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A violência contra a mulher normalmente está dentro de um ciclo que tem seu pior desfecho quando chega ao feminicídio. Infelizmente nem ataques de companheiros e ex-companheiros contra a vida da própria mulher são suficientes para que esse ciclo finalize.
Nesta semana agentes da Delegacia de Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Novo Hamburgo realizaram a prisão de um homem de 33 anos por tentativa de feminicídio contra sua ex-companheira, de 28 anos. É a segunda vez que ele é preso, pelo mesmo motivo e contra a mesma vítima.
O ataque mais recente aconteceu no dia 10 de janeiro. A vítima estava em casa com algumas amigas, quando o homem chegou ao local armado, realizou um disparo contra a ela e fugiu em seguida. O tiro entrou pelo pescoço da mulher e saiu nas costas da vítima. Por sorte a bala não atingiu a coluna e nenhum órgão.
Dez anos antes, em 2011, aconteceu a primeira tentativa de matar a ex-companheira, conforme a Polícia. Na ocasião o homem atirou duas vezes contra a mulher. Os tiros a atingiram no peito, o que resultou na perda de um dos pulmões. "Ele é um homem extremamente perigoso, é parte de uma organização criminosa, com passagens por tráfico, roubos", observa a delegada Raquel Peixoto.
O homem foi preso na última terça-feira (2), em Capão da Canoa, para onde fugiu após o crime. Os agentes faziam buscas pelo acusado por descumprimento de medida protetiva contra uma outra mulher. O pedido de prisão pela tentativa de matar a ex já havia sido feito, mas aguardava definição da Justiça, que determinou a prisão quando o homem foi capturado no litoral, e assim permanece detido.
Mesmo com as duas agressões gravíssimas sofridas pela vítima, ela segue entre idas e vindas com o agressor. "É um caso gravíssimo. Ela vive em um ciclo de violência e nem percebe. Já levamos ela para a rede de apoio que existe e Novo Hamburgo e a situação se repete. Infelizmente é um caso que pode acabar em feminicídio", lamenta a delegada.
Ela explica ainda que a violência é um ciclo que precisa ser quebrado. "Começa com palavras, xingamentos, mas muitas mulheres não identificam isso como agressão psicológica. Depois eles partem para a agressão física. Aí vem a fase de lua de mel: ele pede desculpas, diz que não vai acontecer e a vítima acaba perdoando. Esse ciclo recomeça e tudo volta acontecer, cada vez com mais gravidade", pontua. A repetição também faz com que a vítima se sinta cada vez menos capaz de sair dessa situação e sem a rede de apoio, ficam ainda mais vulneráveis.
Somente em janeiro, 261 ocorrências foram registradas na Deam, cinco prisões efetuadas, 146 procedimentos remetidos e 56 medidas protetivas solicitadas. "Aumentou o número de registros e casos mais graves apareceram. Mas com reforço de agentes e trabalho integrado de órgãos de segurança aumentamos nossa efetividade. Hoje as vítimas vêm até nós e aceitam a ajuda da rede de proteção que temos na cidade", analisa a delegada.
Em Novo Hamburgo, a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) atende na Rua Júlio de Castilhos, 806, Centro, e pelos telefones (51) 3584-5805 e (51) 3584-5804. Montenegro e São Leopoldo são outras cidades da região com Deam.
Os contatos de todos os locais de atendimento à mulher vítima de violência podem ser encontrados em no site da Secretaria de Segurança Pública.
Denúncias podem ser encaminhadas pelo Disque Denúncia 181 e no WhatsApp da Polícia Civil - (51) 98444-0606.
O registro de ocorrência ainda pode ser feito por meio da Delegacia Online.
Em caso de emergência contate a Brigada Militar pelo 190.
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