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Notícias | Novo Hamburgo DESCARTE INADEQUADO

Novo Hamburgo gasta R$ 500 mil por mês para retirar lixo irregular das ruas

Prefeitura faz o recolhimento dos descartes, mas problema é recorrente em cerca de 50 localidades do município

Por Joceline Silveira
Publicado em: 13.09.2022 às 08:30 Última atualização: 13.09.2022 às 16:31

Ao abrir a porta da residência, Ezequiel Pereira só enxerga lixo. Isso acontece porque um terreno no cruzamento entre a RS-239 e a Rua Farroupilha, no bairro São José, em Novo Hamburgo, tem sido usado para descarte irregular de entulho.

Cruzamento entre a RS-239 e a Rua Farroupilha no São José
Cruzamento entre a RS-239 e a Rua Farroupilha no São José Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

O local é usado como uma espécie de lixão e tem sujeira acumulada em vários pontos. Entre os resíduos, há lixo orgânico, móveis, material de construção, roupas, garrafas e outros objetos que podem acumular água e virar criadouro do Aedes aegipyti, mosquito que transmite a dengue, zika e outras doenças.

"Há anos, convivemos com o lixo espalhado no outro lado da rua. Durante o dia a Prefeitura e até mesmo os moradores limpam e de noite pessoas trazem lixo de outros lugares para largar ali", relata o morador.

O problema é recorrente. Adiante, ainda às margens da rodovia estadual, o lixo tomou conta de um trecho de 800 metros da rodovia e invadiu um córrego. No local tem de tudo: caixa de isopor, garrafas, pneus, sofás e muito mais. Além da sujeira e do mau cheiro, há ainda as queimadas provocadas por quem coloca fogo no lixo.

O soldador Paulo Cézar de Castro, 53 anos, passa pelo lugar diariamente e conta que viu os próprios moradores do bairro fazendo o descarte irregular. "Faço de bicicleta esse trajeto todos os dias e já vi gente atravessando a faixa (RS-239) e jogando lixo aqui ou colocando fogo. É muita falta de educação", disse.

Problema crônico

As secretarias do Meio Ambiente (Semam) e de Obras Públicas, Serviços Urbanos e Viários (Semopsu) informaram, em nota à reportagem, que realizam de forma periódica a fiscalização e a limpeza de locais utilizados como depósito irregular de lixo. O propósito é fazer a coleta de resíduos dispostos irregularmente nas vias e praças.

Cerca de dois milhões de quilos de lixo são retirados das ruas de Novo Hamburgo por mês. "Gastamos cerca de R$ 500 mil por mês para retirar esse lixo descartado irregularmente das ruas. Esse valor poderia ser gasto em outras ações, como obras pela cidade", explica a titular da Semopsu, Greyce da Luz. Por ano o gasto chega a R$ 6 milhões.

Segundo dados atualizados do Semopsu, há 49 focos crônicos de descarte irregular de resíduos mapeados na cidade.

Pontos complicados na cidade geram risco de acidentes

Um dos pontos com o problema recorrente de lixo irregular fica no bairro Ouro Branco. Quem passa pela Avenida Nações Unidas, no trecho entre as Ruas Guananas e Guarabu, precisa desviar do lixo que tomou conta da calçada e parte da rua. O local é um ponto conhecido de descarte irregular.

Segundo moradores, a limpeza é feita, mas não demora muito para a cena se repetir. Quem convive com toda a situação pede mais consciência da comunidade.

A sujeira também pode estar poluindo o Arroio Luiz Rau, que fica nas proximidades. "Aqui é um ponto de enxurrada que vai desaguar no Rio do Sinos", contou o funcionário de uma empresa que fica nas imediações.

Calçadas

A reportagem encontrou ainda zonas de descarte irregular nos bairros Santo Afonso (na Estrada Leopoldo Petry), Canudos (na Avenida Intermunicipal) e em dois pontos no bairro Ideal: na esquina da Rua Ipês com Acácias, onde restos de entulho e lixo doméstico atrapalham o fluxo de pedestres na calçada. O mais crítico ficava na Rua dos Eucaliptos. No perímetro industrial de quase 300 metros havia de tudo: sofás, pneus, restos de móveis, garrafas de vidro e comida, e até mesmo fraldas descartáveis usadas e sacos de cimento. "Estão transformando num lixão", afirmou o morador Ciro Russel. Conforme ele, o volume de descarte é tão alto que já prejudica o fluxo de veículos. "Agora estão largando os lixos literalmente no meio da rua, já causando acidentes com automóveis, pois à noite a rua é escura e sem visibilidade", comenta.

Denúncias

Em caso de flagrante, denúncias podem ser feitas através do telefone 3097-1990, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. Ou ainda no número do plantão da fiscalização ambiental (99645-7266), das 19 às 23 horas nas sextas, nos sábados do meio-dia às 23 horas, e domingos do meio-dia às 21 horas.

Ecopontos disponíveis

O poder público oferece soluções para evitar o problema do descarte irregular, como os ecopontos, onde as pessoas podem descartar objetos volumosos — como restos de galhos, eletrônicos, resíduos de construção civil — que não são coletados rotineiramente, tanto orgânicos quanto seletivos, em vez de colocá-los em local público.

A prefeitura dá o destino adequado ao material gratuitamente. A diretora de Limpeza Urbana da Semam, Cristiane Hermann, relata que só com a conscientização da população o problema será resolvido.

"Estamos todos os dias enxugando gelo, sempre voltando aos mesmos lugares que já foram limpos. Precisamos dessa sensibilização da comunidade de entender que existem dois Ecopontos em nossa cidade", diz ela.

Atualmente, há dois ecopontos em Novo Hamburgo, para resíduos de pequenas construções, móveis sem condições de uso e galhos oriundos de podas autorizadas:

Ecoponto Zona Leste (Canudos)

Endereço: Rua Estocolmo, 809. Aberto de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas, e aos sábados, das 7 horas ao meio dia.

Ecoponto Zona Sul (Santo Afonso)

Endereço: Avenida Montevideo, 520. Aberto de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas, e aos sábados, das 7 ao meio-dia.

Eletrônicos

Quanto ao descarte de eletrônicos, que não podem ser descartados nos Ecopontos, a cooperativa Univale, ligada ao Programa de Gestão de Resíduos Sólidos (Catavida), executa serviços de recolhimento de lixo eletrônico e eletrodomésticos. Para agendar a retirada dos materiais ou informações a população pode ligar para o número (51) 98504-6931.

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