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Notícias | Novo Hamburgo COMÉRCIO

Por que as lojas estão sumindo do Centro de Novo Hamburgo?

Comerciantes e entidades avaliam os motivos para a saída dos estabelecimentos da área central; entenda

Publicado em: 12.09.2023 às 03:00 Última atualização: 12.09.2023 às 13:31

Basta circular pelo comércio hamburguense, especialmente na área central, para perceber que há inúmeras portas de estabelecimentos fechadas. Nelas, adesivos anexados às vitrines indicam a disponibilidade para o aluguel.


Salas disponíveis para alugar se espalham pelo Centro de Novo Hamburgo | Jornal NH
Salas disponíveis para alugar se espalham pelo Centro de Novo Hamburgo Foto: Susi Mello/GES-Especial

Moradores das imediações dizem ter observado estabelecimentos comerciais fechando no Centro. A reportagem circulou recentemente entre as ruas Magalhães Calvet, conhecida como a Rua do Calçado, a Joaquim Nabuco e Lima e Silva, e registrou vários espaços, que antes abrigavam lojas, de portas cerradas.


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Em uma avaliação do cenário, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), salienta que o comércio de uma cidade não se limita à área central.

"Novo Hamburgo tem figurado em 2023 sempre entre as 10 cidades do Estado com maior constituição de empresas mensalmente, ficando na 7ª posição em julho, com 508 novos empreendimentos. E isso também tem se associado ao saldo positivo na geração de empregos com carteira assinada no primeiro semestre do ano, com o acumulo de 799 novos postos de trabalho", informa.

Relações de consumo

Outro ponto justificado pela Sedec é em relação às mudanças causadas pelo e-commerce. O Município exemplifica que, no País, as vendas no varejo digital cresceram 20,1% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022.

Além disso, o comércio em todo o País registra um cenário de incertezas e de resultados tímidos nos últimos meses.

"A Sedec, porém, não está inerte a este cenário e tem promovido ações para auxiliar os empreendedores. Desde a revitalização da área central, que trouxe uma nova realidade ao comércio de Novo Hamburgo, a Pasta tem colocado à disposição dos empreendedores não apenas do Centro, mas também dos bairros, uma série de soluções para aperfeiçoamento da gestão dos seus negócios para que consigam mantê-los em momentos como o vivido atualmente por meio do Programa Pacto pelo Futuro", informa por meio de nota.

Entidades apontam campanhas e qualificação

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Novo Hamburgo (CDL-NH) informa que notou o fechamento de empresas em Novo Hamburgo desde 2020.

Entre os motivos, apontados pela entidade, estão a mudança de endereço procurando um aluguel mais em conta visto as dificuldades encontradas no momento atual, mudanças de CNPJ, fechamento de empresa e inadimplência muito grande pela pandemia. Somado a esses aspectos estão juros altos, instabilidade política e economia instável.

"Quando o tema investimento é trazido em pauta, ocorre uma certa insegurança e cautela por parte de empresários, investidores e empreendedores", pontua a entidade, que, como alternativa, promove campanhas de incentivo ao comércio e um programa de desenvolvimento empresarial em parceria com o Sebrae.

O presidente do Sindilojas, Gerson Müller, estima que somente na Rua Lima e Silva, no Centro, 25% das salas comerciais estão fechadas. Motivos? As vendas nos negócios comerciais caíram em torno de 50% nos últimos anos, diante de crises econômicas mundiais no setor produtivo, que refletiram no desempenho no setor varejista. Somado a isso, ou até como alternativa de sobrevivência de negócios, as vendas pela Internet conquistaram cada vez mais seu espaço.

Mas, conforme Müller, a ordem é se reinventar. Diante disso, a entidade vem trabalhando na qualificação dos comerciantes com eventos de diferentes temas que auxiliem no desempenho dos mesmos.

Concorrência on-line

Em outubro deste ano, a proprietária do espaço Q, uma loja de lingeries, pijamas, moda fitness e recentemente de roupas para todas as mulheres, Quetter Stumpf, comemora um ano do espaço físico, na Rua Corte Real, no Centro hamburguense.

No entanto, a maior parte de suas vendas ocorrem pelo sistema BAG 24 horas, pelo qual as clientes podem escolher as peças no conforto da sua casa, além de vendas pelo WhatsApp ou Instagram, que serve como sua vitrine.

"Já pensei várias vezes em reestruturar meu negócio, até mesmo avaliando ficar somente com o digital, porque a concorrência é desleal na região. Além da crise econômica mundial, as vendas através de plataformas estão prejudicando, porque por alguns sites, por exemplo, o custo do produto é menor devido não haver cobrança de imposto. Outro ponto que dificulta é o estacionamento rotativo, no qual clientes reclamam e evitam chegar até o local."

As dificuldades que os comerciantes relatam

Comerciantes no Centro elencam aspectos que dificultam vendas e, por consequência, aceleram o fechamento de lojas: aluguéis altos, fatores econômicos, estacionamento rotativo e o avanço das compras on-line.

Há dois anos, a comerciante Kelly Rech da Silva, 32 anos, tem uma loja de roupas íntimas na Rua Magalhães Calvet e diante do seu espaço físico vê outros estabelecimentos fecharem as portas.

"Em nossa frente tinha um bazar grande, loja de roupas e lancheria. O bazar fechou, a de roupas foi para outra cidade e a lancheria para outro local", relata Kelly, ressaltando que aluguéis altos e o estacionamento rotativo como reclamações frequentes.

Na mesma rua, a empresária Jussara de Brito acredita que o estacionamento rotativo deveria ser um valor mais acessível ou instalar um parquímetro para não afugentar clientes.

O gerente de lojas de calçados, Douglas Santos, salienta que o consumidor também aprendeu a comprar pela Internet. "A pandemia e as obras de revitalização do Centro, afugentaram o cliente. Além do mais, os bairros cresceram e o Centro ficou castigado pelo estacionamento rotativo. O pessoal não vem muito ao Centro. Aos poucos estão matando o Centro."

Sobre o rotativo

A Prefeitura lembra que o estacionamento rotativo foi instituído pelas cidades, a exemplo de Novo Hamburgo, justamente para beneficiar comerciantes, além de tornar o acesso ao Centro mais democrático, permitindo a mais pessoas estacionar próximo às lojas.

"Sem o sistema, as vagas seriam ocupadas permanentemente pelas mesmas pessoas, aí sim fazendo cair o movimento nas lojas. E o Rotativo Digital veio para modernizar o sistema em Novo Hamburgo. A adesão tem crescido exponencialmente e já ultrapassa os 50 mil usuários", diz por meio de nota.

Susi Mello

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Susi Mello

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