ARTE NO MURO: Rua de Novo Hamburgo vira galeria de arte urbana
Reproduções de obras de 171 artistas foram colocadas ao longo de estrutura na tarde de segunda-feira
Aproveitando a trégua da chuva, um grupo de artistas plásticos se empenhava, na tarde de segunda-feira (8), para dar vida a um trecho da Rua General Osório, no bairro Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo, com reproduções de obras de 171 artistas. Com um pincel na mão e um balde, na qual diluíam cola em pó em água, fixavam os trabalhos num muro. Foi a terceira edição da intervenção urbana Arte no Muro.
As reproduções foram impressas em cartazes lambe-lambe, de 1,5 metro de altura por 1 metro de largura. "O lambe-lambe têm esse aspecto efêmero, com um 'prazo de validade', aqui as pessoas podem acompanhar a ação do tempo nas obras ao mesmo tempo que elas impactam no meio urbano", observa a fotógrafa e uma das idealizadoras da intervenção, Bala Blauth.
A ação é parte do projeto "Mesa de Arte na Praça, no Muro, na Rede, na Caixa", um desdobramento da Mesa de Arte na Praça (MAP), iniciativa idealizada e capitaneada pelo Coletivo A4 Falando em Arte. Nesta edição, além de artistas hamburgueses, reuniu representantes de Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti e Morro Reuter.
"A proposta é democratizar a arte. Levar para as ruas o que é produzido no atelier, o que é produzido aqui na região", define a curadora Ana Hauschild, uma das idealizadoras da ação ao lado das artistas visuais Andrea Hilgert, Magna Sperb, além de Bala.
A projeção é de que a galeria a céu aberto dure cerca de dois meses, podendo este tempo variar, conforme o impacto do clima sobre as colagens. Depois que o material for retirado, o muro será repintado.
Feito a partir da técnica de colagem o lambe-lambe mistura-se às paisagens urbanas da cidade e enche o cotidiano de poesia, cores e cenários diversos.
Espaço democrático
Entre os artistas que participam da exposição está o hamburguense Rafael Jung, 40 anos, que tem como marca presente em suas obras a técnica do grafite, cores vivas, formas geométricas e traços vetorizados, além da inspiração na natureza e também do cotidiano urbano. Para ele, o lambe-lambe tem uma relação direta com o grafite. "Os dois querem passar uma mensagem e, ao mesmo tempo, deixar uma marca na cidade. Mas o lambe foi feito para ser rápido, mas sem deixar a essência, a mensagem que aquela obra carrega", argumenta Jung. Na mostra urbana, o artista plástico participa com uma obra do seu personagem Panito, criado em 2010 e que se tornou uma característica de seu trabalho.
Além de nomes conhecidos como Jung, Anderson Neves, Cláudia Sperb, Ernesto Frederico Scheffel e do chargista, cartunista e artista plástico Gilmar Luiz Tatsch, o Tacho, a mostra dá espaço para quem está começando no mundo nas artes. "Ano passado, quando passei por aqui, pensei: eu quero estar neste muro. E hoje, olha só, estou", comemora a estudante de Design Jordana de Souza, a Yorudan.