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Notícias | País Medida

Governo vai resgatar brasileiros que estão em Wuhan, na China

Grupo vai ficar isolado por 21 dias e o governo enviará ao Congresso uma Medida Provisória (MP) que prevê procedimentos de quarentena em casos de epidemia

Por Agência Estado
Publicado em: 03.02.2020 às 08:29 Última atualização: 03.02.2020 às 08:36

Após pressão, o governo Jair Bolsonaro decidiu enviar um avião para resgatar os brasileiros sob quarentena na cidade de Wuhan, província chinesa de Hubei, epicentro do surto do novo coronavírus. Neste domingo (2), um grupo de brasileiros que vive na região divulgou vídeo na internet pedindo ajuda. O governo federal não informou o número de repatriados, mas a Embaixada do Brasil em Pequim estima haver 70 brasileiros em Hubei. O grupo vai ficar isolado por 21 dias e o governo enviará ao Congresso uma Medida Provisória (MP) que prevê procedimentos de quarentena em casos de epidemia.

Na semana passada, Bolsonaro descartava a repatriação, apontando risco aos demais brasileiros e a falta de uma lei de quarentena. O Ministério da Saúde apura 16 suspeitas de coronavírus, em cinco Estados, mas não há confirmação. Outro motivo alegado pelo governo era o alto custo do resgate.

"Desde o começo, olhamos com toda atenção o caso dos brasileiros. Não é propriamente que mudou. É que fomos vendo que havia essa possibilidade de repatriação", disse à reportagem o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Outros países, como Estados Unidos, Japão e França, já resgataram seus cidadãos em Wuhan.

O prazo de 21 dias segue protocolos internacionais, sob orientação do Ministério da Saúde, e os repatriados devem ficar em unidades militares. O tempo de incubação da doença é de até 14 dias. Ainda não há data nem custo definido para a viagem. A confirmação sobre o total de repatriados definirá o tamanho da aeronave. A ideia de fretar um avião de uma companhia aérea é considerada a melhor solução, porque estes jatos são maiores que os disponíveis na Força Aérea Brasileira (FAB). Isso permitiria não só trazer mais passageiros, como também voos mais longos.

Para o governo, o ideal é ter um avião com autonomia de cerca de 15 horas. Assim, seria necessária só uma escala. Um país se ofereceu para receber a aeronave, mas o governo não revelou qual. Os outros países que fizeram repatriação não tiveram necessidade de escala.

Até o momento, não há brasileiros em Wuhan diagnosticados com coronavírus. Se houver confirmação até o momento do embarque, as pessoas infectadas serão impedidas de entrar no voo fretado. O avião a ser alugado precisará ter alas separadas, para que seja possível isolar pessoas que apresentem qualquer tipo de sintoma durante o longo voo. Outra discussão é se os parentes que forem repatriados poderão ou não ficar juntos quando desembarcarem.

O envio da MP foi discutido no domingo entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Nosso entendimento é que pode ser MP, pois há relevância e urgência", declarou Maia à reportagem. Inicialmente, o prazo de isolamento previsto pelas regras internacionais para casos como esse era de 11 dias. Mas houve mudança de protocolo e o Brasil trabalha com a nova determinação, de 21 dias. Isso exigiu a criação de regras que obriguem ao cumprimento da quarentena pelos repatriados. Havia receio de que, mesmo assinando termos de compromissos, eles deixassem o local protegido. A MP evita ainda decisões judiciais que liberem os repatriados.

"Independentemente de qualquer coisa, é um alívio. A angústia estava forte", disse Rubens Santos, de 59 anos, pai da aluna da Economia Indira Santos, que está no isolamento chinês. Ela, de 34 anos, cursa doutorado em Wuhan há um ano. "Precisamos, como população, nos manifestar pela repatriação dos nossos." No domingo, um grupo de mais de 15 pessoas, homens, mulheres e crianças, divulgou na internet um vídeo de apelo a Bolsonaro "neste momento de dificuldade".

Com a indefinição do governo, alguns brasileiros recorreram a alternativas para deixar a China. Uma delas foi a jogadora de futebol Millene, de 25 anos, recém-contratada pelo Wuhan Xinjiyuan. Antes de estrear, a atacante foi surpreendida com o surto. Por ajuda de um intermediário, que tem cidadania portuguesa, a atleta conseguiu embarcar neste fim de semana no voo de repatriação a Lisboa.

Também no domingo, um avião chegou à França com 250 cidadãos europeus - além de franceses, havia checos e suecos. A Austrália planeja manter seus cidadãos em quarentena na Ilha Christmas, a 1,5 mil quilômetros do país.

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