Astronomia perde o radiotelescópio de Arecibo, uma das mais importantes ferramentas de estudo do Universo
Equipamento, que até 2016 foi o maior do mundo, era usado na observação de planetas próximos e no monitoramento de asteroides que apresentavam risco de colisão com a Terra
A astronomia perdeu uma de suas mais importantes ferramentas para o estudo do Universo: o radiotelescópio de Arecibo, que com um prato refletor de 300 metros foi, até 2016, o maior do mundo – superado apenas pelo chinês Fast, com uma abertura de 500 metros.
Localizado em Porto Rico, o radiotelescópio de Arecibo não era famoso apenas por suas descobertas ou dimensão. Ele serviu de cenário para vários filmes – entre eles, 007 Contra GoldenEye.
Devido a problemas estruturais, o radiotelescópio já estava em vias de ser desativado. No entanto, após o rompimento de alguns cabos, ele acabou colapsando no dia 1º de dezembro.
"Este é mais um registro negativo a ser feito neste ano de 2020: o colapso do radiotelescópio de Arecibo. Um telescópio bastante importante para o estudo da radioastronomia, que é o estudo do Universo a partir das ondas de rádio", lamenta o doutor em física e professor do Instituto Federal de Santa Catarina, Marcelo Schappo.
Schappo é também coordenador do projeto de extensão Astro&Física, por meio do qual faz divulgações sobre física moderna e astronomia. Segundo ele, o radiotelescópio de Arecibo já vinha apresentando problemas desde agosto, quando o primeiro de seus cabos rompeu.
Maconha não faz mais parte da lista de drogas consideradas mais perigosas
Presidente da Sinovac admitiu pagamento de propina a autoridades, diz jornal
Campanha de Trump sofre novas derrotas jurídicas em contestações da eleição
O físico explica que esse radiotelescópio participava ativamente da observação de planetas próximos, bem como do monitoramento de asteroides que possam apresentar algum risco de colisão com a Terra. "Ele participou, inclusive, da detecção dos primeiros exoplanetas", acrescenta o físico, referindo-se ao radiotelescópio que foi construído entre 1960 e 1963 em um município homônimo a ele.
Segundo Schappo, a radioastronomia é uma área bastante rica da astronomia. "A gente está acostumado a ver apenas luz visível, que basicamente são as cores do arco-íris. A luz visível são ondas eletromagnéticas, que fazem parte de um conjunto muito maior de ondas eletromagnéticas, que se chama espectro eletromagnético", disse.
Nesse sentido, acrescenta o físico, a astronomia moderna observa o Universo e os fenômenos astronômicos a partir das diferentes faixas das ondas eletromagnéticas. "Infelizmente Arecibo nos deixa na mão. Mas, por outro lado, existem sim outros radiotelescópios em operação na Terra, que vão certamente seguir o legado de informações que ele proporcionava", complementa.