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Notícias | Novo Hamburgo Recomeço

Oficinas de crochê ajudam na ressocialização de jovens internos do Case-NH

Atualmente, mais de 30 jovens participam das oficinas e alguns já se tornaram artesãos profissionais. Parte do lucro das vendas é revertida aos adolescentes e a outra parte retorna às oficinas para a compra de matéria-prima

Publicado em: 10.09.2020 às 13:06 Última atualização: 17.03.2022 às 08:58

Atualmente, mais de 30 jovens participam das oficinas e alguns já se tornaram artesãos profissionais. Parte do lucro das vendas é revertida aos adolescentes e a outra parte retorna às oficinas para a compra de matéria-prima
Atualmente, mais de 30 jovens participam das oficinas e alguns já se tornaram artesãos profissionais. Parte do lucro das vendas é revertida aos adolescentes e a outra parte retorna às oficinas para a compra de matéria-prima Foto: Defensoria Pública do RS / Divulgação

O crochê tornou-se um aliado nos aspectos psicológico, social e econômico para os jovens internos do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Novo Hamburgo. Um projeto realizado há de mais de cinco anos pela instituição por meio de oficinas ofertadas pelas socioeducadoras da unidade de internação ensina os adolescentes a arte do crochê.

Atualmente, mais de 30 jovens participam das oficinas e alguns já se tornaram artesãos profissionais. Parte do lucro das vendas é revertida aos adolescentes e a outra parte retorna às oficinas para a compra de matéria-prima. Por meio do projeto “Mãos que Sonham”, os internos fabricam toalhas, tapetes, centros de mesa e, há pouco mais de dois anos, fabricam amigurumis, bonecos feitos de crochê. Os produtos já foram expostos em feiras locais e no Centro Administrativo de Novo Hamburgo.

A Defensoria Pública apoia o projeto que tem contribuído para a redução do índice de reincidência dentro do Case, e busca arrecadar dinheiro e/ou matéria-prima, como linhas e agulhas de crochê e revistas especializadas, para doação aos adolescentes integrantes do projeto. De acordo com a defensora pública que atua no Case-NH, Deisi Sartori, a prática tem se mostrado efetiva por criar um novo paradigma na vida dos internos, possibilitando a projeção de um futuro diferente através da realização de uma atividade profissional que gere renda durante e após o período de internação.

“Na hora que eles tramam as linhas, eles tecem as próprias emoções. Eles abrem novos caminhos, enxergam possibilidades que antes eles não enxergavam. Trabalham a própria auto estima e tem, no crochê, a possibilidade de uma profissão. A prática também trabalha a questão de gênero, de que não há coisas só de homens ou só de mulheres. Ensina os guris a respeitarem e valorizarem as mulheres, suas mães, suas companheiras. Tem tido efeito incrível na vida deles”, afirmou Deisi, que também explicou que a atividade colabora para dissipar as sensações angustiantes da privação de liberdade.
“A gente mostra que existem maneiras de ganhar dinheiro de forma honesta. Para eles, é um recomeço. É sonhar e realizar uma vida diferente”, disse a socioeducadora do Case-NH e oficineira, Yasmin Vitória Vieira.

Doações

Por conta do isolamento social acarretado pela pandemia de Covid-19, os produtos fabricados pelos adolescentes não estão sendo vendidos com a frequência de antes. Assim, não estão gerando renda suficiente para a compra de material para a confecção de novos produtos. A fim de arrecadar donativos para a compra dos insumos e seguir com o projeto, o Case-NH está recebendo doações. Interessados em ajudar podem entrar em contato pelo email: maosquesonhamnocasenh@yahoo.com

Oficinas também em Osório

Artesanatos criados pelos apenados já foram expostos em eventos das cidades de Tramandaí e Porto Alegre
Artesanatos criados pelos apenados já foram expostos em eventos das cidades de Tramandaí e Porto Alegre Foto: Ascom Seapen/Susepe

Em funcionamento desde agosto de 2012, a oficina de trabalho da Penitenciária Modulada Estadual de Osório (Pmeo) oferece oportunidade de aprendizado e qualificação para o mercado de trabalho para pessoas que cumprem pena no regime fechado.

Ao longo desse período, mais de 90 apenados participaram dos cursos oferecidos nas oficinas. Na fábrica, são ouvidos os sons das oito máquinas de costura, adquiridas a partir de um projeto elaborado pelo setor técnico da casa prisional e disponibilizado pela Vara de Execuções Criminais de Osório e de Tramandaí. Em silêncio, os apenados costuram o recomeço de sua vida, após viverem a experiência do aprisionamento.

"Nos sete anos em que coordenei a oficina de patchwork, percebi que as pessoas inseridas no trabalho prisional não reincidiram no crime", afirmou o apenado Cláudio (os nomes dos apenados são fictícios).

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