Sem condições de criar os três filhos, a mãe de Antônio Nunes, o Tonho, de 35 anos, deu dois de seus filhos para adoção na década de 1980, em Blumenau, Santa Catarina. Como era o mais velho, Tonho ficou sob os cuidados da avó. O irmão do meio, Jefferson, foi localizado há cerca de três anos. Ainda faltava o irmão mais novo que, por ironia do destino, estava mais próximo do que Tonho podia imaginar.
Segundo o jornal O Município de Blumenau, a única informação que se tinha do caçula era a data de nascimento. A adoção, na época, foi informal, o que dificultava ainda mais a busca. A mulher que intermediou era uma cabeleireira que sabia apenas que a criança tinha pai adotivo com nome de João. Outra pista importante dada pela mulher é que ela havia encontrado o irmão em uma seção de votação em 2016.
Dono de uma revenda de gás, Tonho conheceu Maicon Luciani por meio de uma das clientes. Eles se encontravam regularmente e até ficaram amigos por quase uma década. No final de 2018, o empresário viu uma publicação de Maicon que estava à procura de emprego e o contratou em janeiro deste ano.
Em fevereiro, os dois viajaram juntos para Araucária, Paraná, para buscar um funcionário, quando aproveitaria para mostrar a operação de engarrafamento e carregamento de gás, algo que ele fazia com todos os novos contratados.
Ao longo do trajeto, um cacoete de Maicon chamou a atenção de Tonho, já que um tio também tinha o costume de dormir sem perceber. O caçula chegou a brincar que poderiam ser parentes distantes.
Ao voltar para Blumenau, no dia 14 de fevereiro, durante uma conversa, Tonho contou sobre a busca pelo irmão mais novo. Maicon comentou que o sobrenome da mãe biológica era Nunes. Os dois começaram a contar detalhes da história da família e chegaram à conclusão de que Maicon era o tão procurado irmão. Contou, inclusive, a que a adoção havia sido intermediada por uma cabeleireira.
“Nesse momento eu olhei pra ele e falei: ‘Gordo, tu és meu irmão, cara’. E ele achou que eu estava louco. Eu perguntei: ‘O nome do teu pai não era João? Tu não conheceu a cabeleireira no Cedup no dia das eleições?’ E a história fechou”, contou Tonho ao jornal.“Agora é uma vida nova. Estamos nos adaptando, pois ainda é tudo muito recente. A vida é uma caixinha de surpresas”, comemora Tonho.