"A concepção do presídio é de retomar o cidadão. O estudo é um meio de se fazer isso". A declaração do juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) de Novo Hamburgo, Fernando Noschang, reforça a importância da implementação do projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Instituto Penal de Novo Hamburgo (IPNH). Conforme o diretor da casa de detenção, Diego Furtado Linhares, 20 detentos estão estudando à noite, entre segunda e sexta-feira, em escolas regulares, junto com alunos da comunidade.
Oportunidade
Para Noschang, o EJA para detentos "talvez seja a oportunidade que eles não tiveram antes do mundo do crime. Têm a possibilidade de obter certificado de ensino fundamental e médio, o que será importante para o mercado do trabalho". Ainda segundo o magistrado, é um projeto piloto que se pretende ampliar.
"O requisito é que estejam trabalhando. Saem pela manhã para o trabalho, terminam a jornada de trabalho e vão para os estudos, retornando à noite para o Instituto Penal. Em todos os horários, há atividades para presos do semiaberto, encaminhando-os para a ressocialização. Houve uma experiência há alguns anos, agora foi retomado com algumas orientações para evitar que tenham recaída", explica. No projeto, Noschang destaca que um detento se responsabiliza pelo outro e todos pelo grupo. "Isso faz com que se auxiliem mutuamente, evitando que percam a oportunidade."
Recomeço
Quem está aproveitando essa chance é um homem de 45 anos de idade. "Sou de uma família de 15 irmãos, 11 homens e quatro mulheres. Meu pai saiu de casa. Para ajudar minha mãe, comecei a trabalhar e parei de estudar. Agora, cumprindo a pena por um erro que cometi, recebi a oportunidade de voltar a estudar. É um recomeço, a oportunidade de aumentar a chance de encontrar um trabalho quando eu sair daqui."
Colaborou: Cristiano Santos
Conforme o Depen, estão previstas ações de qualificação profissional e tecnológica, cultura, esporte e entre outras, voltadas às pessoas em situação de prisão no Brasil, em cumprimento de alternativas penais, monitoração eletrônica e ainda egressas do sistema prisional. As ações educacionais são executadas diretamente pelos Estados e pelo Distrito Federal, com apoio e fomento do Ministério da Justiça e Segurança Pública e do Ministério da Educação. As secretarias estaduais, municipais e distrital de Educação articulam a oferta educacional juntamente com as secretarias estaduais responsáveis pela administração penitenciária, ampliando as ações da rede pública de ensino para o sistema prisional brasileiro.
As classes de EJA, de ensino fundamental e ensino médio, que funcionam nas unidades prisionais são vinculadas a uma escola estadual mais próxima à unidade prisional, como prevê a Resolução Conjunta 2/2016.
Em todos horários, há atividades para presos do semiaberto, encaminhando-os para a ressocialização.
São 20, atualmente, mas outros detentos já manifestaram interesse em também estudar.