Veja novamente o que pensam os candidatos ao governo do Estado em debate no Grupo Sinos

Segurança, infraestrutura, educação e privatização do Banrisul foram alguns dos temas que marcaram o debate realizado na manhã de quarta-feira (14) na sede do Grupo Sinos, em Novo Hamburgo.

Mediado pelo jornalista Cláudio Brito e com apoio institucional da Faccat, Sindilojas Novo Hamburgo e Teevo, o debate contou com a participação de sete candidatos ao governo do Estado: Argenta (PSC), Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT). Edegar Pretto (PT) havia confirmado presença, mas, no último domingo, abriu mão de participar do debate alegando incompatibilidade de agenda.

Com direito a um pequeno bandeiraço de apoiadores no lado de fora, os candidatos começaram a chegar à sede do Grupo Sinos pouco antes das 8 horas e às 8h30 foi iniciado o programa ao vivo na Rádio ABC 103.3 FM e, em imagens, nas plataformas digitais do Grupo Sinos. Os postulantes ao cargo de governador destacaram necessidades regionais. Investimento em educação técnica, nas rodovias que atendem a região e em saneamento básico foram alguns dos temas presentes durante as duas horas e meia de encontro. Advogados do Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral (Igade) ficaram responsáveis por avaliar pedidos de direito de resposta, mas não precisaram ser acionados.

Críticas e tabelinhas

Foram poucos os momentos de tensão no diálogo entre os concorrentes. Líder nas pesquisas de intenção de voto feitas até aqui, o ex-governador Eduardo Leite buscou defender seu governo enquanto os adversários se revezavam em críticas. Mas mesmo os concorrentes demonstraram pouco ímpeto nas críticas, com exceção de Onyx Lorenzoni, que buscou em alguns momentos vincular Leite ao PT, partido que fez oposição à gestão do tucano. Jobim, por sua vez, também se destacou por críticas mais ácidas ao ex-governador, mas sua pauta privatista acabava sendo um ponto de encontro com Leite.

Com a ausência de Pretto, coube a Vieira da Cunha e Bogo serem os nomes mais à esquerda presentes no debate. Os dois chegaram a tabelar em alguns momentos quando falaram sobre o tema da educação, e no caso do pedetista, ainda sobrou tempo para criticar a ausência de Pretto no encontro.

Argenta manteve durante todo o tempo uma defesa de redução de entraves ao empresariado no Estado e insistiu em uma pauta nacional, no uso de recursos das reservas cambiais para o financiamento de políticas públicas - uma pauta que cabe ao governo federal.

Checagem do debate

'Grupo Sinos Explica' verifica declarações de candidatos ao governo do RS durante debate

Durante todo o programa os candidatos apresentaram diversos dados e números. A equipe do "Grupo Sinos Explica" trabalha desde então para checar estas informações. Pelo critério de seleção do grupo formado por três jornalistas, foram escolhidas as frases que citam dados, projetos, leis ou fatos registrados publicamente. Afirmações de caráter opinativo, promessas e previsões foram desconsideradas.

O resultado dessa operação será divulgado ao longo dos próximos dias nos veículos de comunicação do Grupo Sinos. O "Grupo Sinos Explica" é o único núcleo de fact-checking do interior do Estado. Com apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e do Google, a iniciativa reúne jornalistas especialmente treinados para checagem de fatos.

Assista ao debate entre os candidatos ao Piratini

Candidatos se posicionaram sobre temas de interesse regional

No primeiro bloco do debate do Grupo Sinos os candidatos tiveram que responder à pergunta elaborada pela produção do programa: qual a principal proposta em seu plano de governo com olhar para a Grande Porto Alegre e Vales do Sinos, Caí e Paranhana, região em que os limites das cidades se confundem, revelando mazelas como desordem habitacional, mobilidade, saúde e segurança pública?

Luis Carlos Heinze focou na questão da infraestrutura e transporte, destacando a necessidade de investir nas estradas e a criação de um bilhete único para os meios de transporte coletivo que ligam a região. Criticou que demandas de algumas escolas estaduais da região demoram a ser atendidas pelo Estado.

Argenta destacou que "o Brasil tem US$ 350 bilhões em reservas cambiais, temos que mudar o modelo de desenvolvimento e transformar em infraestrutura", disse. Jobim focou no tema da segurança. "Temos que parar de dar mão de obra paga com o nosso dinheiro das facções", destacou.

Vicente Bogo falou dos problemas da região e defendeu a criação de um projeto focado nas questões locais, destacando saneamento básico e saúde. Por sua vez, Onyx Lorenzoni listou problemas regionais da infraestrutura até a segurança e se mostrou contrário aos pedágios. "São avenidas intermunicipais", apontou.

Eduardo Leite defendeu seu governo com foco na infraestrutura. "Enviamos um projeto para investir R$ 180 milhões na BR-116, na região da Scharlau", afirmou o ex-governador. Vieira da Cunha focou no tema da educação. "Sou brizolista, a minha prioridade é a educação. Quero aqui reafirmar meu compromisso com a educação."

Temas locais

Outros temas regionais surgiram ao longo do debate, como por exemplo o projeto da RS-010, mencionada por Eduardo Leite. A Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha foi mencionada por Vieira da Cunha, que defendeu a ampliação do ensino técnico.

Orçamento para 2023

No mesmo dia do debate realizado no Grupo Sinos, em que os candidatos ao Piratini discutiram a aplicação de verbas e a necessidade de investimentos no Estado, o governo estadual encaminhou à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa).

"Embora o Estado tenha construído um cenário de equilíbrio fiscal, como expresso na Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado (LDO) 2023, que se mostrou fundamental para regularizar pagamentos atrasados, garantir investimentos recordes e permitir a redução de impostos desde 2021, é projetada uma perda de receita da ordem de R$ 4,4 bilhões brutos, em relação à previsão da LDO 2023", diz nota oficial.

O comunicado acrescenta: "O governo teve de rever a trajetória de equilíbrio expressa na LDO 2023 (elaborada em maio) para um novo cenário, que prevê um déficit orçamentário de R$ 3,7 bilhões no Ploa 2023."

A Lei Orçamentária Anual (LOA) foi entregue pelo governador Ranolfo Vieira Júnior, acompanhado dos secretários da Casa Civil (Artur Lemos), da Fazenda (Leonardo Busatto) e de Planejamento, Governança e Gestão (Claudio Gastal), ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira.

Críticas nas sequências de perguntas e respostas diretas entre os candidatos

O segundo e o terceiro blocos, quando os candidatos deram sequência à série de perguntas e respostas entre si, foram marcados pelo tom elevado de Onyx contra Leite, quando ele tentou colar a imagem do tucano ao PT, mesmo sendo esse partido de oposição ao governo.

A oportunidade para atacar surgiu quando o candidato do PL questionou Jobim sobre impostos. Onyx criticou o pedido de manutenção do ICMS majorado, enviado pela gestão Leite em 2020. Na época, a proposta recebeu apoio dos partidos de esquerda e oposição, como PT e PSol.
"Por falta de apoio o então governador teve que se agarrar numa emenda do PT", lembrou Onyx, que também utilizou o tempo para nacionalizar o debate, defendendo o governo de Jair Bolsonaro (PL) e atacando as decisões do governador.

Jobim também criticou Leite: "Não tem uma explicação por que esse aumento de impostos por mais um ano foi praticado sob um argumento que não se justificou, que não existe. Cem por cento das vacinas foram encaminhadas pelo governo federal." Em outra sequência Onyx comparou o apoio petista e a majoração de ICMS a um "pacto com o diabo."

Jobim questionou Leite e cobrou uma posição clara do ex-governador sobre a privatização do Banrisul. O tucano iniciou sua fala se defendendo das críticas feitas por Onyx. Ao falar sobre a privatização, Leite não deu detalhes, mas apontou para privatização de um dos bancos estatais. "Não precisamos de três bancos de fomento como nós temos, o BRDE, o Badesul e o Banrisul. Privatização não é uma decisão do governador, a privatização é uma decisão da sociedade através da Assembleia Legislativa", defendeu Leite.

Situação das finanças gaúchas e parcerias para investimento na pauta

No terceiro bloco os candidatos puderam escolher a quem perguntar e coube a Bogo abrir a rodada questionando Eduardo Leite sobre as finanças do Estado, o que proporcionou a Leite uma chance de defender as medidas do governo.

"Quando assumimos tinha salários atrasados, hospitais recebendo com atraso, os fornecedores de medicamentos não estavam recebendo, estavam suspendendo fornecimento de medicamentos. Nós fizemos uma série de reformas, trouxemos as nossas despesas para dentro das nossas receitas", disse Leite, sem citar nomes. O ex-governador José Ivo Sartori é do MDB, partido do vice de Leite, Gabriel Souza.

Logo na sequência foi a vez de Leite perguntar e o candidato optou por fugir de um confronto direto com os principais concorrentes, questionando Argenta. O ex-governador então aproveitou para, usando o tema da infraestrutura, falar a respeito de investimentos na BR-116 e, mais uma vez, defender o investimento do Estado na estrada federal.

Onyx optou por questionar Heinze. Os dois aproveitaram para, mais uma vez, criticar duramente o governo Leite e exaltar a gestão de Bolsonaro.

Logo na sequência foi a vez de Vieira perguntar e o candidato do PDT escolheu Onyx se dizendo incomodado com a parceria dele com Heinze. "Onyx, eu não posso assistir a essa dobradinha aí dos dois, essa tabelinha dos dois candidatos bolsonaristas sem exercer aqui a minha crítica e indignação. Porque o senhor Jair Bolsonaro declarou primeiro que era uma gripezinha a pandemia. E depois, quando foi cobrado das medidas, disse que não era coveiro. Isso é um um desrespeito total a 680 mil famílias, 40 mil destas aqui do Rio Grande do Sul que perderam seus entes queridos", afirmou ele, fazendo um contraponto sem questionar Onyx. O candidato voltou a defender a gestão da pandemia por Bolsonaro.

O último a perguntar foi Heinze, que questionou Jobim sobre investimentos em ferrovias. O candidato do Novo defendeu a realização de parcerias com a iniciativa privada para destravar investimentos na área.

No quarto e último bloco os candidatos tiveram um minuto para considerações finais. Vieira da Cunha se despediu ressaltando os professores que compõem sua chapa e pediu votos para Ciro Gomes. Leite usou seu tempo para defender seu governo, dizendo que não está tudo errado "como dizem".

Onyx se apresentou como o candidato de Bolsonaro e listou propostas do seu governo. Bogo finalizou falando sobre investimentos em educação e saúde. Ricardo Jobim abordou a privatização do Banrisul e criticou o Fundo Eleitoral. Argenta terminou lembrando que não usa Fundo Eleitoral e criticou o desperdício de recursos públicos.

Algumas propostas dos candidatos

"Transformar o Brasil num canteiro de obras, numa geração de emprego acelerada, porque isso que vai trazer um novo ânimo para os gaúchos e transformar o Rio Grande no melhor estado do
Brasil. Temos que ser propositivos. Dar o exemplo para todo o Brasil. E essa proposta, gente, ela é extremamente viável."

Argenta (PSC)

"Uma outra obra importante é a RS010, por exemplo, uma alternativa à 116. O estudo de viabilidade técnica ambiental foi contratado no nosso governo, está sendo concluído até o final deste ano e aí vamos passar um próximo governo para elaboração do projeto de uma alternativa
viária."

Eduardo Leite (PSDB)

"Vou fazer parceria com as prefeituras, pagar hora extra pro policial civil, pra Brigada Militar. Só isso eu boto mais de quatro mil pessoas na rua. Isso é importante, vou fazer a inteligência que nós temos que ter hoje, um governo moderno integrando as forças policiais do Estado, do município e federais."

Luis Carlos Heinze (Progressistas)

"Primeiro a EGR termina no meu primeiro semestre de governo porque não serve pra nada, só cabide de emprego e já há suspeita de corrupção também. Segundo, é importante lembrar que as nossas rodovias são avenidas intermunicipais. Então não faz nenhum sentido elas serem
pedagiadas."

Onyx Lorenzoni (PL)

"Eu vou escolher a segurança pública como resposta. Estou vendo aqui a capa do Jornal NH, sentença de cinquenta anos para chefe de facção do Vale. Vou falar de facções. Nós temos que parar de dar mão de obra paga com o nosso dinheiro das facções. Não adianta a gente dizer que a polícia prende pro judiciário soltar."

Ricardo Jobim (Novo)

"O primeiro passo é nós desenvolvermos um projeto junto com as nossas instituições, a Faccat, Feevale, Unisinos, as universidades de Porto Alegre, outras instituições, os Coredes da região pra nós organizarmos um projeto que identifica todos os problemas atuais e as soluções que vamos
querer."

Vicente Bogo (PSB)

"É a educação que emancipa, a educação que transforma, educação que liberta, é a educação que faz inclusive com que os índices de violência diminuam. Pela segurança pública e pela geração de emprego e renda. Esses são os nossos compromissos prioritários com essa região e com todo o povo gaúcho."

Vieira da Cunha (PDT)