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Notícias | Novo Hamburgo INVESTIGAÇÃO

Inquérito contra médico de Novo Hamburgo por mortes e mutilações deve ter semana decisiva

Se número de denúncias estabilizar, documentos apreendidos serão enviados à perícia nos próximos dias

Por Silvio Milani
Publicado em: 25.12.2022 às 20:56

A Polícia Civil vai monitorar durante a semana o fluxo de novas ocorrências contra o médico de Novo Hamburgo João Couto Neto, 46 anos, para definir o encaminhamento do inquérito. Se o número estabilizar, os documentos apreendidos serão enviados à perícia nos próximos dias. Se continuar em elevação, o titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP), Tarcísio Kaltbach, pretende se reunir com o Ministério Público para definir os próximos passos da investigação. O cirurgião, que ficou em silêncio no depoimento, afirmou à reportagem que é inocente.

Policiais civis intimaram médico em casa na tarde do dia 12 de dezembro
Policiais civis intimaram médico em casa na tarde do dia 12 de dezembro Foto: Reprodução
Até sexta-feira (23), segundo o delegado, já tinham sido registradas 70 ocorrências – 11 de mortes em cirurgias e 59 de lesões, com perfurações e mutilações de órgãos – sendo que na segunda-feira (19) eram 54. Na tarde do último dia 12, quando cumpridos mandados na casa do médico, no Centro de Novo Hamburgo, no consultório, no Centro Clínico Regina, e no Hospital Regina, onde eram concentradas as cirurgias, o total era de 14 casos - cinco de homicídios e nove de lesões.

"Não esperávamos esse expressivo aumento de casos, que aconteceu após divulgação na imprensa", reitera Tarcísio. Há mais depoimentos de supostas vítimas e familiares de pacientes mortos para esta semana, mas não com a demanda da anterior. O indicativo de estabilização, porém, não é uma certeza em razão da época do ano. O delegado não quer que a investigação se torne um "inquérito infindável". A tendência é que o médico seja indiciado por homicídio com dolo eventual (quando o acusado assume o risco) e lesões corporais. Dessa forma, iria a júri.


"Ética"

Suspenso de operar por 180 dias por determinação da Justiça, Couto adotou o silêncio por orientação do advogado. A única manifestação foi no dia dos mandados, à reportagem do Jornal NH. "A morte e a doença infelizmente fazem parte da minha profissão. Pautei toda minha vida profissional com ética e respeito aos meus pacientes."

Julho teve mais cirurgias

Conforme a investigação, julho foi o mês de 2022 com mais operações feitas pelo investigado no Hospital Regina: 118.

No mês anterior, um paciente de 60 anos havia morrido após cirurgia de hérnia que resultou em perfuração de intestino e infecção generalizada. "Após os depoimentos das vítimas, testemunhas e familiares, chamaremos também a equipe deste médico e os responsáveis pelo hospital", revela o delegado.

A instituição, em nota, reitera que está colaborando com as investigações. Frisa que Couto faz parte do corpo clínico, mas não possui vínculo empregatício ou contrato de prestação de serviço com o Regina. "O médico cirurgião utiliza a estrutura do hospital para exercício da sua profissão. O hospital não indicou nem elegeu o médico João Batista do Couto Neto."

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