Apenas 22 segundos de vídeo foram suficientes para provocar a saída do maestro da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH), Lincoln da Gama Lobo. O músico participou domingo (19) de um ato em enfrente ao 19º Batalhão de Infantaria Motorizado, em São Leopoldo. Manifestações semelhantes ocorreram em várias localidades do país e tinham como foco pedir a retomada das atividades comerciais, bem como demonstrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Entre outras pautas até mesmo a intervenção militar foi reivindicada. “Fora STF, fora Congresso Nacional. Bolsonaro presidente”, disse.
Após a repercussão negativa do caso, que levou até mesmo o então maestro a apagar a publicação, sua permanência no cargo ficou insustentável. “Em primeiro lugar, quero dizer que, como cidadão, reservo-me o direito de opinião e de expressão. Em segundo lugar, como maestro da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, quero pedir desculpas pelo constrangimento causado a entidade em razão da minha manifestação nas redes sociais no dia 19 de abril do ano corrente”, escreveu Lobo.
“Dito isto, exonero-me imediatamente do cargo de maestro da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, cargo este que exerci com muito orgulho, respeito e dedicação, assumindo total responsabilidade sobre os meus atos, eximindo a entidade de qualquer responsabilidade sobre os mesmos”, complementou, em comunicado divulgado em sua página no Facebook.
A demissão foi aceita pelo Instituto Arlindo Ruggeri (IAR) e oficializada no começo da tarde desta segunda-feira (20). Procurado, Lobo não atendeu as ligações da reportagem para comentar o episódio.
A Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo acabou sendo envolvida em mais uma polêmica. No início do mês, após publicação feita pela vereadora Patrícia Beck (PP) questionando o termo de parceria - que existe de 1962 - entre o Município e a OSNH, que destinará ao grupo R$ 625 mil para sua manutenção anual.
A parlamentar ingressou com ação popular na Justiça e conseguiu a suspensão dos pagamentos, por meio de decisão liminar, que seriam feitos dentro do período de pandemia. A iniciativa recebeu críticas por parte do secretário municipal da Cultura, Ralfe Cardoso, e também da classe artística do Município.
A OSNH conta com 45 profissionais, sendo 33 músicos, que promovem além de apresentações ainda realizam oficinas no Centro de Referência em Assistência Social.