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Notícias | País Relatório Coaf

Depósitos para ex-motorista de Flávio Bolsonaro eram próximos a dia de pagamento da Alerj

Ministério Público do Rio investiga movimentações atípicas em conta Fabrício José Carlos de Queiroz

Publicado em: 12.12.2018 às 11:07

Foto por: LG Soares/ Arquivo Alerj
Descrição da foto: O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)
Mais da metade dos depósitos em espécie recebidos por Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, aconteceram no dia do pagamento dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio ou até três dias úteis depois. Uma análise do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentações atípicas em contas de assessores e ex-servidores do legislativo, mostra que 34 das 59 operação financeiras seguiram a mesmo padrão. O restante ocorreu em até uma semana.

A análise foi feita pelo jornal O Estado de S.Paulo identificou que 15 depósitos em espécie na conta de Queiroz ocorreram nos mesmos dias de pagamento dos servidores da Alerj em 2016. Essas datas variaram a cada mês, por causa da crise do Rio, que levou a atraso nos salários, mas foram mapeadas através do cruzamento do relatório do Coaf com o cronograma de pagamentos da assembleia fluminense. Outros 19 depósitos na conta de Queiroz ocorreram em até três dias úteis após os funcionários receberem seus vencimentos.

Investigação

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) investiga movimentações atípicas em contas bancárias de 75 assessores e ex-auxiliares de 22 deputados estaduais fluminenses detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Um dos investigados é o ex-motorista Fabrício José Carlos de Queiroz, que trabalhou como assessor parlamentar do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

De acordo com relatório produzido pelo Coaf, revelado pelo Estado na quinta-feira passada, Queiroz movimentou de 1.º de janeiro de 2016 a 31 de janeiro de 2017, R$ 1,2 milhão. A quantia é considerada incompatível com as condições financeiras do ex-funcionário. O caso está sendo analisado pelo Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. É desse órgão a atribuição legal para analisar supostos crimes de deputados estaduais.

Depósito foi para quitar empréstimo

O ex-motorista, que atuava também como segurança, foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro em 15 de outubro deste ano. Queiroz, que também é policial militar, mas estava cedido ao Poder Legislativo, trabalhou para Flávio Bolsonaro por mais de dez anos, segundo nota divulgada pelo gabinete do parlamentar. O Coaf detectou que da sua conta saíram recursos depositados em nome da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Foram R$ 24 mil reais, segundo o relatório do conselho.

O deputado Flávio Bolsonaro afirmou na semana passada ter ouvido de Queiroz uma explicação para a movimentação atípica, mas se recusou a revelá-la, segundo ele a pedido do advogado de seu ex-assessor. O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou ter feito um empréstimo de R$ 40 mil a Queiroz, que teria saldado a dívida em parcelas com créditos na conta de Michelle. O ex-motorista não comenta o caso.

Com Estadão Conteúdo

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