas nos radares, aviões civis continuam sendo "confundidos" com aeronaves militares.
Confira as principais tragédias:
17 de julho de 2014: o Boeing 777-200ER da Malaysia Airlines foi derrubado por um míssil no leste da Ucrânia, a 40 km da fronteira com a Rússia, matando as 298 pessoas a bordo. A preocupação aumentou porque esse foi o segundo incidente da companhia aérea em menos de cinco meses, já que em março daquele ano havia desaparecido o voo 370, com 227 passageiros a bordo. Trata-se de um dos casos mais enigmáticos da aviação civil, pois nunca foi localizado.
4 de outubro de 2001: o Tupolev Tu-154 da Siberian Airlines que fazia a rota Israel–Rússia foi atingido por um míssil, caindo sobre o Mar Negro e matando todas as 78 pessoas a bordo. O míssil foi disparado da península da Crimeia durante um exercício militar ucraniano, fato que foi confirmado pelo governo russo.
3 de julho de 1988: um Airbus A-300 da Iran Air, voando do Irã para os Emirados Árabes, foi abatido nas águas territoriais do Irã no Golfo por dois mísseis disparados por uma fragata norte-americana. Todos os 290 passageiros morreram. Os EUA alegaram ter confundido o A-300 com um avião militar.
1º de setembro de 1983: o Boeing 747 da Korean Airlines partiu de Nova York rumo ao Aeroporto Internacional de Gimpo, mas após uma escala no Alaska, o piloto cometeu um erro e violou o espaço aéreo soviético. A aeronave acabou interceptada por caças soviéticos e caiu, matando 269 pessoas, incluindo o congressista norte-americano Lawrence McDonald.
20 de abril de 1978: o Boeing 707 da Korean Air Lines partiu de Paris rumo a Seul, Coreia do Sul. Após reabastecer no Alasca, voou muito para Norte, tendo sido alertado pelas Forças Canadenses. Apesar disso, acabou entrando no espaço aéreo soviético, tendo sido confundido com um avião militar RC-135 do Exército Norte-americano. Caças soviéticos interceptaram o Boeing, que não respondeu aos avisos de advertência. Porém, apesar de ter sido identificado como um avião de passageiros, o governo soviético ainda assim ordenou o ataque com um míssil, que causou danos numa das asas e na fuselagem. Mesmo com as sérias avarias, o piloto conseguiu seguir voando e pousou em um lago congelado próximo da fronteira com a Finlândia. Apenas duas pessoas morreram e 107 sobreviveram. Ironicamente, foram resgatadas com a ajuda de helicópteros russos.
