Smed e Feevale de mãos dadas contra a discriminação
Convênio visa combater preconceitos nas escolas de Novo Hamburgo
Se escola é lugar de pluralidade, estudantes da rede municipal de Educação de Novo Hamburgo colocam, a partir de agora, o conceito cada vez mais em prática. Isso porque foi lançado, nesta quarta-feira (7), o convênio Educação Antisdicriminatória. Em uma parceria entre a Universidade Feevale e a Secretaria Municipal de Educação (Smed), o objetivo do projeto é combater diferentes tipos de preconceitos em ambientes escolares.
No primeiro momento, professores e gestores das escolas hamburguenses realizarão os processos de formação e sensibilização, sob a coordenação de pesquisadores da Feevale. Depois, os profissionais da Smed serão os porta-vozes da transformação, levando o conteúdo a cerca de 24 mil alunos da educação infantil e ensino fundamental. O tema também deve permear diferentes círculos na comunidade escolar.
Com a participação da secretária municipal de Educação, Maristela Guasselli, e do reitor da Universidade, Cleber Prodanov, a iniciativa foi apresentada durante reunião interna e on-line com as equipes diretivas das 89 escolas municipais. "É um privilégio estarmos de mãos dadas nesta ação. Entre tantos avanços tecnológicos que já estão disponíveis, ainda precisamos discutir e trabalhar temas como a cidadania, o respeito e a combate à discriminação", ressalta Maristela, sobre a parceria com a Feevale.
A secretária ainda frisa que o compromisso da rede será o de transformar cada escola em um território de propagação da empatia. "Como gestora da Educação Pública, destaco a importância de promover uma educação que garanta uma aprendizagem sintonizada com os direitos humanos", acrescenta.
"Efeito transformador"
Inicialmente, o projeto tem previsão de duração até 2024. Para Prodanov, o momento é de trazer elementos para a construção de uma política pública educacional antidiscriminatória. "A Feevale é uma instituição comunitária que tem compromissos com a sociedade. Esta iniciativa com as escolas municipais é extremamente importante e ataca a intolerância e o preconceito, problemas atuais da sociedade", frisa.
É com a sementinha plantada nesta quarta-feira que os envolvidos pretendem colher frutos no futuro. "A partir da educação antidiscriminatória, queremos trabalhar na mudança de comportamento com efeito transformador e duradouro."
Outro grande participante do projeto será o Grupo de Pesquisa Criança na Mídia. A professora Saraí Schmidt, que é a responsável pela coordenação com os pesquisadores, afirma que a ação promove a diversidade. "Ela envolve ações específicas e pontuais que visam à mudança de comportamento. A proposta é formalizar um convênio para o desenvolvimento de um programa piloto sem custos para os cofres públicos e significativo impacto social."
Visitação virtual de exposição fotográfica
Além das formações de professores e equipes diretivas da rede, a parceria ainda engloba a realização de visitações virtuais da exposição fotográfica Direitos Humanos no site criancanamidia.com.br. No endereço, é possível participar de um encontro guiado, no qual são expostos os 30 artigos com o retrato de alunos da rede pública e privada da cidade.
Números apontam que a situação é preocupante
Números apresentados em pesquisa da Fundação de Pesquisas Econômicas (Finep) apontam que a discriminação segue muito presente em ambientes escolares. Ao ouvir 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários de 501 escolas brasileiras, a Finep revelou que 99,3% das pessoas demonstram algum preconceito. Entre os mais comuns, estão os relacionados a pessoas com deficiência (96,5%), preconceito étnico-racial (94,2%), de gênero (93,5%), de geração (91%), socioeconômico (87,5%), com relação à orientação sexual (87,3%) e preconceito territorial (75,95%). O Brasil ainda ocupa o 1º lugar nas Américas em homicídios de pessoas LGBTs e assassinato de pessoas trans no mundo.